segunda-feira, 19 de junho de 2017

O candidato genuíno

Últimas semanas de Junho, exames nacionais, incêndios, tragédia de Pedrógão. É verão e já cheira a férias. Tempo para fazer o ponto da situação no que concerne às próximas autárquicas em Tomar. Porque daqui até Setembro poucos vão ligar a  tal tema.
Há seis candidaturas até agora. E nenhum programa. Tudo ao molho e fé em Deus, como dantes no futebol. Apenas dois lemas de campanha já conhecidos. Acreditar em Tomar, proclama o candidato PSD. Tomar no rumo certo, responde-lhe a candidata PS. Com a particularidade de usar um lema laranja:



Sabidos como julgam que são, os eleitores tomarenses já perceberam o básico. Há dois candidatos potenciais vencedores, porque encabeçam as listas usualmente maioritárias. Os outros quatro não passam de animadores de pista, em linguagem de circo. De vedetas americanas, em termos de espectáculo.
Bruno Graça tem obra, tanto antes como durante o mandato. Contudo, se a CDU conseguir manter o seu vereador, o que não vai ser fácil, dificilmente voltará a brilhar, seja qual for o vencedor. Caso seja o PS, não vai precisar dele, graças ao reforço prévio dos IpT, que terá resultado. Caso seja o PSD, é bem conhecida a sua alergia a coligações com a extrema esquerda, de resto correspondida pela CDU.
Das bandas do CDS, seria uma enorme surpresa caso conseguissem, ao fim de tantos anos, eleger sequer um vereador, quanto mais agora ganhar. Pode portanto o seu cabeça de lista asseverar que concorre para ganhar, e até estar convencido disso. As coisas são o que são.
Tem sido até agora um dos mistérios locais. Como é que numa terra com tantos contestatários jovens, ou que como tal se consideram, o Bloco de esquerda nunca conseguiu um resultado apresentável? Desta vez vai Luís Santos, ao que tudo indica mais para ornamentar, apesar de já ter avançado algumas ideias muito aproveitáveis.

 Foto Rádio Hertz (modificada)

Dos candidatos já conhecidos, Américo Costa é o único que não depende do Estado. Não ocupa nenhum lugar na função pública, nem é aposentado. Difere portanto de todos os outros. Vê a situação de fora para dentro, ao contrário dos seus adversários. Além disso, Costa é também o único candidato genuíno. Concorre por convicção, por paixão. Nunca esteve nem está num partido, o que não impede um longa actividade cívica. Tem no activo dezenas e dezenas de intervenções políticas como mero cidadão contestário. Entre elas a oposição à nova ponte da Levada, que o levou a impedir o vazamento de betão (ver foto). É também presença assídua nas reuniões do executivo camarário, onde exerce o seu direito de cidadania com toda a dignidade. 
Não acalenta ilusões. Já declarou que os seus objectivos são eleger um vereador e dois deputados municipais, para juntos defenderem o Nabão, o ambiente e os mais desfavorecidos. Nestas condições, é pouco provável mas o candidato do PTP pode muito bem vir a lograr uma surpresa, pois os eleitores que não são nem nunca foram funcionários, sobretudo os jovens, são bem capazes de acreditar nele. E se assim suceder, muita coisa vai mudar por aqui. Finalmente.

Já votou a favor ou contra o grafito Velhos do Restelo? É no ângulo superior direito.
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