sexta-feira, 20 de dezembro de 2024



Divorciar freguesias casadas pela Lei Relvas

Comédia burlesca 

na Assembleia Municipal de Tomar

É bem sabido que, sobretudo nos países latinos e latino-americanos, a política tende por vezes para o folclórico, com eleitos nos papéis de comediantes, a irem para o espalhafato escusado. Foi o que aconteceu na AM de ontem, porque dentro de 10 meses há eleições e convém ir dando nas vistas.
Num país de pouco mais de 10 milhões de habitantes e com 308 concelhos, há milhares de Juntas de freguesia, cuja existência não tem grande justificação nos tempos que correm. Com as novas tecnologias, bastava um eleito ou um funcionário com o respectivo terminal informático, em contacto permanente com a Câmara.
Consciente de tal situação, Miguel Relvas conseguiu em tempos a aprovação na AR de uma lei de redução de freguesias, por união livremente consentida. Não foi nada fácil, mas algo se alcançou. Em Tomar, por exemplo, havia 16 freguesias e passou a haver só 11. Mas foi sol de pouca dura. Somos um país de pequenas rivalidades entre iguais, de forma que algumas dessas uniões livres cedo se revelaram problemáticas, de tal forma que houve necessidade de nova lei, permitindo o divórcio dos casados pela Lei Relvas.
Azar dos azares, nem todos os pedidos de divórcio foram aceites pela competente comissão da AR, entre os quais o da União de freguesias da Serra e Junceira, "um ninho de fachos" como dizia a extrema-esquerda, logo a seguir ao 25 de Abril. E houve comédia de má qualidade na recente sessão da Assembleia Municipal.
Para evitar mal entendidos, estamos a falar de uma união de freguesiaa com apenas 1,704 eleitores inscritos, alguns residindo na capital e inscritos na santa terrinha apenas por razões sentimentais. Nada contra, mas convém saber. De tal forma que, nas últimas autárquicas, 807 eleitores não votaram, 17 votaram nulo e 43 não fizeram a cruzinha, entregando o papel em branco. Por conseguinte apenas 837 votos válidos. E mesmo assim querem separar-se? Para haver dois presidentes eleitos com menos de 400 votos cada um, em vez do modelo actual? Tenham dó!
Sentindo-se ultrajado, o eleito da Serra-Junceira, um ex-policial da PJ, do melhor que há na actual AM, resolveu abandonar a sessão de forma espalhafatosa, em sinal de protesto. Está no seu direito, é evidente. Noutro país, e até noutro concelho, logo lhe teriam dito, à maneira espanhola, "no hay para tanto". Em Tomar, contudo, a evolução foi outra.
Atrapalhação evidente na bancada social-democrata,  e um brilharete deslocado do representante da CDU, que resolveu apresentar uma proposta no sentido de se discutir o caso da recusa da cisão, registado na Assembleia da República. A proposta foi aprovada, de forma que lá vamos ter mais algumas intervenções tipo "serrar presunto", uma vez que a CDU teve 20 votos na freguesia em 2021, e o BE 28. No conjunto, 48. Menos 23 que o Chega. Sem surpresas. Vai ser um debate sobretudo para "arranhar os tomates" aos social-democratas.
Com tantos problemas graves,  na cidade e nas freguesias rurais,  do saneamento ao estacionamento e do acolhimento ao equipamento, passando pela poluição do rio, a falta de limpeza pública e o mau estado dos jardins, é uma lástima assistir a cenas como esta da recente sessão da AM, com alguns dos melhores a desperdiçarem tempo com problemas menores. Se a isso juntarmos o péssimo sistema eleitoral que temos, o qual só permite escolhas em listas, compreende-se que haja cada vez menos votantes. Nas zonas urbanas, metade já não vota. Por este caminho, para onde vamos?


quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Durante anos, tomarenses que pensam têm-se interrogado, para além do punho da espada: Para onde vai o Gualdim com o processo na mão? O orçamento para 2025 agora em debate faculta a resposta. Vai-se queixar ao sr. vigário, mesmo em frente, porque o documento camarário não agrada nem ao menino Jesus, apesar de estarmos no Natal.

Orçamento municipal para 2025

Contas feitas, somos mesmo os pelintras da zona

"Desconfiando de tal versão, após ter lido as declarações de voto social-democratas, fui procurar perceber a situação geral na região. Comparando Alcanena com Abrantes, Ourém e Tomar, o orçamento oureense é de 78 milhões, o de Alcanena de 66 milhões, o de Abrantes de 62 milhões e o de Tomar de apenas 59 milhões. Ou seja, já fomos liderantes no norte do distrito. Agora estamos em 4º lugar quanto a orçamento. Mau sinal. Muito mau mesmo. Tem sido sempre a descer. E continua! como dizia o outro."
Se leu e descodificou o parágrafo supra, copiado da crónica anterior, ficou com uma ideia do posicionamento de cada uma das autarquias em relação à respectiva capacidade de investimento=despesa. O chamado efeito pulmão. Assim, Ourém destaca-se ao ascender ao 1º lugar na zona norte do distrito, enquanto Alcanena surpreende, ao colocar-se em segundo lugar.
Há contudo aquilo a que os economistas costumam chamar a ilusão dos grandes números. Ou seja, perante grandes números, a falta de hábito leva o leitor comum a conclusões incorrectas. Neste caso, por exemplo, fica-se com a ideia que Ourém e Alcanena estão bem acima de Abrantes e Tomar, quanto a despesa por eleitor inscrito. Será mesmo assim?
Dividindo o total do orçamento/despesa pelo número de eleitores inscritos, obtém-se como é lógico a despesa por eleitor inscrito. Efectuada a operação, eis os resultados:

ALCANENA 5.625€/eleitor inscrito
ABRANTES 1.962€/eleitor inscrito
OURÉM.......1.908€/eleitor inscrito
TOMAR.......1.740€/eleitor inscrito

Afinal, ao contrário da ideia inicial, só Alcanena se destaca nitidamente, prevendo vir a gastar quase o triplo de cada um dos outros concelhos, caso o orçamento venha a ser executado na sua totalidade. No segundo grupo estão Abrantes e Ourém, com aquele a gastar um pouco mais por eleitor, apesar de como vimos Ourém liderar a série. Efeito da variável "eleitores inscritos". O total orçamentado por Ourém impressiona, por ser o mais elevado da zona, mas uma vez dividido pelo total de eleitores do concelho, representa afinal uma previsão de despesa por eleitor inscrito ligeiramente inferior a Abrantes.
E chegamos à nossa querida terra e aos nossos amados eleitos. Com uma despesa prevista de apenas 1.740€/eleitor inscrito, que é nitidamente a mais modesta da zona, certamente não iremos longe. Tanto mais que é bem conhecida a tendência da actual maioria para esbanjar em festas, festarolas e obras ornamentais, tudo para dar nas vistas e sem retorno transacionável. Os totais apurados mostram, quando comparados, que somos afinal, infelizmente e cada vez mais, os pelintras da zona norte do distrito. Desculpa lá ó Gualdim, mas é mesmo assim.




Orçamento municipal para 2025

Uma autarquia manhosa e esbanjadora 

mas pouco investidora

Parece um paradoxo, e pode bem ser mesmo o caso. A AM de Tomar vai debater e votar amanhã, 20 de Dezembro, o Orçamento para o próximo ano, que é de eleições autárquicas. O que quer dizer que a maioria socialista nabantina terá feito o possível para apresentar um orçamento à altura das circunstâncias. O actual presidente até referiu, n'O Mirante, que o dito orçamento representa um aumento de sete milhões de euros em relação a 2024. Tudo bem portanto? O MIRANTE | Tomar aprova orçamento de 58,8 milhões com destaque para habitação e obras nas escolas
Se fosse o caso, o PSD teria metido a pata na poça uma vez mais, dado que votou contra, situação algo rara em Tomar. Regra geral, a oposição laranja alinha com a maioria rosa, tipo Dupont e Dupont, e lá vamos indo cantando e rindo,  como no antigamente, quando havia unanimidade forçada.
Desconfiando de tal versão, após ter lido as declarações de voto social-democratas, fui procurar perceber a situação geral na região. Comparando Alcanena com Abrantes, Ourém e Tomar, o orçamento oureense é de 78 milhões, o de Alcanena de 66 milhões, o de Abrantes de 62 milhões e o de Tomar de apenas 59 milhões. Ou seja, já fomos liderantes no norte do distrito. Agora estamos em 4º lugar quanto a orçamento. Mau sinal. Muito mau mesmo. Tem sido sempre a descer. E continua! como dizia o outro.
-Má-língua. É só má-língua, vão alegar os PS locais e respectivos apoiantes à roda da gamela. Será mesmo? Na verdade, se Ourém que já teve menos população que Tomar,   e nos ultrapassa agora nitidamente, com 40 mil eleitores inscritos, contra apenas 33 mil, o que pode justificar o diferencial de mais vinte milhões orçamentados pelo concelho vizinho. Milagre de Fátima? Mas como explicar a nossa situação de dependentes do Estado, uma vez que mesmo Abrantes, com os seus 62 milhões orçamentados, tem menos eleitores inscritos ? (31.591 em Abrantes, 33,892 em Tomar)
Também aqui ao lado, Alcanena é um caso ainda mais significativo. Apresenta um orçamento de 66 milhões de euros, mais sete milhões que Tomar, e que é o segundo mais elevado da região, quando tem apenas 12 mil eleitores inscritos, muito menos de metade de Tomar. Há portanto aqui algo que não está a funcionar bem. Não bate a bota com a perdigota. Um concelho mais pequeno, com bem menos de metade dos eleitores, apresenta um orçamento superior ao de uma terra que gastou em 2023 milhão e meio de euros sem retorno com a sua festa grande, e a oposição limita-se a votar contra, sem mais comentários? Quem acode aos tomarenses de boa vontade?
Sem querer cravar ainda mais a faca na ferida, é-se todavia obrigado, para respeitar a verdade inteira, a acrescentar que em Tomar governa o PS desde 2013, tal como em Abrantes desde 1976, enquanto em Alcanena e Ourém o PSD é maioritário. Res non verba, diziam os nossos antepassados latinos. Factos, sem conversa fiada. 
Arranjaram tempo para ler e perceber, senhores da Assembleia municipal? Depois não venham com desculpas de ocasião, como é costume.


quarta-feira, 18 de dezembro de 2024


Realojamento dos ciganos do Flecheiro

Problemas por resolver que se vão agravando

Foi um grande sucesso o desmantelamento do acampamento precário do Flecheiro, consideram com razão os socialistas e respectivos apoiantes. Era uma das bandeiras do partido, cujos militantes se sentiam bastante incomodados com aquela ferida social na principal entrada da cidade, causada pelo presidente Luís Bonet, ao aceitar a mudança da Quinta de Santo André para o Flecheiro, em vez de expulsar os então nómadas do concelho, em conformidade com as normas nacionais da época.
Bem vistas as coisas, quase meio século mais tarde, o dito sucesso foi só aparente, ou pelo menos de curta duração. A óbvia falta de preparação impediu que fossem ponderadas todas as consequências, e elas aí estão. É do adagiário popular que "cadelas apressadas parem cães cegos", e neste caso foi o que aconteceu, em sentido alegórico, bem entendido.
Logo de início, com aquele entusiasmo típico dos neófitos pouco habituados ao trabalho intelectual bem estruturado, pensaram em três locais, para alojar outros tantos clãs -Róflin, Fragoso e Pascoal. E vá de encomendar um pequeno bairro em préfabricado pesado, para instalar nos terrenos anexos à ex-prisão da comarca.
Só depois os entusiastas municipais vieram a saber que a UE considera ilegais os bairros de uma só etnia, o que se compreende. Já não implementaram mais nenhum dos três antes previstos, optando então pelo realojamento nos bairros sociais pré-existentes, ou em habitações municipais recuperadas para o efeito, com todos os inconvenientes daí resultantes, que estão agora bem à vista do eleitorado, e incomodam seriamente as vizinhanças.
A tal ponto que forçaram os autarcas a solicitar às autoridades policiais que usem de compreensão para com a minoria étnica. Em resumo, um estatuto especial para os ciganos, para que tenham tempo para se integrarem, segundo o ponto de vista autárquico. Como se alguma vez nalguma localidade os ciganos em geral se tivessem esforçado no sentido da integração na sociedade em que vão vivendo.
O mal está agora consumado, havendo cada vez mais consequências desagradáveis, mas entretanto autarcas e funcionários superiores da área social não querem nem ouvir falar das nódoas que vão aparecendo e são cada vez mais frequentes. 
Longe de Tomar, em Bruxelas,  a UE continua a dizer que o agora chamado "bairro calé" é ilegal, porque só lá habitam famílias ciganas, enquanto a Câmara vai alegando que se trata de um Centro de acolhimento temporário. Temporário até quando? Onde estão os acolhidos não ciganos? E a troca de bola promete continuar.
Como se não bastasse, surgiu também a contestação de todo o processo de realojamento nos bairros sociais e outras casas camarárias, com acusações de compadrio e falta de respeito pela normas europeias, naturalmente equitativas, e com a autarquia a esquivar-se ao cumprimento do direito à informação, o que impede Bruxelas de obter os dados indispensáveis para poder aquilatar da conformidade com as regras da UE.
Se bem se entende, será a microdimensão concelhia a salvar a tripulação municipal do opróbio. Numa comunidade de trezentos milhões de habitantes, os serviços de fiscalização não podem perder muito tempo com concelhos minúsculos, de menos de 50 mil habitantes. E assim vamos definhando sem controlo real, rumo à irrelevância. 
Entretanto, coitados dos conterrâneos que padecem com vizinhanças indesejadas, geralmente barulhentas e pouco amáveis. Mas isto já é racismo, dirão os acólitos da gamela, enquanto não lhes toca directamente. Um bom Natal para todos, apesar de tudo, é o que sinceramente deseja Tomar a dianteira 3, que critica mas não odeia ninguém.







terça-feira, 17 de dezembro de 2024


Entradas gratuitas no Convento de Cristo

União Europeia não aceita borlas nos monumentos só para nacionais e residentes

Bruxelas exige fim de “discriminação” por museus gratuitos apenas para residentes – Observador

Estava-se mesmo a ver, mas somos quase sempre assim. Temos uma tendência doentia para a "esperteza saloia". Arranjamos soluções impecáveis para problemas insolúveis, que depois se verifica serem apenas ilegalidades manhosas. É o que está a acontecer agora com o Convento de Cristo e os outros monumentos geridos pela Empresa Pública Museus e Monumentos de Portugal, desde o ano passado.
Durante muito tempo, foi possível entrar de borla nos monumentos, aos domingos até ao meio dia. Veio depois a época da esperteza saloia, geradora de ideias luminosas. Só aos domingos de manhã era pouco. Melhor arranjar um bónus anual de 52 entradas gratuitas mediante registo prévio, mas só para nacionais e residentes. Os turistas estrangeiros que paguem, já que têm dinheiro para passear...
Foi sol de pouca dura. Bruxelas acaba de notificar o governo português de que iniciou um procedimento por infracção ao artigo 56º do regulamento comunitário, que se refere à livre concorrência, o que implica a igualdade de todos perante as leis. Ou seja, as entradas gratuitas nos monumentos e museus não podem ser só para nacionais e residentes. Ou são para todos, incluindo os turistas estrangeiros, ou deixam de existir e todos os visitantes pagam. Lá se foi o golpe genial da esperteza saloia. A notificação de Bruxelas refere-se ao regime imediatamente anterior, que sucedeu às borlas aos domingos de manhã. Mas como o actualmente em vigor não é  diferente no essencial, a empresa pública Museus e Monumentos de Portugal vai ter de acabar com a ilegalidade. Eventualmente repondo a situação anterior, com entrada gratuita aos domingos durante a manhã para todos os interessados.
Como uma desgraça nunca vem só, Tomar a dianteira 3 sabe, apesar de estar no hemisfério sul,  a sete horas de avião de Lisboa, que a mesma DG de Bruxelas continua a passar a pente fino todo o processo tomarense de realojamento dos ciganos do Flecheiro, que envolveu verbas europeias. Estão em causa o chamado Bairro calé, onde só residem ciganos, o que Bruxelas considera ilegal, e a igualdade de oportunidades para todos, durante os concursos para concessão de outros alojamentos sociais aos calés. Assunto para a próxima crónica de Tomar a dianteira 3. Esta já ultrapassa as 25 linhas, limite para a capacidade média do nabantino que gosta de ler. Textos simples, como referia há pouco um estudo internacional.


segunda-feira, 16 de dezembro de 2024


Autárquicas 2025

Se for ela 

é só mais um evento sacado da cartola...

A nível nacional, o PS já anunciou que os cabeças de lista do partido para as autárquicas de Outubro 2025, só serão conhecidos em Março. Assim, haverá tempo para sarar algumas recentes feridas internas, como a de Loures. É oficial que os actuais presidentes de câmara socialistas terão via aberta para a recandidatura, se assim o desejarem, mas a recente tomada de posição do presidente de Loures, pondo em causa a linha partidária em relação aos migrantes e outras minorias, tornou incómoda no PS a sua eventual recandidatura. E já depois, a Sanfona, em Alpiarça, também se alargou demasiado...
Enquanto isto, em Tomar continua o habitual deixa andar, que depois logo se vê. Autárquicas 2025? -Isso é ainda lá muito longe. Cada coisa a seu tempo. Só os mais preocupados com as coisas da urbe vão reparando que a complicada herança PS vai pesar muito na campanha e no voto. Obras falhadas, degradação evidente dos serviços públicos, abandono dos espaços verdes, outras  carências várias, os socialistas locais só podem apresentar como trunfo eleitoral o realojamento dos ciganos, realmente um êxito, porém com todos os inconvenientes inerentes. Os tomarenses (incluindo os da gamela) estão longe da unanimidade no que concerne à ida dos calés para os bairros sociais. Sobretudo os vizinhos. Daí, dúvidas sobre a futura candidatura PS, pois o realojamento foi oficialmente obra de Hugo Cristóvão, embora na realidade feito pelo pessoal do pelouro de Filipa Fernandes, entretanto também das obras e da vice-presidência, numa ascensão que não passou despercebida aos que realmente dirigem a autarquia. (Os eleitos passam, os funcionários vão ficando e alguns sabem muito...)
Estava o escriba neste ponto da reflexão, quando foi alertado por vozes vindas do norte (lembra-se que Fortaleza fica no hemisfério sul): O próximo cabeça de lista do PS-Tomar pode não ser Hugo Cristóvão. Há nesta altura várias manobras, sobretudo de fora para dentro, no sentido de se conseguir a candidatura de Filipa Fernandes, considerada mais mobilizadora, mais empenhada, mais realizadora (artistas da cor e bem pagos) e mais à esquerda.
A própria vai fazendo o que pode para reforçar a sua imagem, que é excelente excepto na área financeira. Além de presidir as reuniões do executivo, deu nas vistas a recente sessão sobre os Direitos Humanos, no Convento de Cristo. Esteve toda a extrema-esquerda local, nomeadamente o Agrupamento templários e até uma representação do Agrupamento Nuno de Santa Maria e do CIRE, que são mais para o laranja, numa cerimónia largamente difundida pelos competentes serviços camarários,  que o presidente Cristóvão boicotou ao não comparecer. Porquê? Férias? Saúde? Protesto? Opção política? Eis o que falta saber.
Paralelamente, os aparelhos partidários da extrema-esquerda parecem estar a apostar todas as fichas na vice-presidente Filipa Fernandes, o que se compreende. Até nos parques zoológicos, os animais mostram sempre que gostam mais dos respectivos tratadores, do que dos outros visitantes. Porque será?
Naturalmente por mero acaso, no contexto tomarense, têm-se multiplicado os comentários contra o Huguinho e contra o ATL sobretudo no Tomar na rede, culminando com um deles, nojento,  direccionado à vida privada do actual presidente. Referia-se a alegadas figuras tristes com amantes e sob o efeito do álcool, num estabelecimento nocturno de Tomar. É um indício que não engana. Normalmente, são os comunistas que usam e abusam deste método, uma tarefa para militantes devotados, como forma de arruinar a reputação dos potenciais candidatos que lhes não agradam
É certo que a recente comemoração do 25 de Novembro em Tomar forçou o presidente Cristóvão a um óbvio acto da vassalagem ao BE/PCP, ao boicotar a AM, mas pelo que se nota, não terá sido suficiente, e os dados estão lançados. A extrema esquerda local aposta na vereadora Filipa Fernandes como sucessora de Anabela Freitas, se calhar também por considerarem que Cristóvão é apenas um discípulo de Luís Ferreira, queimado no PS Tomar desde 2015, nas circunstâncias conhecidas, mas ainda por explicar.
Naturalmente, se contactados para confirmar, todos os intervenientes desmentiriam o que acima se alinha. É o costume.  Por isso, dá tempo ao tempo, irmão, e terás todas as respostas.


domingo, 15 de dezembro de 2024

Imagem copiada de Tomar na rede, com os nossos agradecimentos.

Só para entreter quem gosta de ler

A história é escrita pelos que se consideram moralmente vencedores...


Com muita oportunidade, (a extrema-esquerda lembra sempre os erros cometidos pelos adversários, mas nunca os dela própria), o blogue Tomar na rede recorda hoje a destruição do Cine-Esplanada, pelo então presidente António Paiva, do PSD, o autarca mais odiado pela extrema-esquerda tomarista desde o 25 de Abril: Cine-esplanada foi demolido há 20 anos | Tomar na Rede
Lida a matéria, fica-se com a ideia que António Paiva-PSD matou e fez o funeral do velho cinema ao ar livre "do Marino", numa atmosfera de forte contestação, embora sem a extrema-esquerda local conseguir grande gente para uma manifestação de protesto: "Foram poucos os participantes nessa manifestação, mas a destruição do cine-esplanada foi alvo de muitas críticas."
Sem querer de forma alguma atacar o jornalista, se calhar apenas vítima da formação académica recebida, é-se forçado a esclarecer que ele usa "língua de pau", tão do agrado de uma certa esquerda bem-pensante. O que diz a notícia não é falso, mas tão pouco revela a verdade toda, assim dando ao leitor uma ideia que não corresponde exactamente ao acontecido na época, e beneficiando a imagem da esquerda local.
Neste caso, Paiva-PSD foi apenas o coveiro de um cine-esplanada já antes morto pela falta de público e pela maioria PS. Foi o então vereador Lino Cotralha que deu a machadada final, ao pagar ao Centro de Cultura Popular a máquina de projectar e a desocupação do local.
Anteriormente houvera duas épocas bem distintas. Antes do 25 de Abril, com pouca televisão e muita assistência, devido à então existente guarnição militar e respectivas famílias, e alguns anos mais tarde, já sem guarnição militar e com mais televisão, o que limitou drasticamente os espectadores.
Entretanto, na sequência do falecimento inesperado de Marino Costa, o concessionário de sempre, o presidente Murta, da AD, entregara o cine-esplanada ao Centro de Cultura Popular, para ajudar na realização anual do Festival internacional de cinema para a infância e juventude, subsidiado pela autarquia e com grande sucesso. Infelizmente, os tempos tinham mudado e de que maneira, o que forçou o novo concessionário a procurar filmes rentáveis, tarefa nada fácil e um martírio em termos ideológicos para alguém de extrema-esquerda.
Vieram os filmes pornográficos e outros de fraca qualidade, mas com assistência razoável, houve protestos vários, o que levou a Câmara PS a dar por finda a concessão, ficando pendente o material existente, o que veio a ser resolvido pelo vereador Cotralha, conforme já referido anteriormente. Por conseguinte, as fotos publicadas impressionam, mas deixam uma ideia errada da realidade envolvente. Paiva limitou-se a fazer o funeral do defunto, já em câmara ardente quando ele tomou posse. Mas ficou com a fama de carrasco para os esquerdistas locais, que vinte anos mais tarde, não tendo aprendido nem esquecido nada, continuam acusando o malvado do PSD, o autarca mais votado no concelho até hoje.
Há até um outro detalhe, nessa área de "fazer o jeito" à extrema-esquerda. Talvez um simples lapso, porém muito revelador a tal respeito. Está na notícia sobre o encerramento temporário do parque de autocaravanas, para manutenção:
Lido e relido o edital camarário, constata-se que realmente o parque está interditado durante o mês de Janeiro, mas também no dia 31 de Dezembro, por mero acaso antes e durante a passagem de ano, que costuma trazer muitos caravanistas a Tomar. Sem qualquer intenção malévola? Custa a crer.




Imagem copiada da Rádio Hertz, como os agradecimentos de TAD3.

Respeitar os semelhantes

Câmara e  Convento de Cristo 

há anos a brincar com a República

TOMAR – Dia Internacional dos Direitos Humanos foi assinalado no Convento de Cristo | Rádio Hertz

Foi uma cerimónia em grande. Daquelas para dar nas vistas. E ninguém se terá dado conta de que afinal estavam deslocados. Uma comédia, portanto. Refiro-me à celebração do Dia Internacional dos Direitos Humanos, no Convento de Cristo. Desde logo, comemorar os direitos humanos no monumento onde funcionou o primeiro tribunal português da Santa Inquisição, só pode ser uma de duas coisas: Ou pura ignorância, ou uma piada de mau gosto. Assim do tipo celebrar o dia do trabalhador num dos antigos campos de concentração alemães.
Mas há mais. Muito mais. Durante o evento, com pouca substância e muito vento, a srª vice-presidente da Câmara, afirmou: "Para que os direitos humanos sejam efectivamente cumpridos, todos temos de fazer também a nossa parte, que é cumprir os direitos inerentes, que começam no respeito pelo outro e pelas suas singularidades." Vindo de uma autarca eleita que, como é sabido, não respeita os outros nem as leis do país, nem sequer o direito à informação, que é isto senão brincar com a República?
A própria direcção do Convento de Cristo, agora mais uma vez em fase de concurso internacional, para selecção de novo dirigente máximo, não parece ter-se dado conta do ridículo da situação. Evocar os direitos humanos numa celebração com pompa e circunstância, num monumento que nunca cumpriu nem cumpre as condições mínimas nessa área. 
Os visitantes são todos os dias violentados numa entrada sem quaisquer condições, perdem-se num circuito mal sinalizado, num monumento assaz complexo, e pagam 10 euros por pessoa para admirar obra arquitectónica complicada, que nem sempre entendem, mesmo quando conseguem explicações especializadas, quanto mais agora quando se limitam a olhar como animais para palácios.
Conquanto grave, embora quem dirige o não admita, a questão das visitas é apenas um detalhe. Há vários outros problemas, a começar pelo autoritarismo sectário. Estão nesta altura a decorrer obras cujos projectos nunca foram debatidos publicamente, ao contrário do que estabelecem as normativas da UE, que subsidia, como sempre. E lá se vai o direito à informação...
Há depois a questão do estacionamento, que é da responsabilidade da autarquia, e o manifesto abandono do Aqueduto dos Pegões, que abasteceu de água o Convento durante mais de três séculos, mas agora está seco e a provocar a definhamento do pomar do Castelo e da própria Cerca, com a direcção do monumento fazendo orelhas moucas, mas não se esquecendo de celebrar uma invenção sua - A feira da laranja conventual- enquanto as laranjeiras sobreviventes forem aguentando a falta de rega.  Se nem respeitam os direitos das plantas, para quê celebrar os direitos humanos? Propaganda barata.
Tanto a srª directora do Convento de Cristo, como a srª vice-presidente da Câmara, quando tomaram posse, disseram "Juro cumprir com lealdade as funções que me são confiadas." Estão de consciência tranquila nesse aspecto? É que há aquele dito popular francês, segundo o qual a política é como certo prato da culinária tradicional da Gália -deve cheirar um bocadinho a caca, mas não demasiado. (La politique c'est comme l'andouillette, ça doit sentir um peu la merde, mais pas trop." Edouard Herriot - 1872-1957)

sábado, 14 de dezembro de 2024


Parque de autocaravanas

Pode ser que seja só mais um susto...

TOMAR – Câmara proíbe estacionamento no Parque de Autocaravanas durante um mês para trabalhos de manutenção | Rádio Hertz

A notícia é de Hertz, sempre bem informada em matéria de assuntos camarários, mas já antes alguns grande apoiantes da "maioria PS esquerda unida" tinham sugerido/acicatado: -"Carregue nos cachopos. Aquilo é uma vergonha. Agora voltaram-se outra vez contra os "turistas de pé descalço", porque há hoteleiros e AL que se vão lastimando, e querem acabar com a concorrência das autocaravanas. Não conseguem engolir os 90 mil euros municipais aos Bons sons, para acolher turistas-mochileiros nas hortas circundantes."
Trata-se, como decerto quem lê já percebeu, do inopinado encerramento "para manutenção", do parque de estacionamento de caravanas, no antigo parque de campismo. Têm razão os alarmistas. Encerrar aquela estrutura municipal de 31 de Dezembro a 30 de Janeiro, cheira demasiado a sacanice propositada, para obrigar os autocaravanistas a recorrer à hotelaria clássica ou ao AL.
Simples suspeita sem fundamento? Que não, que não. De todo. Porque, se no 1º da Janeiro ninguém trabalha, qual a utilidade do encerramento do parque em 31 de Dezembro? Não seria mais lógico de 2 de Janeiro a 1 de Fevereiro? E vem à memória a morte provocada do parque municipal de campismo, outrora classificado como dos melhores do país.
Primeiro encerrou para facilitar as obras de transformação do estádio numa espécie de campo de treinos mal amanhado e pior equipado. Depois, quando se tentou reabrir, apareceu aquela interdição fabricada pelos srs. técnicos superiores da própria autarquia. Não podia haver ali um parque de campismo, porque o respectivo plano de pormenor tal não previa, transferindo-o para o Açude de pedra, com ETAR à entrada e tudo.
Mais de dez anos depois, continuamos sem parque de campismo e a argumentação usada na época mostra agora toda a sua natureza: simples desculpa infantil, para não assumir o questão essencial. O campismo encerrou porque reputados conselheiros da presidência propunham o turismo de luxo em vez do campismo, confundido com o turismo de pé descalço.
Agora que os primeiros resultados menos bons na área do alojamento turístico começam a mostrar que afinal o problema não era, há dez anos como agora, o "turismo de pé descalço", mas sim a falta de estruturas de acolhimento, de organização e de planos fecundos, o inesperado encerramento temporário (???) do parque de caravanas pode bem ser mais uma tentativa para orientar campistas e caravanistas para os alojamentos hoteleiros ou AL. Como se tal fosse viável.
Mas também pode ser apenas mais uma decisão mal enjorcada da maioria que temos, mais voltada para festarolas e outros divertimentos, do que para a honesta administração das questões municipais. Logo veremos, uma vez que, como habitualmente, a oposição PSD, se algo pensa  a respeito, nada diz, o que é pena. Ainda traumatizados pelos "anos Paiva"?



quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

 


Turismo e património imaterial da UNESCO

E Tomar não é cidade criativa da UNESCO? Mais uma injustiça.

É sem dúvida a notícia-choque da semana. "Tomar fora do grupo das cidades criativas da UNESCO", titula O Templário a toda a largura da primeira página, em fundo vermelho. No interior fica-se a saber que as ditas cidades criativas da UNESCO são seis, na região de turismo do centro, três costeiras (Caldas, Leiria, Óbidos) e três raianas (Castelo Branco, Covilhã, Idanha a nova), todas lideradas pela cidade outrora da lã e da neve, sob a égide do Turismo do centro e da sua activa vice-presidente, a conhecida especialista em turismo e ex-presidente da Câmara de Tomar, Anabela Freitas.
Um mero acaso fortuito (ou não?) vem mostrar que, pelo contrário, a capital templária prima pela criatividade, mesmo se ainda não reconhecida pela UNESCO. Na mesma edição d'O Templário pode ler-se a convocatória para a próxima sessão da Assembleia municipal, no dia 20 de Dezembro, da qual consta esta maravilha, no seu ponto 11 "Discussão e votação da Declaração de apoio à candidatura da Festa dos tabuleiros como Património imaterial da UNESCO".
Em claro, cinco anos após a ex-presidente ter decidido entregar a candidatura dos tabuleiros à UNESCO a um alentejano antes ligado à da Festa da Flor de Campo maior (ruas ornamentadas, como em Tomar), a Assembleia Municipal é chamada a apoiar essa infeliz iniciativa do mandato anterior, que desde então parece estar na situação descrita pelos militares brasileiros quando querem dizer "marcar passo!" -"Faz que anda mas não anda".
Não se trata agora de saber porquê ou até quando, mas apenas de vincar que afinal Tomar é uma cidade criativa ímpar. Que outro parlamento municipal aceitaria discutir e votar uma declaração de apoio a uma decisão municipal do mandato anterior? Que se saiba nenhum, por ser totalmente descabido. Se é do mandato anterior, "o que lá vai, lá vai", como bem diz o povo. Querem os votos PSD para pressionar o governo, que agora é outro, a avançar com a candidatura encalhada até Paris, é o que é.
Entretanto, lá para para o extremo oriente, na longínqua Tailândia, as autoridades competentes mostram que não perdem tempo com discussões de apoio tardio. Já conseguiram a inscrição na tal lista UNESCO do património imaterial da "sopa de camarão" (ver imagem supra), da "dança da máscara Khon", da "dança Nora", da "massagem tailandesa" e  do "Festival de Songkran".
https://www.routard.com/actualite-du-voyage/cid141359-la-soupe-de-crevettes-tom-yum-kung-au-patrimoine-de-l-unesco.html 
O que tende a mostrar que, se calhar, em vez de insistir tanto nos tabuleiros, se candidatassem a "morcela de arroz", o "cabrito com grelos", as "favas com entrecosto", as "fatias de Tomar", os "bolos de cama", a "lampreia de ovos" ou a "bebida Mouchão", era bem capaz de conseguirem êxito mais rápido. Que os tabuleiros também hão-de  acabar por ser inscritos na célebre lista da UNESCO. Vai é levar o seu tempo, cá por coisas...


O PSD local é mesmo oposição?

Não havia necessidade...

O problema é velho e cada vez mais evidente. Em Tomar não há oposição, apesar dos três vereadores que integram o executivo liderado pelo PS, com quatro eleitos. Parece simples e consensual escrever isto, para quem conhece razoavelmente o microcosmo político local, mas desenganem-se. Os social democratas não aceitam de forma alguma semelhante crítica. Passam logo de acusados a acusadores. E assim vamos estando. Não mudar para não se arrepender depois. Casmurros.
Os (raros) analistas locais, coincidindo neste ponto, concordam que os eleitores tomarenses não têm praticamente alternativa na altura de votar. Tanto faz Pedro como Paulo. Os programas são todos parecidos e o comportamento dos eleitos idem idem.
Surpresa e das grandes, a recente sessão da AM sobre o 25 de Novembro veio revelar inesperadamente a grande fractura partidária no concelho. O PS tendência esquerda unida, que é por agora maioria local, resolveu alinhar com a extrema esquerda, e não compareceu, assim boicotando a cerimónia prevista, em total contradição com a tradicional política socialista.
Enganou-se porém quem pensou que, após tal mostra de intolerância, os social-democratas nabantinos iam finalmente começar a fazer oposição a sério, assim contribuindo para o esclarecimento do eleitorado e a adopção de melhores políticas locais. Tudo como dantes, chuva em Tomar, sol em Abrantes.
Há muito com graves dificuldades financeiras, que apontam mesmo para a inviabilidade da instituição, a Canto Firme pediu à Câmara mais uma ajuda extraordinária, desta vez de 11 mil euros. Tanto quanto se sabe, não apresentou qualquer plano de recuperação, ou outro. É apenas mais uma ajuda municipal para desenrascar, não se sabe até quando.
Sem surpresa, o subsídio foi concedido, mas a votação por unanimidade parece-me algo inesperada, sendo em todo o caso uma asneira política do PSD. Porque não havia necessidade alguma de votar a favor. O PS tem maioria absoluta, pelo que bastariam os seus quatro votos para aprovar mais um pagamento extraordinário, cuja pertinência ainda não foi demonstrada. Apenas mais uma esmola para um pedinte habitual? Mais um passo para a municipalização de facto da Canto Firme?
Ainda por cima, na sua declaração de voto, a vereadora social-democrata lastimou que a Canto Firme nunca tenha respondido aos pedidos de reunião do PSD. Situação comum, pois o blogue Tomar na rede também já se queixou do mesmo. Pediu informações detalhadas e não obteve resposta. Nestas condições pouco usuais, o que terá levado os social-democratas a votar favoravelmente o subsídio? É do conhecimento geral que os dirigentes, os membros e os amigos da referida instituição não votam PSD. 
Assim, em vez de aproveitar o ensejo para dizer aquilo que pensam  em relação à política camarária de subsídios e de festas, e à inaceitável atitude fechada da Canto firme, os eleitos PSD contribuíram mais uma vez para baralhar o eleitorado, que assim pode confirmar a conhecida frase do anterior dirigente máximo do PCP: "É tudo farinha do mesmo saco." E não havia necessidade!


quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Imagem copiada de Tomar na rede, com os nossos agradecimentos.

Decadência nabantina

UM PANORAMA 

EXASPERANTE E DEPRIMENTE

(Texto longo e complexo, para ler à lareira, ou no computador do serviço, durante as horas de expediente, uma vez que há ar condicionado à custa dos contribuintes.)

Lembro-me bem. Quando um dia lhe perguntaram porque não havia eleições livres, Salazar respondeu que o povo português não estava preparado para a democracia. Não estava, nem parece estar, meio século após Abril. Pelo menos em Tomar, o eleitorado que conheço melhor, a situação é confrangedora. Não só, ou não tanto, pela evidente ignorância reinante, mas sobretudo porque os ignorantes, que somos todos, tendem em geral a considerar-se sabedores e, não raro, até como conhecedores, portanto impermeáveis à crítica e imunes aos erros.
Deste caldo sociológico de 35 mil eleitores inscritos, muitos dos quais nem terão capacidade para deglutir o que estou escrevendo, metade nunca votam e os restantes limitam-se a fazer a cruzinha onde lhes disseram. O que origina situações muito tomarenses. 
Os vários presidentes de Câmara eleitos fizeram todos sem excepção excelentes mandatos, só os dos adversários é que foram uma miséria. Há oposição apenas nominal. Na verdade estão todos de acordo em relação às grandes opções, porque excluindo as da maioria circunstancial, não conhecem outras. A própria informação local simula não saber o que são divergências, afinando sempre pelo diapasão oficial, o que se compreende muito bem, ao constatar que o ex-semanário local de direita foi salvo da falência por uma ajuda autárquica, providenciada pela transitória maioria esquerda unida, no poder local desde 2013. E se até a velha direita tradicionalista se vende, para onde vamos?
Deste vale de tristezas e de enganos, exasperante e deprimente, resultam atitudes normais para a urbe, porém aberrantes em termos gerais. Uma delas, quiçá a que mais me incomoda, é esta: Aquilo que vou escrevendo no blogue tem, segundo a Google, um leitorado diário entre 300 e 400 visualizações, das quais 60% na área concelhia. Pois apesar de tanta fartura, há apenas dois ou três comentadores assíduos e, pior ainda, nota-se que muitos leitores tudo fazem para que não se saiba que cometem esse pecado.
Há depois a "opinião pública" local. Tenho felizmente meia dúzia de bons amigos na urbe, mas também há quem finja que não me conhece, e até quem mude de passeio para não se cruzar comigo. E eu ralado, apetece exclamar, mas não corresponderia à verdade. Apesar de saber que "santos da casa não fazem milagres", ou que "ninguém é profeta na sua terra", estas atitudes intolerantes acabam sempre por deixar marcas no subconsciente, e eu já desço a Corredoura há oito décadas. Custa portanto um bocado.
Quem habitualmente lê e tem memória, sabe bem quem começou com a crítica frontal e desinibida à maioria PS esquerda unida. Só mais tarde, com a proliferação das redes sociais, é que apareceram outros eleitores discordantes, mais voltados para a má limpeza urbana, a poluição do rio ou a falta de manutenção dos espaços verdes, por exemplo. Mas nem esse fenómeno mimético provocou qualquer alteração significativa no corpo eleitoral tomarense, cuja principal característica continua a ser a casmurrice. Gente incapaz de alinhar três ideias ou cinco frases originais, assume ainda assim uma atitude condescendente em relação a quem produz e publica texto pessoal diariamente.
E chega-se à presente situação, senão caricata, pelo menos bizarra. No blogue Tomar na rede vários leitores queixam-se de problemas de estacionamento, que até ilustram, mas parecem ignorar a origem remota de tais situações. Ou seja, antes de denunciarem, esqueceram-se de formular as perguntas básicas: Quem? O quê? Quando? Onde? Mas também e sobretudo Porquê? Como?
Cai-se assim na tal situação algo cómica: Um morador da Choromela queixa-se de ser obrigado a ir estacionar o seu carrito no parque do supermercado mais próximo, porque há uns malandros que estacionam camiões TIR mesmo junto à sua porta. (ver imagem)
Conclusão provável do leitor arrabaldino: A maioria PS esquerda unida anda por vezes a caminhar ao lado dos sapatos? Quero lá saber! Há uma aflitiva falta de estacionamento em toda a área urbana? E eu ralado! Deviam era proibir estes gajos dos camiões TIR de virem roubar estacionamento aqui à porta.
Há duas décadas, um descendente de refugiados russos em França, "fez um cartão". Teve um êxito mundial, com uma composição cantada por Jane Birkin, sua companheira. Refiro-me a Serge Gainsbourg e a "Je t'aime, moi non plus". Uma relação de amor-ódio recíprocos. Exactamente como os tomarenses em relação a esta velha carcaça, que insiste em escrever só para melhorar as coisas, embora aproveitando para estar entretido. Ne me quitte pas... (Jacques Brel,  belga valão que jaz algures na Polinésia, para onde se retirou ao saber que tinha um cancro incurável...)

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terça-feira, 10 de dezembro de 2024


Roubo de computadores e relógios na Worten -Tomar

Dois assaltos 

que podem vir a explicar muita coisa?

A notícia é do Tomar na rede, sempre na vanguarda da informação local, quando tal lhe é permitido:
Em resumo sintético, três rapazes e uma rapariga roubaram computadores e relógios em pleno dia, na loja Worten de Tomar, e fugiram numa viatura que os aguardava. Lê-se a seguir que assalto semelhante ocorreu na Worten da Sertã. Serão os mesmos autores?
Numa altura em que se sucedem roubos e outros actos de vandalismo em plena cidade, cidadãos reclamam a instalação urgente de vigilância electrónica permanente e são confrontados com uma estranha situação. Há um protocolo para a instalação da referida vigilância, assinado em 2023, mas um ano depois a Câmara e a PSP ainda não chegaram a acordo quanto ao material a instalar. Roubaram catalisador de carro estacionado no parque da estação | Tomar na Rede
Será que alguém estará interessado em dispositivos de vigilância cuja qualidade não permita afinal identificar ninguém? A pergunta é legítima, quando se pensa em certos incidentes, como por exemplo uma série de furtos em pleno dia numa loja da Corredoura, em que a informação local às ordens nunca identificou cabalmente as ladronas, que muitos viram fugir Corredoura abaixo, e de resto os donos da loja também nunca apresentaram queixa, vá-se lá saber porquê.
Surge agora este par de assaltos em pleno dia, com quatro ladrões mais um comparsa à espera no carro de fuga. Apesar de, pelo menos em Tomar, o agente da PSP no local os ter visto, segundo a notícia, e de haver imagens de videovigilância, é bem provável que nunca venha a ser possível identificar cabalmente os ladrões, devido a imprevistos vários. Em qualquer caso, se forem da etnia calé, a informação local está condicionada por normas camarárias que a impedem de esclarecer cabalmente a situação quanto a identificação completa dos cidadãos implicados, naturalmente inocentes até prova em contrário. Agora resta aguardar, mas os antecedentes não são nada encorajadores. De resto, sempre atenta às tendências meteorológicas da Praça da República, a Rádio Hertz já vai escrevendo "Acredita-se que os intervenientes não são de Tomar." Está-se mesmo a ver em que se baseia a crença.


segunda-feira, 9 de dezembro de 2024



ECONOMIA LOCAL

Empresa alemã da LUFTHANSA vai criar 700 postos de trabalho qualificados em Santa Maria da Feira

Associação CANTO FIRME pede ajuda monetária à Câmara de Tomar

São as notícias desta manhã. Nova empresa alemã da LUFTHANSA TECNIK vai criar 700 postos de trabalho qualificados em Santa Maria da Feira (Aveiro). Associação cultural CANTO FIRME solicita à Câmara de Tomar uma ajuda monetária extraordinária de onze mil euros, para ultrapassar graves dificuldades de tesouraria. 

Lufthansa planeia 700 novos empregos em Santa Maria da Feira, "sinal do empenhamento o grupo em Portugal"

Associação Canto Firme em situação financeira difícil recebe apoio da câmara | Tomar na Rede

Perante isto, às 7 da manhã, com 25 graus e o mar ali em baixo, comecei a cogitar, pois como disse o outro, "eu só sei pensar". Porque é que os alemães resolveram instalar-se em Santa Maria da Feira, e não em Tomar? Por causa do clima? Eles também estão no interior, embora mais perto do mar.
Veio-me então à ideia a Festa Templária, encomendada "pronta a usar" e com dramedários e tudo, pela Câmara de Tomar a uma empresa também de Santa Maria da Feira, pela módica quantia de cem mil euros, sem retorno de bilheteira, ao contrário do que acontece na origem, cuja "Festa medieval" gera sempre confortável receita. Mas pronto. Empregos são empregos, cultura é cultura. Nada de comparações.
Que separa afinal Tomar de Santa Maria da Feira, além do espaço geográfico? Eis os resultados das autárquicas de 2021: 

SANTA MARIA DA FEIRA.....................................TOMAR

PSD-48,91% -34.177 VOTOS - 7 MANDATOS......PS-39,70% - 7.170 VOTOS - 4 MANDATOS
PS - 30,09% - 21.026 VOTOS - 4 MANDATOS      PSD-34,60% - 6.248 VOTOS - 3 MANDATOS 
BE - 3,72% . 2,596 VOTOS          xxxxxxxxxx        CHE-6,15% - 1.108 VOTOS       xxxxxxxxxx
CDS - 3,26% - 2.275 VOTOS       xxxxxxxxxx        CDU-5,21% - 993 VOTOS          xxxxxxxxxx
CHE . 2,83%  -1,979 VOTOS       xxxxxxxxxx        BE - 4,74% - 874 VOTOS            xxxxxxxxxx

Ou seja, em Santa Maria da Feira os extremos BE e CHE valem  6,55% dos votantes,  mas em Tomar CHE+CDU+BE = 16,10% dos votantes. Resta acrescentar que os investidores geralmente procuram saber, entre outros elementos, quais as tendências políticas do concelho e o total de funcionários do município, antes de tomarem uma decisão. Neste caso, Santa Maria da Feira tem 500 funcionários municipais para 95 mil eleitores, e Tomar tem 630 funcionários municipais para  34 mil eleitores. Está assim explicada parcialmente a escolha da empresa alemã e a crise da Canto Firme. Ou não?

ADENDA

Na frase "em Santa Maria da Feira os extremos BE e CHE valem 6,55%" falta a CDU, simplesmente porque não integra as cinco formações mais votadas naquele concelho em 2021. Apesar disso, e para melhor entendimento, acrescenta-se que a CDU obteve 2,33% = 1.627 votos, pelo que a citada frase passará a ser "em Santa Maria da Feira os extremos BE+CDU+CHE valem 8,88%". Ou seja, estão feitos no oito!
        


 


Arranjos urbanísticos do centro histórico

Boa jogada!

TOMAR – Câmara vai promover discussão pública sobre a requalificação do centro histórico. População poderá pronunciar-se | Rádio Hertz

Por vezes, na política é como no desporto. Uma boa jogada em tempo oportuno, pode valer a vitória final. Exactamente o que acaba de lograr o presidente Cristóvão: -Uma boa jogada. Fortemente contestado durante a reunião convocada para apresentar o projecto de requalificação de alguns arruamentos do centro histórico, e com o PSD dando mostras de começar a perceber o que é oposição, não esteve com mais rodriguinhos de circunstância. Resolveu cumprir finalmente a regulamentação europeia, submetendo a discussão pública o referido projecto.
Além de "dona da obra", a Câmara detém dois prédios na Rua Infantaria 15, mais dois na Rua Joaquim Jacinto, mais dois na Rua do Pé da Costa de Baixo e ainda dois outros na Av. Cândido Madureira (Escola Profissional e Turismo Municipal). Quer isto dizer que, no debate público proposto, a sua opinião vai decerto prevalecer, por ter muito mais peso do que qualquer outra. Somos todos iguais, mas nestas coisas há sempre uns mais iguais que outros.
Se isso não bastar, temos ainda na área a requalificar alguns outros proprietários conhecidos apoiantes da actual maioria socialista esquerda unida. É o caso, por exemplo, do arquitecto autor dos projectos da Várzea grande e do Flecheiro, com atelier na Cândido Madureira, ou do presidente do Polítécnico, com uma residência de estudantes na ex- Jácome Ratton, logo em frente.
Com estes e outros trunfos, se mesmo assim não lograr levar a sua avante, Cristóvão não serve para político autárquico. Assim, e para que dúvidas não haja, desde já se avançam as discordâncias em relação às propostas do plano camarário, manifestadas durante a recente reunião pública nos Paços do concelho, e que estão registadas em video:
1 - Contra o abate das árvores da Cândido Madureira, que estão de perfeita saúde, e por se considerar que a argumentação segundo a qual "não são adequadas para aquele local" é uma opinião simplória, sem qualquer base séria. A ser assim, os plátanos ao fundo da Nun´Álvares também não.
2 -Contra o previsto para o largo frente à Mata, designadamente a supressão total dos lugares de estacionamento, ou a plantação de 4 árvores de médio porte. A estátua do Infante deverá ser transferida para os Estaus, ou para o exterior dos Paços, no Convento de Cristo, e o espaço deverá ser remodelado, mas de forma a ficar com mais lugares de estacionamento.
3 -Pavimentação das ruas (excepto a Cândido Madureira, que deverá continuar asfaltada, por ser uma estrada nacional): Calçada tradicional fina, com pedra regional 4x4 assente em cama de areia, com juntas acabadas a aguada de cimento, seguindo-se polimento final, onde necessário. O piso interior do café-restaurante 15 é um excelente exemplo de trabalho bem feito, restando apenas escolher o padrão dos desenhos em pedra preta para cada rua, com ou sem lajedo central em calcáreo.
4 - Manutenção das árvores da Rua dos arcos, substituindo todas as que estão visivelmente em mau estado de conservação, por outras da mesma espécie.
Basicamente é isto. No final das obras, desejavelmente antes das próximas autárquicas, logo se verá se a tal discussão pública proposta valeu a pena, ou foi apenas mais uma boa jogada, da parte de quem só sabe gerir de forma autoritária. 






domingo, 8 de dezembro de 2024




Lista do património imaterial da UNESCO

Candidatura dos tabuleiros 

atascada no lodo da cultura em saldo

Quando escrevi a crónica anterior, sobre a reunião no Paraguay do Comité intergovernamental para a salvaguarda do património imaterial, o organismo UNESCO a quem cabe inscrever as candidaturas na respectiva lista, não tencionava voltar a abordar o assunto. Embora muito querido dos tomarenses, o tema tabuleiros é demasiado árduo para o comum dos mortais. Só os entusiastas é que conseguem coragem para ler os longos textos alusivos, quando os há, que os autores são ainda mais raros. 
O surpreendente leitorado da crónica anterior, até agora mais de 530 visualizações em 24 horas, força-me a mudar de opinião, porque esses leitores ocasionais também merecem respeito. Vamos então a isso, mas previno desde já que não vai ser uma leitura fácil nem agradável, pois as coisas são o que são.
A candidatura dos tabuleiros a património imaterial da UNESCO já sofreu atrasos consideráveis na etapa nacional. É natural. Tratou-se de um processo mal iniciado e mal elaborado. Uma coisa assim tipo desenrasca, "vamos lá, que depois logo se vê!", com origem numa senhora extremamente simpática, porém algo limitada em termos de arcaboiço cultural. por exemplo.
O problema começa logo no próprio objecto da candidatura, anunciada como "Festa dos tabuleiros a património imaterial da UNESCO", quando afinal tal não é de todo possível. Tratando-se de candidatura a património imaterial, o respectivo comité para a salvaguarda não vai inscrever os tabuleiros, nem o cortejo, nem a distribuição da peza, nem as ruas populares ornamentadas, que são manifestações de património material. Como o Convento ou o Castelo, só que transitórias.
O que pode vir a ser inscrito na lista de salvaguarda do património imaterial é a "arte de conceber e armar tabuleiros", ou a "arte de elaborar flores de papel e outra decoração para os tabuleiros". Tudo isto já foi exposto ao autor e aos promotores da candidatura, de acordo com as informações que nos chegaram, até agora sem resultados práticos, para além do atraso na candidatura, que embora já inscrita a nível nacional (após pressão camarária junto da DGPC), continua coxa, ao que nos consta. O que leva a representação portuguesa na UNESCO a ter dúvidas sobre a respectiva viabilidade, retardando a entrega e aguardando melhores dias.
Há ainda, sabe Tomar a dianteira 3, outras vertentes a ensombrar o processo. Uma delas é a própria ideia de património imaterial da humanidade. Inscrição numa lista de protecção e salvaguarda, para evitar que venha a desaparecer, segundo o UNESCO. Galardão que confere valor mundial, permitindo larga promoção comercial e política, para quem apresentou a candidatura. Duas visões que não sendo incompatíveis, tão pouco emparelham lá muito bem.
Outro óbice de monta é que, tratando-se da arte de elaborar flores, e/ou de montar tabuleiros, ou organizar a festa, não é aceitável que os ditos tabuleiros tenham obrigatoriamente o mesmo aspecto global rígido, quando se sabe que derivam das tradicionais fogaças ou fogaceiras, que subsistem por esse país fora, com uma extrema variedade, que lhes confere genuinidade e autenticidade popular.
Terceiro problema, além de poder inscrever a arte de montar tabuleiros, ou a arte das flores de papel, já classificada em Campo Maior,  a UNESCO também poderá inscrever na lista do património imaterial o próprio processo organizativo da Festa dos tabuleiros, desde que a candidatura o solicite, o que ainda não é o caso. Mas então há que optar antes: Modelo organizativo do grande cortejo, tipo festa de Estado?  Modelo Carregueiros, muito mais modesto, mas também mais autêntico e fiel à tradição? Outro ainda, mais rentável? Qual?
Última questão relacionada, o mundo pula e avança, como bola colorida entre as mãos de uma criança, diz o poeta. O que ontem se aceitava e até se admirava, doravante é algo de retrógrado aos olhos de muitos, a que urge pôr cobro. Refiro-me a um desfile ao sol de centenas de mulheres com tabuleiros de 15 quilos à cabeça, tendo ao lado os seus pares, que apenas ajudam a pôr à cabeça, ou a tirar, sem nunca levarem ao ombro, como seria natural.
Pouco ou nada importa a opinião dos tomarenses a respeito de tudo isto. Não são eles que vão dizer sim ou não, quando se votar a inscrição na lista de salvaguarda. São os representantes credenciados de 24 países, que eventualmente nem sabem bem onde fica Tomar, quanto mais agora o que é a Festa dos tabuleiros na sua essência. Mas sabem o que é igualdade, decência e equidade, nos tempos que correm.
Uma coisa é certa. Com ou sem inscrição na lista do património imaterial da UNESCO, a festa grande tomarense está condenada ao desaparecimento no seu modelo actual. Tem de ser reformulada. Alguém imagina um concelho em crise, com menos de 40 mil eleitores, a gastar mais de dois milhões de euros sem retorno, numa festa que dura três dias, em plena alta estação turística, quando não faz falta nenhuma para atrair visitantes, e implica a destruição de nove toneladas de pão? Em Bruxelas, certamente que não iriam aplaudir. Sobretudo o célebre holandês das "meninas e vinho verde"...


sábado, 7 de dezembro de 2024

 

Imagem TNR, com os nossos agradecimentos.

Falta de estacionamento urbano

Acossado pela realidade local, o presidente da Câmara procura defender-se com uma argumentação balofa, talvez sugerida pelos seus conselheiros locais "esquerda unida"

TOMAR – Sistema de ‘estacionamento inteligente’ continua sem corresponder às expetativas… três anos após a sua implementação: «Assim, torna-se mais difícil fazer perceber as vantagens destas tecnologias aos nossos cidadãos», lamenta Hugo Cristóvão | Rádio Hertz

Como qualquer outro cidadão, eleito ou não, Cristóvão tem o direito inalienável de defesa, o chamado recurso ao contraditório. Convinha era que o exercesse em conformidade com a sociedade aberta em que vivemos, modelo que não parece ser muito do seu agrado, apesar de eleito numa lista do PS, o partido da Fonte luminosa e do 25 de Novembro.
Certamente por isso, em vez de responder frontalmente às queixas da informação e dos eleitores locais, refugia-se na esperteza saloia, na alusão lateral, numa atitude confrangedora. Porque, uma de duas: Ou o presidente camarário substituto acredita mesmo naquela infantilidade que lhe disseram para usar, e então está a agir como uma criança mimada e desorientada; ou então, porque é um cidadão bem formado e informado, sabe tratar-se de uma aldrabice, mais uma, e apesar disso serve-se dela para tentar intrujar os eleitores, o que é de um cinismo repugnante, raramente usado na política nabantina.
Seja como for, todos os interessados sabemos bem que, desde o início, em 2013, a principal preocupação da maioria PS esquerda unida, tem sido a redução acentuada dos lugares de estacionamento na urbe. Além da redução ocorrida nas artérias do centro histórico, com a proibição de estacionamento, em cada obra camarária tem havido sempre redução de lugares de estacionamento. Só no caso lamentável da Várzea grande é que a então presidente se viu forçada a contratar com a REFER o parque agora existente de 300 lugares, equivalentes à anterior capacidade da Várzea com buracos.
Com o parque automóvel em acelerada expansão, e apesar das cada vez mais frequentes queixas dos cidadãos, ao invés de providenciarem os indispensáveis, urgentes e grandes parques de estacionamento na área urbana e junto ao Castelo-Convento, a actual maioria distraiu-se. Nas futuras obras de saneamento e reabililitação da Av. Cândido Madureira já está prevista a supressão de mais 20 lugares de estacionamento. 14 frente à Mata e 6 junto à Rotunda, estes para dar lugar a outros tantos lugares para táxis, repartidos com a Rua dos Arcos. É assim que pretendem resolver o problema de estacionamento urbano, acabando com ele pouco a pouco? Não estarão a confundir com tratamento de um cancro?
Na sua tosca comunicação, Cristóvão garante que já fez dois ajustes directos, que vão resolver o problema do "parqueamento inteligente". É possível. Mas se e quando tal vier a acontecer, teremos uma realidade em simultâneo cómica e desoladora: todos os lugares, ou pelo menos a esmagadora maioria, estarão sempre ocupados na horas mais úteis, como já acontece, e adeus utilidade do sistema inteligente. Vai ser como dizia um velho tomarense: "Agora com o deve e o haver, devia haver mas não há."
Em boa verdade, está previsto para Outubro próximo um "ajuste directo", esse sim capaz de resolver não só o problema grave do estacionamento urbano, como vários outros, nomeadamente a  ligação rápida não poluente entre o centro histórico e o castelo. Basta que os eleitores tomarenses resolvam finalmente ir votar e saibam escolher. Todos. Não só os da gamela. Destes, que já mostraram ser inteligentes de curto alcance, estamos fartos.


sexta-feira, 6 de dezembro de 2024


Património imaterial da UNESCO

Tabuleiros ainda longe da inscrição final

Reunido entre 2 e 5 do corrente mês, na capital do Uruguay, o "Comité intergovernamental para a salvaguarda do património imaterial da UNESCO", apreciou e aprovou mais umas centenas de inscrições na respectiva lista. Composto por representantes de 24 países, só dois são europeus -Alemanha e Espanha. Entre a enorme variedade das manifestações inscritas, destaque para duas em língua portuguesa: A arte equestre portuguesa, apresentada por Parques de Sintra Monte da Lua, (Palácio de Queluz), e a Elaboração do queijo de Minas, em Minas gerais, Brasil. 
Há também duas outras inscrições a destacar, pela sua originalidade e por terem sido apresentadas pela França, sede da UNESCO. São elas as feiras rurais de divertimentos (Les fêtes foraines), candidatadas também pela Bélgica, e  "a arte dos latoeiros de zinco nos telhados de Paris."
Esta última agora aprovada e inscrita na lista, é o resultado de uma primeira candidatura iniciada em 2014 e tendo em vista o património material, alterada em 2017 para candidatura a património imaterial. De que se trata afinal? De proteger e salvaguardar a habilidade das centenas de artífices de latoaria em zinco, que mantêm em bom estado os telhados de Paris, apesar das invernias rigorosas, com abundantes  quedas de neve. Não os respectivos telhados, mas os profissionais ainda em actividade.
-Então e os tabuleiros? perguntará quem teve ânimo para ler até aqui. Os tabuleiros estão como se sabe. A última edição custou para cima de um dinheirão, houve centenas de reclamações de visitantes que palmilharam quilómetros e pouco viram, há um técnico superior camarário, contratado em 2019 exclusivamente para preparar a candidatura à UNESCO, mas por enquanto ainda não chegaram a Paris, sede da organização onusiana para a cultura.
As vicissitudes da candidatura francesa dos telhados de Paris, aprovada pela UNESCO ao fim de dez anos de trabalho insano, parecem mostrar que os tabuleiros ainda têm algumas hipóteses, desde que os promotores da candidatura se adaptem à realidade envolvente, o que ainda não fizeram. Os tempos do "cheguei, vi e venci", já foram há séculos. Há que render-se às novas modas, no caso vindas de Paris, sede da UNESCO. 
Haja humildade perante o saber, a tradição e a experiência. Podendo parecer que não, os filmes do Spielberg ou do Sérgio Leone, por exemplo, começaram por ser bons aos olhos dos potenciais consumidores POR SEREM DE QUEM SÃO. Só depois ocorreu a confirmação presencial, ajudada pela reputação prévia. Alcançam?



quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

Imagem Rádio Hertz, como os agradecimentos de TAD3.

Estacionamento urbano

Está-se mesmo a ver que é a melhor solução...

TOMAR – Câmara recorre a cerca de três dezenas de pilaretes para impedir estacionamento indevido na estrada de acesso ao parque de autocaravanas | Rádio Hertz

Numa cidade com tão bons políticos e excelentes cabeças pensadoras, espanta como ainda ninguém se tinha lembrado de uma tão boa e simples solução. Um autêntico ovo de Colombo! Há turistas-caravanistas e outros, que estacionam indevidamente em locais proibidos, próximo do respectivo parque? Pois basta colocar uns belos pilaretes metálicos e está o problema resolvido. Que vão estacionar para o raio que os parta! Já basta ter de aturar os condutores tomarenses.
Fica muito mais barato e ocupa menos espaço do que instalar parques de estacionamento, e acarreta menos problemas, tipo vigilância ou eventual cobrança de tarifa. Coloca-se no entanto uma outra questão: Se não querem cá os turistas-caravanistas, nem outros visitantes com carro, para que insistem em fazer promoção turística inadequada? Não era melhor investir no slogan "Ver Tomar só de comboio"? Evitavam-se muitos dramas e algumas multas, além de se poupar na compra e posterior instalação de pilaretes.
E não se fala nos autocarros da carreira, porque em caso de rápido incremento de passageiros, passavam a também não caber na Estação de camionagem... Uma desgraça nunca vem só!