sábado, 18 de fevereiro de 2017

Perderam a tramontana

Perderam a tramontana, que é uma maneira mais suave de dizer que desnortearam. Falo dos senhores eleitos que nos pastoreiam. Tem razão! Não somos carneiros. Mas é assim que os políticos locais nos consideram. Uma carneirada que convém ir tosquiando, sem sequer explicar as coisas. Por isso escrevi que nos pastoreiam, pois é o que julgam andar a fazer. Basta atentar nas suas actuações recentes. 
Há menos de uma semana, a senhora presidente, ao mesmo tempo que celebrava um contrato de comunicação e imagem por ajuste directo, o qual está a dar muito que falar, resolveu criticar o funcionamento da Assembleia Municipal, apesar de dirigida por uma seu apoiante da primeira hora:

 "Anabela Freitas, presidente da Câmara de Tomar, quis deixar claro que uma coisa é a autarquia, a outra é a Assembleia. A eleita do Partido Socialista deixou alguns reparos à actuação da Assembleia, até mesmo pela demora na criação da referida Comissão." (Radio Hertz)

Pois ao que parecem indicar os factos, foi quanto bastou para desencadear outro disparate. Daqueles que não lembram nem ao cabeça rachada, mas lembraram ao senhor presidente do parlamento municipal. Sem qualquer justificação plausível, resolveu convocar para o mesmo dia e no mesmo local, uma a seguir à outra, duas sessões daquele órgão. Porquê? A Assembleia Municipal tem assim tantos assuntos a debater, que já está com dificuldades de agenda? A ajuizar pela pasmaceira dos meses anteriores, não parece ser o caso.

Resultado de imagem para fotografias da assembleia municipal de tomar
Foto Radio Hertz, com os nossos agradecimentos

Os assuntos a debater eram assim tão complexos, que não podiam ser agrupados na mesma ordem de trabalhos? Também não me parece. Nomear os membros de uma comissão e aprovar uma decisão camarária que visa contratar mais funcionários, não passam afinal de duas questões de lana caprina. A primeira, porque a agora nomeada comissão do ambiente vai durar um máximo de 8 meses, reunir 3 ou 4 vezes e eventualmente parir umas conclusões às quais ninguém vai ligar peva, por ser completamente descabido implementar uma comissão municipal passados mais de 3 anos de um mandato de 4.
Quanto à outra, a decisão de contratar mais pessoal, se já está decidido no órgão competente, para quê estar com mais debates e mais palavrório? Basta levantar o braço, contar e debandar.
Nestas condições, que terá levado o senhor presidente da AM a cometer semelhante asneira, ele que até tenho por uma pessoa cordata e sensata? Tendo em conta o atraso criticado pela senhora presidente da câmara, (que de resto se vai acentuando, porquanto se referia à comissão encarregada de estudar o problema do estacionamento tarifado, que continua por nomear), só vejo uma explicação. Que devia envergonhar todos os respeitáveis parlamentares municipais, mas se calhar só abrangerá uma minoria. O senhor presidente do órgão máximo municipal terá sido constrangido pelas circunstâncias a convocar duas sessões ao mesmo tempo, pois caso convocasse só uma, não teria tido quórum. Ou seja: por 2 x 75 euros, os senhores deputados municipais ainda se deslocam, se sentam, bebem água mineral, levantam o braço e por vezes até usam da palavra. Por apenas 75 euros, acham que já não vale a pena, porque não dá a mecha para o sebo. Por isso o parlamento local tem reunido tão poucas vezes. Andavam a conspirar para conseguir dupla senha de presença. Não é verdade? É provável, mas falta demonstrar. Enquanto tal não acontecer, dado que em política o que parece é, a ideia que fica é esta: Um presidente pressionado para atribuir duas senhas de presença por cada reunião do órgão, para compensar o aumento do custo de vida...e as medidas de austeridade que ainda não foram revertidas pelo actual governo.
De qualquer maneira, um disparate total. Que eu saiba, nunca qualquer outro parlamento municipal reuniu duas vezes no mesmo dia, em sessões diferentes. Com bizarrias destas, depois ficam muito incomodados quando, longe de Tomar, os outros sorriem, condescendentes, com ar de entendidos, ao saberem que somos tomarenses. Como dantes acontecia com os alentejanos...
Pobre terra, que não tem sorte nenhuma!

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