Há pouco mais de uma semana, apoiei nestas páginas a ideia da senhora presidente da câmara, no sentido de encontrar uma solução menos voraz em termos orçamentais para os TUT. Ao mesmo tempo, dado que já calço sapatos há mais de sete décadas, solicitei à citada senhora autarca informação detalhada sobre o tema, ao abrigo do direito à informação. Tenho agora o prazer de informar que passados nove dias (o prazo legal é de 10) acabo de receber todos os elementos solicitados. O que agradeço.
Esses documentos vêm confirmar e até ultrapassar aquilo que eu pensava nessa matéria. Assim, repare-se nesta autêntica salada de tarifas, com temperos para praticamente todos os gostos:
"Na sequência do e-mail infra encarrega-me a senhora presidente de enviar em anexo a informação solicitada e de transmitir que o tarifário é o seguinte:
Bilhete de tarifa de motorista (válido por uma hora) – 1,00€;
Pré-comprados (10 viagens) – 6,50€;
Passe Normal – 18,50€;
Passe Estudante / Mobilidade condicionada – 11,00€;
Passe do Idoso (válido apenas para utentes portadores do cartão Municipal do Idoso) – 11,00€;
Passe 4_18@escola.tp (escalão A) – 7,40€;
Passe 4_18@escola.tp (escalão B) – 13,88€;
Bilhete de 1 dia – 2,80€;
Bilhete de 3 dias – 5,50€;
Bilhete de 5 dias – 9,50€."
Gosto particularmente do saboroso "Passe do idoso (válido apenas para utentes portadores do cartão municipal do idoso) - 11,00€." Por dois motivos principais. Primeiro, porque assim fiquei a saber que quem não tenha o cartão municipal do idoso -uma espécie de coleira autárquica- na prática não é idoso. Uma maravilha! Depois, porque estamos perante uma manifesta ilegalidade, dado que a lei geral do país impede qualquer discriminação em função da idade, da residência, da cor da pele, do rendimento, etc. Resta portanto perguntar: Qual a utilidade prática do cartão municipal do idoso?
Com semelhante série de benesses, seria de esperar uma grande afluência de passageiros, a aumentar de ano para ano, com a consequente melhoria das receitas. Pura ilusão:
Conforme se constata, apesar das esmolas de toda ordem, o total de utentes tem vindo a diminuir de forma acentuada, atingindo um decréscimo de 11.031 em dois anos. Por conseguinte, por este caminho, se nada for feito entretanto, lá chegará o tempo em que os TUT servirão apenas para ornamentar as estradas citadinas e pouco mais.
O que até nem seria demasiado criticável, não fora o facto de os utentes-pagantes directos cobrirem menos de metade das despesas de exploração, mais exactamente 40,45%. Ou seja, por cada cem euros de custos de exploração, os contribuintes tomarenses, via orçamento municipal, são forçados a participar com 59,55€. Mesmo os que nunca experimentaram os confortáveis assentos dos mini-autocarros Mercedes dos TUT. O que mostra a viabilidade daquilo que aqui anunciei em tempos: Acabar com os TUT e oferecer cadeiras de rodas eléctricas aos que delas necessitem realmente, recomendando aos outros a marcha a pé, que faz muito bem à saúde. Será mais justo e ficará muito mais barato a todos. Tanto mais que os citados 40,45% são apenas a média de 2016. Detalhando um pouco mais a desgraça, verifica-se que a participação dos clientes nos custos do transporte foi de apenas 32,20% em Agosto e de -pasme-se!- 28,05% em Dezembro. O que prenuncia dias ainda mais negros.
Que face a uma situação destas, apenas comparável à de alguns pequenos municípios alentejanos, geridos desde há muito pela CDU, seja uma vereadora do PSD -partido que defende a iniciativa privada- a criticar a presidente da câmara por encarar a eventual concessão/privatização dos TUT, ou mesmo a sua supressão, mostra bem a confusão que reina nalgumas hostes políticas locais, fortemente influenciadas por gente com mentalidade de pedintes. "Laranjas" a pugnar pela continuação de transportes por TUTa e meia à custa dos outros. Volta Sá Carneiro, que eles estão a ficar loucos!
Pobre terra!
Não seria boa ideia ver como as autarquias do Entroncamento, Ourém e Torres Novas lidam com os seus transportes citadinos? Não será os Tut de Tomar um negócio para a Rodoviária do tejo que segundo consta cobra grande parte do ordenado dos seus motoristas destacados em Tomar ( e que fazem outras carreiras) à conta da Câmara Municipal de Tomar. Porque razão as aldeias ou seja a maioria dasfreguesias rurais não tem direito ao serviço público de transporte de passageiros ao fim de semana? Como faz um passageiro que chegue de comboio a Tomar no 1º comboio que partiu de Lisboa para ir para Manobra, ou Pintado que fica num eixo principal de vias? E o inverso? Transporte público para todos, mas atendendo ás necessidades mais prementes e uma parceria entre as Grandes Superfícies que ajudem a pagar o prejuizo os Tutus que lhe fazem chegar à porta clientes da cidade a uma cadencia de 15 em 15 minutos e todos os dias do mês
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