Autarquia
Habemus provedor, mas à rasca...
Numa noite política à moda de Tomar, após mais de quatro horas seguidas de reunião, a AM aprovou a nomeação do polémico provedor municipal, escolhido por Anabela Freitas. Mas foi preciso recorrer a mais uma carta na manga, para conseguir o tangencial triunfo por 16-15 e um voto branco. Numa novidade em Tomar, não houve debate prévio, alegando-se tratar-se do nome de uma pessoa, e a votação foi por voto secreto em urna. Única maneira de garantir o anonimato a pelo menos três vendidos, dado que anteriormente as contas municipais de 2022 foram rejeitadas, por 17 votos contra 14 e uma abstenção (Serra-Junceira).
Foi portanto a vitória dos vendidos e da política de golpes baixos, tão do agrado da senhora, que provavelmente lhe terá custado uma eventual futura carreira política, visto não ser nada brilhante perder na mesma noite a votação da sua gestão do ano anterior, para ganhar a nomeação de provedor municipal, simples ornamento sem qualquer utilidade prática, a pouco mais de dois anos do final do mandato, como bem frisou o representante da CDU. Prova disso é a frase cruel de um membro da AM, logo a seguir ao resultado: "Resta parabenizar o nomeado, que vai dar um excelente provedor inútil, como tem sido até agora um bom provador municipal".
Na sua peculiar maneira de abordar e praticar a política, a senhora estará convencida de que é como no futebol, onde uma vitória por um a zero vale o mesmo pontualmente que outra mais folgada. Mas está equivocada. Na política o tamanho conta e muito. Aprovado à rasca, José Pereira não terá condições reais para desempenhar capazmente as suas funções. Serão pouco mais de dois anos de faz de conta, com a sua mentora ignorando que teria sido bem melhor para ela o inverso - a derrota do provedor e a vitória nas contas de 2022. Resta agora aguardar a decisão final do Tribunal de contas, controlado pelo governo socialista, é certo, mas nunca se sabe. Se a oposição chumbou o documento, algo não bate certo.
Outro aspecto a merecer destaque é a evidente anormalidade temporal das sessões da AM, um suplício para deputados municipais, membros do executivo e assistência. Desta vez, começada a sessão às 18H30, só três horas depois se entrou na Ordem de Trabalhos, para chegar ao ponto dois, a tal votação polémica por voto secreto em urna, duas horas mais tarde. Eram já 23H35 quando foi conhecido o resultado. Cinco horas após o começo! E ainda havia mais uma dúzia de assuntos para debater e votar.
A situação era de tal forma desconfortável que até a presidente, habituada a estas maratonas, se lastimou, assim de passagem. Tendo-se engasgado numa frase da sua intervenção, logo corrigiu, mas acrescentou "são muitas horas..." E são mesmo, a pedir reforma urgente, pois a experiência a nível internacional demonstra que, em qualquer reunião que dure mais de duas horas e meia sem intervalo, ao cabo de duas horas começa a haver posições estranhas, pois as pessoas votam de qualquer maneira, só para se virem embora mais depressa...
Tudo isto num concelho onde se garante que a Festa grande só pode acontecer de quatro em quatro anos, quando afinal em 2023, em Carregueiros, em vez de uma até há duas festas - Os tabuleiros de Carregueiros e os Tabuleiros concelhios. Originalidades nabantinas, é o que é.
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