quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Por enquanto apenas generosas generalidades

Vi, li e ouvi ontem aqui alguns excertos da apresentação da candidatura de Luís Boavida e João Tenreiro às próximas autárquicas. Foi uma sessão que não envergonha ninguém. Pelo contrário. O auditório esteve cheio, com gente que incluía até militantes do antigo PPD/PSD, do tempo da saudosa Dª Adelaide, a guardiã do templo. É um bom sinal para o candidato Boavida. Está a conseguir reforçar, a união partidária, alargando-a.  E quanto à substância, estará o leitor já a perguntar. Pois vamos lá então a isso.
João Tenreiro esteve bem, visivelmente satisfeito por poder passar finalmente do executivo para o legislativo. Da gestão para a fiscalização. De terreno alheio para o seu campo específico, em termos profissionais. E mostrou algo significativo: o autocolante "Acredito", em vez de "acreditar", na sequência do que aqui escrevi. Sempre é bem mais vinculativo e apelativo esse "Acredito", que o simples infinito "Acreditar".
Quanto a Luís Boavida, opino que denotou empenho e dinamismo, mas voltou a ser vago no fundamental. Deixou para momento mais oportuno a apresentação das linhas programáticas da sua candidatura. Já na entrevista ao Cidade de Tomar, há meses, tinha dito a mesma coisa. E esqueceu-se de novo de calendarizar esse momento oportuno. Mau sinal.

Resultado de imagem para fotografias Luis Boavida e João Tenreiro
Foto O Mirante

Fiquei espantado ao ouvir um salva de palmas, coroando a afirmação do candidato segundo a qual "O importante são as pessoas." Trata-se de uma frase feita, ainda por cima já muito gasta, cujo conteúdo exacto julgo que ninguém saberá explicar cabalmente. Daí o meu espanto. Resta portanto esperar pelo tal momento oportuno, para conhecer o programa do candidato social-democrata e saber onde entra, (se chegar a entrar), a dita importância das pessoas. Entretanto, sem que ninguém me tenha encomendado o sermão, ouso avançar a necessidade imperiosa de abordar, nessas futuras linhas programáticas, o problema do lastro negativo do município e as medidas propostas para o ultrapassar.
Luís Montenegro, uma jovem figura nacional, também esteve à altura, conquanto não tenha ido além das habituais generosas generalidades. Ainda assim, disse algo que convém ter em conta. Afirmou que Boavida tem tudo para ser um bom presidente de câmara. O que é indesmentível. Nunca antes se apresentou aos tomarenses um candidato tão bem preparado. Tanto na área académica, como na prática profissional. Com a vantagem de conhecer muito bem a casa e de já ter palmilhado o concelho como poucos. Aposto que até já comeu frango ou febras  mais de que uma vez, em cada uma das freguesias. Não é pouca coisa. Mas essa circunstância, bem como o seu vasto conhecimento da casa podem também vir a revelar-se desvantajosas. Basta para tanto que opte pela direcção errada.Vamos esperar para ver.
De qualquer forma, continua a faltar o essencial: Conhecer o programa, designadamente como tenciona eliminar os actuais travões ao desenvolvimento (o tal lastro negativo, referido mais acima). E se, uma vez eleito, terá coragem para tanto. Porque se trata, sem qualquer dúvida, de uma tarefa para gente "de barba rija" e com a cabeça bem formatada. Oxalá seja o caso, porque colectivamente os tomarenses merecem melhor, conquanto nada façam em prol da urgente e inevitável mudança, que apesar disso muitos vão procurar travar pela calada. Alguns até já começaram, por sinal de forma bem canhestra.

2 comentários:

  1. "Com a vantagem de conhecer muito bem a casa e de já ter palmilhado o concelho como poucos."

    Às vezes - bastas vezes! - o problema está precisamente nisso: "...conhecer muito bem a casa...", com todos os vícios que acarreta. O prof. Rebelo, que em tempos idos foi de esquerda, não engana ninguém. Virtude sua, sublinhe-se. Maleita da esquerda que ao longo de 40 anos, por este ou aquele jeito, maltratou muitos dos seus na onda de oportunismo que a invadiu. Não admira, assim, que milhões de trabalhadores (operários, inclusive) votem em aventureiros de direita radical por esse mundo fora. Por raiva. Felizmente, em Portugal, a esquerda vai-se equilibrando, ainda preserva credibilidade. A fórmula governativa em curso prova-o. O rabisco de sms's em que anda ocupada a direita de bandos em Portugal atesta-o.

    Bendita geringonça!

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  2. Em tempos idos fui da esquerda que havia, esperançado no progresso geral do Mundo. Entretanto houve a queda do Muro de Berlim e o resto, mas infelizmente a esquerda que havia, continua aí tal e qual. Não evoluiu nem um milímetro. Continua a ser a esquerda do século XX, com um ideário do século XIX. E o século XX já findou há 17 anos. Nessas condições, se continuar a ser de esquerda implica apoiar essa gente da geringonça, pode dizer-se que deixei de ser de esquerda, ou melhor: deixei de ser da esquerda que temos.
    Sobre a geringonça, estou persuadido que, a seu tempo, se verá que afinal em vez de "bendita geringonça", a maioria dos portugueses acabará exclamando "maldita geringonça". Como aconteceu e acontece com o antes afamado e brilhantérrimo Sócrates, que afinal...

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