domingo, 5 de fevereiro de 2017

Acreditar em Tomar?

Foto copiada de Tomar na rede, a quem se agradece.

Andava eu a cismar na mensagem acima reproduzida, quando li o mais recente comentário de Vasco Pulido Valente, no Observador online de hoje, o qual conclui assim: "E a generalidade dos portugueses, se não gosta do PC, do BE ou de Costa, está perdida e desanimada, sem saber que contas deitar à vida." Substitua-se portugueses por tomarenses e Costa por Anabela Freitas, e teremos a actual situação local, sem tirar nem pôr.
Porque convenhamos que Acreditar em Tomar pode ser para alguns lindo, profundo e até rimar, mas carece de conteúdo. É algo que parece oco. E em política, aquilo que parece é.
Desde logo porque ninguém acredita numa terra, a não ser por alargamento implícito do campo semântico, operação que não está ao alcance de qualquer um.. Acredita-se ou não na população de um lugar, nunca nesse lugar enquanto tal. Além disso, se bem interpreto aquilo que tenho lido sobre publicidade e propaganda política, este modelo de redacção não será o mais adequado, nem coisa parecida. Isto porque se serve de um imperativo indefinido, o que impede uma percepção clara dos destinatários potenciais, revelando também alguma vergonha não assumida, ou pudor mal disfarçado.
Segundo os bons manuais, a mesma mensagem teria um alcance e uma profundidade bem maiores se, em vez do infinito ACREDITAR, tivessem usado os imperativos Acreditai, Acreditem, ou o indicativo Acreditamos. Como está, até parece que ainda agora estão a começar e já se estão a esconder, cheios de dúvidas, uma vez que não assumem a mensagem.
A agravar a situação, há um choque evidente entre o texto escolhido e a realidade vivida. Como Acreditar em Tomar se o próprio PSD não acredita nos seus militantes locais? Se acreditasse, não teria imposto uma sondagem para escolher o cabeça de lista, seguida da indispensável autorização lisboeta, antes da respectiva divulgação pública. Os tomarenses não aceitam tutores, nem são uma espécie de colónia da capital, vigiada por capatazes ribatejanos.
Apesar disso, uma vez que acontece o mesmo nos outros partidos, a candidatura social-democrata tomarense tem todas as condições para vencer. No meu entender é ou era mesmo a favorita, conforme já aqui escrevi. É por isso lamentável que este primeiro acto público de promoção da pré-campanha não seja dos mais felizes. Um tiro no pé, em vez de uma salva de foguetes.

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