quarta-feira, 14 de junho de 2017

JORNALISMO DE TOPO EM 8 QUADROS

Mesmo os faróis do jornalismo mundial têm os seus critérios editoriais, que nem sempre estão isentos de críticas, longe disso. Em França, o Le Monde, que continua sendo  o farol de toda a esquerda, apesar dos esforços do Libération, publicou uma edição especial sobre a primeira volta das legislativas. Tomar a dianteira 3 seleccionou 8 quadros dessa edição, para com eles tentar demonstrar que por vezes até os grandes jornalistas acabam publicando uma coisa mas dizendo outra bem diferente, devido ao alinhamento editorial. Ora faça o favor de ler:

 Na primeira página, a toda a largura, Macron sem oposição. Um record de abstenções.

Na página 6, igualmente a toda a largura, As ilusões perdida do partido Os Republicanos. François Baroin sonhava impôr a coabitação a Emmmanuel Macron. Uma esperança que levou uma banhada.

Na página sete, a elevada taxa de abstenção merece apenas duas colunas em cinco: Uma abstenção record fragiliza a legitimidade do escrutínio. Menos de um francês em cada dois foi votar.

 A extrema-direita de Le Pen tem direito a título a toda a largura da página 8: FN sofre um segundo fracasso. O partido de Marine Le Pen não tem condições para vir a formar um grupo parlamentar.


Mélenchon confirma a liderança à esquerda, é o título a toda a largura da página dez, com esta chamada: Apesar do reduzido número de vitórias potenciais, a França insubmissa ultrapassa de novo o Partido Socialista.


Ocupando toda a largura da página seguinte, este título demolidor: Ecologistas atirados de novo para a idade da pedra. Após um quinquenato que devia ser o da maturidade política, EELV - Europa Ecologia os Verdes paga as suas divisões e é varrido.


O enterro e a encomendação do PS estão a toda a largura da página 12: Solferino, ano zero [Solferino é o nome da Rua onde fica a sede do Partido Socialista Francês]. Após cinco anos de exercício do poder, o Partido Socialista corre o risco de desaparecer do mapa.

Contrastando com todas as outras notícias sobre as formações políticas, tanto a vencedora como as derrotadas, na parte de baixo da página 10, a mesma que fala de Mélenchon, aparece esta notícia praticamente necrológia a duas colunas, entalada entre anúncios legais obrigatórios e a conclusão da peça sobre a França Insubmissa:


O Partido comunista afunda-se
Era grande a decepção entre os comunistas, no passado domingo, após a primeira volta das eleições legislativas. "A divisão das forças de esquerda tem um custo muito elevado", opinou o secretário nacional do PCF, Pierre Laurent. "As forças que apoiaram Jean Luc Mélenchon [nas presidenciais] estavam agora em concorrência, devido às decisões tomadas pela França Insubmissa, o que é deplorável." Acrescentou que o resultado nacional do seu partido (2,7%) é muito baixo.
Em 2012, a Frente de Esquerda apenas conseguiu salvar dez deputados, tendo sido forçada a aliar-se com eleitos ultramarinos para conseguir formar um grupo parlamentar na Assembleia Nacional. No passado domingo, só oito candidatos comunistas ou apoiados pelo partido conseguiram passar à segunda volta, entre os quais três que já eram deputados: André Chassaigne, Marie-George Buffet e Nicolas Sansu.

Reza o adagiário popular que "quando vires as barbas do vizinho a arder, põe as tuas de molho."



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