No ensino secundário ensinava-se de Camões sobretudo os Lusíadas, mas também os seus sonetos. Um dos mais populares era então este, num país onde pouco ou nada mudava:
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança:
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía.
Luís Vaz de Camões, in "Sonetos"
Quatro décadas mais tarde, tudo muda, a uma cadência cada vez mais acelerada. Eis um exemplo bem actual:
 A capa reproduzida é de Dezembro de 2015
E então, qual é o problema, perguntarão alguns. Se problema há será de consciência e afectará unicamente quem a tenha. É, no entanto, sempre útil meditar estes versos de Rudyard Kipling:
Se és capaz de conservar o teu bom senso e a calma, 
Quando os outros os perdem, e te acusam disso, 
Se és capaz de confiar em ti, quando de ti duvidam 
E, no entanto, perdoares que duvidem, 
Se és capaz de esperar, sem perderes a esperança 
E não caluniares os que te caluniam, 
Se és capaz de sonhar, sem que o sonho te domine, 
E pensar, sem reduzir o pensamento a vício, 
Se és capaz de enfrentar o Triunfo e o Desastre, 
Sem fazer distinção entre estes dois impostores, 
Se és capaz de ouvir a verdade que disseste, 
Transformada por canalhas em armadilhas aos tolos, 
Se és capaz de ver destruído o ideal da vida inteira 
E construí-lo outra vez com ferramentas gastas, 
Se és capaz de arriscar todos os teus haveres 
Num lance corajoso, alheio ao resultado, 
E perder e começar de novo o teu caminho, 
Sem que  ouça um suspiro quem seguir ao teu lado, 
Se és capaz de forçar os teus músculos e nervos 
E fazê-los servir se já quase não servem, 
Sustentando-te a ti, quando nada em ti resta, 
A não ser a vontade que diz: Enfrenta! 
Se és capaz de falar ao povo e ficar digno 
Ou de passear com reis conservando-te o mesmo, 
Se não pode abalar-te amigo ou inimigo 
E não sofrem decepção os que contam contigo, 
Se podes preencher todo o minuto que passa 
Com sessenta segundos de tarefa acertada, 
Se assim fores, meu filho, a Terra será tua, 
Será teu tudo o que nela existe 
E não receies que te o tomem, 
Mas (ainda melhor que tudo isto) 
Se assim fores, serás um HOMEM. 
Rudyard Kipling 

 
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