Anabela Freitas apostou e ganhou
Escreveu-se aqui antes que era uma aposta arriscada marcar o comício de apresentação de candidaturas para a Praça da República. Noticia-se agora que Anabela Freitas apostou e ganhou. A vasta Praça da República não estava cheia, nem coisa parecida. Mas o comício esteve composto, com cerca de 300 presenças. Sem contar, bem entendido, com os clientes das esplanadas adjacentes, mas incluindo os IpT que não migraram para o PSD, ou para a CDU.
Foi evidente que o PS recorreu a profissionais para a longa campanha que agora começou. O cartaz grande de Anabela Freitas é muito apelativo e a fotografia mostra um olhar franco e envolvente, numa pose feliz. O que nem sempre é fácil. Que o diga o outro candidato principal.
O mestre de cerimónias e apresentador do comício revelou que sabe do seu ofício, coisa que nem sempre é comum nesta terra nem neste país. Apelou com habilidade para alguma animação com as bandeiras socialistas e lá foi indicando as figuras presentes. Além da prata da casa, um ministro, um deputado e alguns presidentes de câmara de concelhos limítrofes.
Foto Neila Araújo
Foto Neila Araújo
Faltou (e ainda bem que assim foi), o porco assado no espeto, para decepção de alguns, bem lembrados da recente apresentação da candidatura de Augusto Barros, no mercado municipal. Conquanto não seja proibido nem pecado, a experiência revela não ser nada conveniente misturar política com comezaina e tintol.
Ganha a aposta, está tudo bem no melhor dos mundos? Nem tanto. Continua a faltar um programa robusto, mobilizador, audacioso e adequado à cidade e ao concelho. Um golpe de asa. O voo de águia, nitidamente acima e bem acima dos pardais de telhado. Porque no fim de contas é sempre aí que tudo se decide. Salvo quando nenhum dos principais contendores tem ideias novas para apresentar, contentando-se com lugares comuns, frases feitas e a continuação do que está.
Atente-se -a outro nível, é certo- no acontecido nas recentes presidenciais francesas. Dizia-se que a Europa estava moribunda, que a França é ingovernável, que os funcionários públicos são intocáveis, tal como as leis do trabalho, pois o poder está na rua. Contra tais ideias, Macron foi extremamente corajoso. Proclamou-se a favor do fortalecimento da União Europeia, anunciou a redução de 100 mil funcionários em cinco anos e garantiu que ia simplificar as leis laborais. Ganhou folgadamente e está agora a fazer aquilo que prometeu.
Já os latinos diziam Audaces fortuna juvat. A sorte protege os audazes.
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