Desta vez a montanha não pariu um rato. Desta vez, foi o executivo tomarense que pariu uma auditoria inútil. Por unanimidade. Entendamo-nos. Escrevi aqui anteriormente que o pedido de auditoria, apresentado por Pedro Marques, feria Luís Boavida na asa ao mesmo tempo que entalava a presidente Anabela Freitas. Agora que a auditoria externa já foi decidida por unanimidade, corrijo o tiro. Aquilo que afinal foi adoptado apenas instala alguma incerteza na candidatura de Boavida, mas é totalmente inócuo. Um simples tiro de pólvora seca. Uma granada ofensiva, daquelas que só fazem um grande estrondo, mas não espalham estilhaços, pelo que não ferem ninguém. A não ser eventualmente os tímpanos. É só esperar para constatar o resultado. Em cima das eleições, claro!
Desde logo, decidir uma auditoria à actuação da divisão financeira da autarquia, entre 2005 e 2016, quando faltam apenas 8 meses para as autárquicas, só pode ser uma dispendiosa brincadeira de mau gosto. Com os usuais prazos e ritmos camarários, os futuros auditores vão dispôr de um máximo de 5/6 meses úteis, se tanto, para passar a pente fino 11 anos de actividade. Como me parece óbvio, não vão encontrar nada de anormal (até porque os documentos comprometedores já terão levado sumiço, como sempre acontece nestes casos) e dirão isso mesmo no relatório final. Alegarão evidente falta de tempo para um trabalho mais aprofundado. E lá se vai o dinheiro dos contribuintes em mais um devaneio dos senhores eleitos, manifestamente com pouca vocação para a política profícua em prol da comunidade eleitoral. Um mero entretém de ricos, pago por uma câmara pindérica, com os impostos e taxas de contribuintes no limite das suas capacidades financeiras.
Mas há mais. Porquê uma auditoria aos últimos 11 anos, numa única divisão municipal? Que se saiba, nos temas referidos na notícia difundida, aparece também envolvido -se calhar até mais que a divisão financeira- o ex-departamento de urbanismo e gestão do território, actual divisão de obras particulares e urbanismo. Refiro-me ao cavernoso processo ParqT, às obras da escola D. Nuno Álvares Pereira, não executadas mas pagas, e àquele estranho caso do munícipe sem resposta, justamente a propósito de um problema de urbanismo e gestão do território, que se queixou ao poder judicial, o qual lhe deu razão, tendo condenado a presidente e a autarquia. E agora só a divisão financeira é que vai ser auditada? Será porque (por enquanto?) nenhum dos técnicos superiores do urbanismo é candidato? Ou porque a senhora presidente, que já admitiu poder haver outros processos engavetados a aguardar resposta, sem que ela saiba, não quer mais conflitos com a referida divisão de urbanismo? Nos diversos outros serviços municipais, no turismo e cultura por exemplo, com aquela bronca do encerramento compulsivo do Parque de campismo, não há problemas?
Acessoriamente, mas igualmente importante, há um detalhe que me incomoda bastante e que não deixarei de tentar esclarecer logo que possível. Tenho na minha posse dois ofícios camarários, um subscrito por Carlos Carrão, outro por Anabela Freitas. Ambos informando não ser possível facultar-me o acesso ao processo ParqT, em virtude do mesmo se encontrar em segredo de justiça, no Tribunal Administrativo de Lisboa. Uma vez que a auditoria agora votada por unanimidade engloba o exame atento do dito processo, por pessoas que não integram o poder judicial, pergunto: Já não está em segredo de justiça? Se afirmativo, porquê? Qual a justificação do tribunal para tal alteração legal? A existir, porque ainda não fui dela informado, apesar de aguardar há mais de 3 anos?
Os senhores membros do executivo podem brincar à vontade, mesmo com coisas sérias, uma vez que os tomarenses ainda votantes tudo parecem consentir. Mas eu não. E tenciono ir tão longe quanto possível para tentar tornar a situação local mais transparente, mais amena e mais barata para os contribuintes todos. Chega de vergonhas!
Estamos tão mal que eu não comento, prefiro esperar............
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