Decadência económica tomarense
Já sei porque é que a sua filha não fala...
Tomar tem mais empresas, mas Abrantes tem maior volume de negócios | Tomar na Rede
A história é pouco conhecida em Portugal, mas corriqueira por essa Europa fora. Consultado por uma mãe preocupada, que pretendia curar a sua filha muda, um clínico disse-lhe, após exame atento da paciente, que ia estudar o problema. Passado um tempo, telefonou a informar que já tinha um diagnóstico. -Afinal a sua menina não fala, porque é muda, disse o especialista. -E é muda porquê, senhor doutor? -Porque não fala, minha senhora. Não se está mesmo a ver?
Em Tomar, há muito que estamos na mesma. Quando se trata de explicar a evidente decadência da cidade e do concelho, os vários intervenientes recorrem, sem se dar conta, à tautologia. A prática que consiste em explicar o efeito pela causa e vice versa. Como alegadamente fez o médico do início. A nossa crise resulta da decadência económica, e esta da crise económica, obviamente.
Neste contexto, Tomar na rede publica uma boa compilação de dados do INE, que devia assustar qualquer cidadão consciente, mas no vale nabantino já praticamente ninguém se assusta. A esmagadora maioria por ignorância, os outros porque lhes convém fingir que não sabem de nada, ou que não percebem. Sobretudo o economista presidente da AM.
Segundo os dados estatísticos que pode conferir no link supra, em termos de economia, afinal aquilo que conta no mundo moderno, Ourém está lá muito à frente com 5.766 empresas, Tomar aparece em 2º lugar, com 3.933, seguindo-se Torres Novas com 3.453 e Abrantes com 3061.
Isto quanto a número de empresas, porque em termos de produtividade, traduzida em volume de negócios, Ourém pertence a outro planeta, com três vezes mais que Tomar e mesmo Torres Novas tem o dobro do total tomarense, tanto como Abrantes, com população ligeiramente inferior a Tomar. A situação é de tal forma grave que Ferreira do Zêzere, com sete vezes menos população e cinco vezes menos empresas, ostenta um total de negócios equivalente a mais de metade de Tomar.
Paradoxalmente, agindo como se continuasse a ter a liderança da região, a Câmara de Tomar, é a que tem mais funcionários autárquicos, a que gasta mais com pessoal (40% do orçamento), a que atribui mais subsídios a colectividades e a que tem maior orçamento para a cultura. Há aqui qualquer coisa que não bate certo...
Mas há em Tomar mais empresas que em Abrantes, dirão os defensores da actual maioria. É verdade. Mas gostaria de poder pensar que as 3.993 empresas nabantinas não resultam sobretudo de fragmentação contabilística para efeitos fiscais. Infelizmente não posso, porquanto uma empresa com um volume de negócios superior a 150 mil euros/ano, paga em Tomar o dobro de duas empresas com volume de negócios inferior a 150 mil euros/ano. Faço-me entender?
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