Um amigo que é jornalista (com carteira profissional e tudo), mandou-me um mail, incitando-me a comentar a ideia das medalhas de ouro camarárias para todos os mordomos da Festa dos Tabuleiros. Até lá vinha a frase por assim dizer assassina: Aguardo o seu comentário que...
Tratando-se de um amigo e conterrâneo que muito estimo, pareceu-me óbvio que não podia, de forma alguma, responder-lhe com a fórmula clássica "Quem tem boca não manda soprar". Sobretudo porque ele toca um instrumento muito mais audível que o modesto Tomar a dianteira 3, e podia por isso ficar ofendido. Nestas condições, involuntariamente limitado nas minhas opções, andei a matutar durante umas horas, ali à beira-mar.
Recordei-me então que, além das medalhas para os mordomos, a senhora presidente resolveu homenagear também os funcionários da Câmara e dos SMAS, com 25 e 35 anos de serviço. Os que tenham 30 anos de serviço lixam-se, ficam no grupo dos 25 anos, vá-se lá saber porquê. (Será, por exemplo, o caso de Boavida?) Se calhar apenas mais um incidente de caça. No caso, de caça ao voto.
Seja como for, esta lembradura de homenagear funcionários municipais, sem que se perceba porquê (para quê é óbvio), e sem qualquer explicação que ajude a justificar tão estapafúrdia decisão, trouxe-me à memória a habitual prática nas colectividades de bairro, que regularmente homenageiam, com medalhas, os seus músicos e sócios com mais de tantos anos "de casa".
Foto apenas alusiva
Foi até numa dessas colectividades tomarenses, (facilmente identificável pelos residentes com mais de 60 anos), que um célebre dirigente amador pronunciou um dia uma alocução que se tornou célebre. Falando de improviso, julgo que não preparado (ao contrário dos improvisos longamente ensaiados do venerando Américo Thomaz), conseguiu ser entranhadamente tomarense. Ora leia-se: "Minhas senhoras e meus senhores, há sócios que são sócios e estão a fumar e sócios que não são sócios e também estão a fumar e há senhoras que auguentam e senhoras que não auguentam a minha mulher por acaso auguenta mas é um caso particular..."
Está assim encontrado o material básico para o comentário crítico que me foi solicitado, uma vez que o Município parece ter-se transformado numa espécie de colectividade de bairro, sob o impulso de eleitos obcecados com a caça ao voto. A tal ponto que vão homenagear alguns que, pelo contrário, deviam ser advertidos, ou no mínimo esquecidos.
Nessa linha, parafraseando o tal dirigente amador, "Há tomarenses que são ilustres e vão ser homenageados e tomarenses que não são ilustres e também vão ser homenageados e há eleitores que auguentam e eleitores que não auguentam eu por acaso auguento mas é um caso particular porque estou muito longe e a distância é um poderoso detergente com enzimas glutões que dilui e tira as piores nódoas e os outros eleitores tomarenses só depois de contados os votos lá para Outubro próximo é que se fica a saber se auguentam ou se não auguentam...
Coitado do Gualdim! Nascido em Amares - Braga, onde ele havia de ter vindo cair!
Não tem nada a ver com o glorioso Benfica, que homenageou o grande Luisão ao cabo de 14 anos de casa, dedicado profissional, após 500 jogos de "papoila saltitante". Teve que suar as estopinhas.
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