segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Tontices políticas

Sabe-se que a política mais não é afinal que a continuação da guerra por outros meios. Se dúvidas houvesse, aí estão as tontices dos políticos da geringonça para o provar. Após terem impedido que se saiba finalmente quem são os caloteiros da Caixa Geral de Depósitos e falhado até agora na tentativa de boicotar a dupla PSD/CDS, que procurava e continua a procurar apurar se o ministro das finanças mentiu ou não no parlamento, vem agora a trempe PS/BE/PCP insurgir-se com o falso problema da ida de capitais para offshores. Não sou só eu que o escrevo, João Vieira Pereira diz o mesmo no EXPRESSO, usando termos bem mais duros: "A discussão sobre os 10 mil milhões que voaram para paraísos fiscais é no mínimo tonta e suportada pela ignorância sobre o que são offshores. São legais e aceites internacionalmente." (João Vieira Pereira, Bloco de Notas, Expresso online, 26/02/2017). A citação não convence? Então e esta?:
"A manipulação das remessas para offshores pelo PM ficará como um dos momentos mais baixos e indignos da história da democracia parlamentar portuguesa. Um homem que é capaz de recorrer a um truque desses no Parlamento é capaz de quase tudo. Nunca a política foi tão rasca. O mesmo governo que está indignado com as contas offshores faz tudo para esconder os empréstimos feitos pela Caixa Geral de Depósitos durante os consulados socialistas do engenheiro Sócrates. E a história de como o mesmo governo levou a PT à falência, não interessa? Por mim, espero que se saiba o máximo sobre todos estes episódios. Desconfio que parte do dinheiro que acabou em offshores pode estar ligado à falência da PT e aos empréstimos da Caixa. Quem sabe se o PM ainda não acabará a lidar com tempestades depois de andar a semear ventos." (João Marques de Almeida, O banqueiro Francisco, Observador online, 26/o2/2017)
Nestas  condições, merece uma sonora gargalhada a posição do secretário geral do PCP,  Jerónimo de Sousa, ao proclamar que urge apurar todas as responsabilidades e que para isso os comunistas não descartam nenhum dos recursos regimentais da AM ao seu dispôr. Mas que responsabilidades, camarada Jerónimo? Pelo facto de não ter havido publicação atempada das ditas exportações de capitais, que todavia foram comunicadas ao fisco? Não será mais útil, sensato e rápido limitar-se a apurar se liquidaram ou não as suas obrigações fiscais?
Na verdade, a impressão que fica é que a trempe que compõe a geringonça resolveu responder ao fogo com o fogo. Ai vocês da direita andam a chatear-nos com essa telenovela da CGD? Então agora tomem lá esta dos offshores e amanhem-se.
Como também escreve João Vieira Pereira (um reles reaccionário, tal como o João Marques de Almeida, está-se mesmo a ver), "Por isso, se o governo está preocupado, e bem, com os paraísos fiscais, tem de legislar de forma a combater quem os usa ilegalmente, e de ter uma política fiscal mais amiga das empresas e do património, de forma a desincentivar o uso legal desses mecanismos. Claro que com a geringonça a mandar, já sabemos qual vai ser o caminho escolhido." (João Vieira Pereira, texto antes citado)

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Realmente, olhando para o passado, o que vemos em relação è extrema-esquerda não é nada tranquilizador. Tal como agora o governo Costa em relação aos offshores, nas décadas de 50 e 60 do século passado, o governo comunista da agora desaparecida Alemanha de Leste estava muito preocupado com a crescente emigração clandestina dos seus cidadãos, sobretudo para Berlim Ocidental. E também tal como agora a geringonça, esse mesmo governo comunista alemão de leste, em vez de procurar apurar as causas dessa sangria, para depois implementar as soluções mais adequadas, optou pela repressão. Mandou edificar o Muro de Berlim, com 155 quilómetros de extensão e uma faixa de 15 metros de largura, com minas antipessoal. Claro que a fuga diária de mais de 2 mil pessoas cessou de repente, como é lógico. Mas  a nova situação durou pouco, perante a história e não resolveu nada. Após ter provocado alguns milhares de mortos, o Muro da Vergonha, como também ficou conhecido, acabou por ser derrubado, pelos mesmos que o haviam erguido 28 anos antes. (1961 - 1989). E desde então já mais ninguém foge de Berlim Leste para Berlim Oeste. Porque será? Por favor, pessoal da trempe PS-BE-PCP, não me venham com o muro erguido por Israel, com as altas barreiras em Ceuta, ou com aquele que o Trump pretende erguer na fronteira com o México. Por condenáveis que sejam -e são-no realmente- todos se destinam a evitar a entrada de ilegais, enquanto o Muro de Berlim  evitava a fuga dos próprios cidadãos, impedidos de sair legalmente do seu país.
Escrevo tudo isto como ilustração, com o intuito de alertar mais uma vez os tomarenses, sobretudo os políticos, eleitos ou não. Também em Tomar se verifica uma crescente fuga da população e os senhores autarcas, em vez de admitirem que é urgente encontrar as causas de tal hemorragia humana, para logo a seguir arranjar soluções, vão tentando entreter-nos com festas, homenagens, comemorações, declarações para adormecer e outras actividades cosméticas. Assim uma espécie de muro de conversa. Oxalá não venham mais tarde a queixar-se de não terem sabido agir atempadamente e com eficácia. Duvido porém que o façam algum dia. Como bem sabemos todos, um político tomarense, por muito fraco que seja, acha sempre que está cheio de razão. E nunca dá o braço a torcer.
Mas a realidade também é  obstinada. Se a população continua a abandonar o concelho, se não há emprego, se não há investimento, se há cada vez mais estabelecimentos a encerrar, é porque objectivamente não há condições mínimas aceitáveis para a existência de uma sociedade florescente, baseada na iniciativa privada, porque os encargos fiscais e as atribulações administrativas de vária ordem,  são demasiado desencorajadores, em relação a outros concelhos. E o Estado não tem condições para substituir a iniciativa privada. O tempo da cidade de guarnição, com um importante contingente de graduados militares, já passou há muito. Por conseguinte, agimos finalmente? Ou vamos continuar assim, a morrer aos poucos?



2 comentários:

  1. Ora... ora... Deixemo-nos de exageros. O conceito tradicional de extrema esquerda não se aplica hoje ao PCP e BE. Digo eu. Talqualmente, o conceito de extrema direita não se aplica (por enquanto...) a nenhum partido institucional em Portugal. A História foi o que foi, e não adianta lamentar algo que já passou. Tanto mais que os factos a esse período associados foram da responsabilidade do capitalismo, agora em profunda crise. Por isso se fala que estamos já a viver a fase do pós-capitalismo. É o que badalam respeitados pensadores...

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  2. Sobre o agora dueto BE/PC, não havendo nada mais à esquerda no espectro parlamentar, só podem ser a extrema. Do lado oposto, se bem me lembro há infelizmente um tal PNR, que por enquanto é pequenino e oxalá Deus o conserve assim. Mais em geral, direi que o teu comentário mostra uma maneira de ver as coisas, tão legítima como outra qualquer. Na verdade, o capitalismo tem as costas tão largas que se lhe podem atribuir responsabilidades sobre qualquer asneira, em qualquer latitude, por mais esdrúxula que seja. Como por exemplo essa da construção do Muro de Berlim. Uma coisa é certa porém:não me consta que o capitalismo moderno esteja em crise na Europa do norte ou na América também do norte, onde nasceu, e agora nem na China. Está em crise nos países menos desenvolvido e nos países da Europa do sudoeste, mas isso é habitual. Os católicos mais tradicionalistas e os ortodoxos sempre conviveram mal com o capitalismo. Isto para já não falar dos muçulmanos.

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