sábado, 4 de fevereiro de 2017

Transportes por TUTa e meia... à custa dos outros - 2

Consta do escrito anterior que, apesar de haver tarifas para todos os gostos e necessidades, os TUT têm vindo a perder clientes. Que as receitas da venda de bilhetes e passes não chegam a cobrir metade dos custos de exploração. Que algo não bate certo na política tomarense, quando é uma eleita pelo PSD, partido usualmente defensor da iniciativa privada, a exigir a manutenção de uma empresa camarária ruinosa, posição geralmente assumida pela CDU.
Além do exposto, é indispensável acrescentar que, só em 2016, os TUT tiveram um resultado global negativo de  137 mil euros, segundo os dados fornecidos pela autarquia. Se acrescentarmos os prejuízos de anos anteriores,que já totalizam mais de 600 mil euros, obtemos um total negativo de 737 mil euros, sem quaisquer perspectivas favoráveis no contexto actual. Continuar com a exploração dos TUT é portanto igual a andar a semear euros pelas ruas. Beneficia uma ínfima minoria.  Prejudica sobremaneira todos os que pagam impostos e contribuições regularmente, sem todavia usarem os transportes municipais urbanos.
É claro que grande parte dos utilizadores dos TUT, excluídos os estudantes, são cidadãos que merecem respeito e têm iguais direitos, mas que deverão mudar de mentalidade logo que possível. Porque vai ser cada vez mais difícil viver à custa dos outros, directa ou indirectamente. Além de ser uma atitude imoral, quando os beneficiários de subsídios, abonos, ajudas, descontos, reduções, etc., que em geral são sempre os mesmos, afinal nem sequer pagam impostos. A sociedade ajuda-os sistematicamente. E eles, que ajuda já deram ou dão à sociedade em que vivem?
Mesmo tendo em conta a doutrina católica, indicando que se deve dar de comer a quem tem fome, de beber a quem tem sede, vestir os nus, e por aí adiante, não me consta que se inclua em tais preceitos doutrinais fornecer transporte a quem possa caminhar. Por conseguinte...
Acresce ao já escrito que a actual frota dos TUT está praticamente em fim de vida. Só em manutenção, custou aos cofres camarários quase 20 mil euros em 2016. Com destaque para Agosto (7 mil euros) e Dezembro (6.500 euros). Torna-se portanto inevitável, a curto-médio prazo adquirir novos veículos. Tendo em conta as novas normas e tendências, a futura frota não deverá ser a diesel, mas antes a gás natural ou mesmo eléctrica. O que significa um investimento da ordem dos 600 mil euros para 5 novos veículos. No mínimo.
Compreende-se por isso a recente iniciativa da senhora presidente. Só não vê quem tem interesse em fingir que é cego: A autarquia não tem meios para continuar a sustentar tudo aquilo em que se meteu até agora, por razões eleitoralistas (Festa dos Tabuleiros, TUT, vencimentos, 35 horas, transferências para as freguesias, subsídios para as múltiplas associações...)
Assim sendo, uma de duas: Ou há coragem para acabar com sorvedoiros de verbas, assim reduzindo as despesas e criando condições para baixar os impostos locais, item indispensável para atrair investidores; ou manter tudo como está, na esperança vã de que a situação venha a melhorar por milagre, coisa que já nem em Fátima ocorre, pelo menos com a frequência de antanho.

2 comentários:

  1. "Porque vai ser cada vez mais difícil viver à custa dos outros, directa ou indirectamente".

    Ainda assim, recentes relatórios internacionais desmentem esta declaração...

    Se a memória não me atraiçoa - já lá vão tantos anos!... -, em Paris, os patrões pagavam o passe de acesso aos transportes aos seus trabalhadores. Lembro-me de receber esse extra. Tinha um nome de que não me lembro agora. É possível que seja mal acomparado. Um Estado a sério tem a obrigação de proteger as minorias.

    Vem aí o tempo do Rendimento Básico Universal, que significa o direito a não trabalhar. E esta, hein? Penso que a Noruega (ou Finlãndia?) já deram os primeiros passos nesse sentido.

    Sou a favor destes serviços. Bem geridos, já se vê.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Comparada com Paris, até Lisboa é uma cidade pequena. Por conseguinte, comparar Tomar com Paris não tem qualquer cabimento (para usar uma expressão brasileira). Claro que em Paris e muitas outras grandes cidades, as empresas devem abonar um suplemento para os transportes. Mas em Tomar, a que propósito? A cidade e arredores percorrem-se muito facilmente a pé. Sei do que estou a falar, porque o faço regularmente. E depois ainda há as bicicletas. Mas claro, é mais cómodo viajar à custa alheia. Por isso, renovo o já antes dito. Para quem realmente tem problemas de locomoção, cadeiras de rodas eléctricas, ou transporte individual a pedido. Todos os outros que andem a pé, prática muito aconselhada, mesmo pelos médicos do SNS.
      Resta o caso da futura implementação do rendimento universal garantido. Uma coisa é pagar um montante mensal fixo a TODOS os cidadãos, quer necessitem ou não, conforme já foi feito na Finlândia, a título experimental. Outra coisa bem diferente é pôr uma minoria a viajar quase de borla e todos os outros a pagar essa extravagância. Não será melhor aplicar sempre o princípio do utilizador/pagador, como acontece com as auto estradas?
      Exemplo final, bastante controverso por causa das trumpetices. Nos USA não há transportes subsidiados, nem salário mínimo, nem horário de trabalho, nem férias pagas, nem feriados pagos,e no entanto os trabalhadores querem ir para lá, em vez de fugirem de lá, como seria lógico para um português esquerdista... É bem capaz de ser porque lá para aqueles lados o equivalente do IVA não chega a 10%, salvo em Nova Iorque, onde já chega aos 12%. Em Portugal inteiro é de 23%, contra apenas 18% aqui ao lado, em Espanha. Poupados, estes espanhóis! Para não falar mais nos estado-unidenses. Por causa do Trump, que é um casca grossa, mas multimilionário. A tal cultura empresarial que nos faz tanta falta...

      Eliminar