segunda-feira, 12 de junho de 2017

E foi assim mesmo

Há precisamente um mês, analisei nestas colunas, de forma sucinta, o novo contexto político em França. E vaticinei um resultado para Macron. Convido agora a reler essa análise. Sobretudo o último parágrafo. Os canais franceses acabam de mostrar as projecções para o primeira volta das eleições legislativas, as quais indicam uma muito larga maioria para o LRM, o partido de Macron, que pode eleger entre 390 e 430 deputados, para um parlamento com 577 lugares.
Para todas as outras formações  foi praticamente um desastre. As previsões apontam  máximos de 125 lugares para a direita moderada,  10 para a a extrema-direita, 21 para a extrema esquerda, 35 para o PS e 5 para o PCF. Estamos assim perante um fenómeno novo. Uma formação política que apresenta candidatos pela primeira vez, consegue arrebatar a maioria absoluta, e alcança mesmo a maioria de dois terços com os seus aliados do MODEM.


Vítima da governação tíbia de Hollande, o PS não conseguiu evitar a derrocada, enquanto o insubmisso Mélenchon se quedou pelos 11%, ainda menos que os 14% da Frente Nacional de Le Pen. E o PCF praticamente desapareceu.   A história repetiu-se.. A esquerda dura (leia-se PC) e a extrema esquerda alardearam triunfalismo, mas só até à contagem dos votos. Agora, terminada a contagem, fica como sempre prometido que para a próxima é que é.
Num aspecto, estas eleições legislativas foram muito semelhantes às últimas autárquicas no concelho de Tomar. Em ambos os casos a abstenção ultrapassou os 50%, um dado bastante preocupante, cujas causas conviria determinar com rigor. Uma vez que, diz o povo, a morte tem sempre uma desculpa, a esquerda triunfalista gaulesa já arranjou argumento: -Se não tem sido a abstenção tão elevada...
Concluindo, acertei em cheio e estou contente. Mas isso, embora me faculte mais alguma credibilidade em termos de análise política, não significa de modo nenhum que consiga ser assim tão certeiro quanto às próximas autárquicas em Tomar. Por dois motivos principais. Antes de mais porque analisei os escrutínios gauleses em função de dados em primeira mão, geralmente em francês. Não como fazem muitos periodistas lusos, forçados a recorrer às fontes e traduções em inglês, faute de mieux. Em segundo lugar, porque, como é bem sabido, "santos da casa não fazem milagres." E Tomar é a minha casa desde que nasci. Mesmo quando fisicamente estou longe daqui.

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