Informação local
Bobos da aldeia global
Um leitor identificado incitou Tomar a dianteira 3 a dissertar sobre a notícia da repressão das crianças praticando skate frente à Câmara. Mostrou-se intrigado com as mais de 120 mil visualizações, já alcançadas pela peça sobre o tema, publicada no Tomar na rede. Compreende-se. Camões disse há cinco séculos que "mudam-se os tempos, mudam-se as vontades". É o que vai acontecendo, e de que maneira.
Aqui na cova nabantina, como é sabido, as pessoas viajam pouco e lêem raramente, o que se lastima. Muitos nunca sairam da "choldra lusitana". Ignoram portanto as mudanças do mundo. Mesmo as maiores, quanto mais agora as outras. Pior ainda, quando alguém se arrisca a tentar mostrar-lhes algumas dessas alterações, é mal aceite e intimamente maltratado. Prova disso é aquele comentário vingativo de uma leitora, perante uma curta enumeração de factos comprovados. "Não acredito!!!", escreveu a senhora. Como se a verdade e a realidade fossem questões de crença. De acreditar ou não. Não aceito !!!, queria ela dizer, levada pela sua evidente intolerância. Mas que remédio há, senão aceitar e procurar digerir. A bem ou a mal.
Neste caldo societal, o tal leitor intrigado ficou surpreendido com as 120 mil visualizações do caso dos skates, decerto porque não reparou anteriormente naquela outra notícia sobre o casal que comeu e não pagou numa casa de pasto local, também no Tomar na rede, que já ultrapassou as 245 mil visualizações. Caso contrário, já teria recalcitrado antes.
No entender de Tomar a dianteira 3, a situação é simples. Há por um lado, graças às redes sociais, e aos satélites de comunicação, a rápida transição de milhões e milhões de aldeias isoladas para uma só aldeia global, como previsto pelo canadiano Marshall McLuhan, ("O meio é a mensagem"), já lá vai mais de meio século, quando ainda nem havia computadores pessoais. Concomitantemente, passou-se da época dos bobos da corte, para a era dos palhaços globais, que somos todos nós, uns mais do que outros, quer queiramos quer não.
Antigamente, o bobo, ou bufão, era um funcionário encarregado de divertir o rei e a corte. Agora somos praticamente todos a procurar entreter os concidadãos da aldeia global, partilhando material na Net, nem sempre da melhor qualidade. Doravante, quem saiba usar adequadamente todas as redes sociais, (não é de todo o caso de quem escreve estas linhas, um ignorante sem qualquer formação escolar em informática), consegue de forma quase automática centenas de milhares, ou mesmo milhões de leitores, pelo menos em teoria. Porque visualizar não é o mesmo que ler e compreender.
Há que aceitar e adaptar-se à nova realidade, que vai mudando rapidamente, e na qual as redes sociais vão dominando o jornalismo em suporte papel, que está condenado. Se os tomarenses soubessem quantos leitores têm realmente os semanários locais...
Sem comentários:
Enviar um comentário