terça-feira, 18 de abril de 2023

1 - Imagem de uma anterior roda do Mouchão, vendo-se claramente apenas  três idas de travamento, em vez dos quatro da actual.
2 - Imagem de uma nora árabe, ao lado da ponte romana de Córdoba, Património da Humanidade, com o dobro do diâmetro da de Tomar, e mesmo assim em muito mau estado.

3 e 4 - Noras do século VI, em Hama - Síria, que ainda funcionam. Observando os raios com  atenção, nota-se outro sistema de construção, com um único travamento, mas circular, além dos fechos.

Património e turismo

Contra os cabotinos cagões, avançar avançar!

Quem já viajou, ou viaja, amiúde por esse país fora, sabe que a principal característica atribuída aos tomarenses é a cagança. "Uns pobres cagõezitos iludidos com o passado", dizem por aí, nos concelhos à volta. Pela calada, bem entendido. Não vou desmentir, nem atacar quem assim pensa e diz, porque é a triste verdade, bem vistas as coisas e com as notáveis  excepções.
Não acredita? Pois vá ao Face e  admire, por exemplo, as centenas e centenas de "clichés" dos excelentes fotógrafos tomarenses, manifestamente obnubilados, subjugados pela sua cidade "a mais linda do Mundo". Com o inevitável comentário "Lindo!" "Muito lindo! Onde é?" Só pode. Tal como a Janela, o Convento, o Nabão, a Sinagoga, o Centro histórico, e até o "coiso" do Gualdim. Tudo praticamente como "o Glorioso":  "O melhor, o mais lindo e o maior do Mundo".
Em ano de Festa grande\ numa terra com gente assim, era inevitável haver mais um caso evidente de cagança cabotina. Calhou à roda do Mouchão. Alguém decidiu que seria indigno, para promover Tomar, uma roda velha em conjunto com tabuleiros novos, "et pour cause..."
E pronto! Dito e feito. Anunciou-se que a dita ia ser reparada, desmontou-se... e fizeram uma nova que já roda. Igual à anterior? Não senhor. Esta tem o dobro dos alcatruzes, e quatro travessas de travamento, em vez das três anteriores. Para alardear  a perícia técnica dos carpinteiros municipais.
Nada contra, mas três reparos, para memória futura:

1 - Prioritário mesmo, conforme já escrito há meses, era e continua a ser, em tempo de seca, restabelecer o sistema tradicional de rega por rego a partir da água gratuita e abundante da roda, e não o restauro ou substituição da própria.
2 - Os alcatruzes instalados vão fornecer um caudal que os calheiros de madeira não comportam. A menos que resolvam reduzir na adufa a entrada de água, de forma o pôr a roda a andar "au ralenti", para ficar melhor nas imagens. Só falta mais essa...
3 - A 4ª travessa de travamento (comparar a imagem supra com a nova roda agora no local) é puro exagero, que nada justifica. O mestre da coisa terá agido na convicção de que se trata mesmo de uma obra-prima única no Mundo.

Para esclarecimento do citado mestre e restantes equivocados, publicam-se acima três imagens actuais. É favor ler as respectivas legendas com atenção. 
Entretanto, deixem-se de caganças caducas, e tenham a coragem de começar a olhar para o futuro, aceitando outros pontos de vista.

 

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