sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Um padrão comportamental que revela muita coisa

Dois acontecimentos recentes, um inopinado, o outro previsto, provocaram reacções de quem nos pastoreia, as quais revelam o que lhes vai na alma. Refiro-me à tempestade Ana, da qual resultou o encerramento ao público do Convento de Cristo, (situação que ainda se mantinha quatro dias mais tarde, anunciando-se a reabertura para hoje, sexta-feira, com as restrições às visitas aqui  aconselhadas na terça-feira nestas colunas), e às obras na Sinagoga.
No que concerne ao Convento e aos estragos causados pela intempérie, que se limitaram a deslocar ligeiramente o vitral de um dos janelões sul do coro manuelino, quem conhece o Convento sabe tão bem como  o autor destas linhas que a ordem de encerramento ao público por tempo indeterminado foi errada. Quer tenha sido ordenada por Lisboa ou em Tomar. Conforme já foi dito na peça anterior, bastava e basta fechar as duas portas de acesso ao Coro manuelino e vedar as escadas para o terraço do claustro principal, para garantir a segurança dos visitantes e permitir as obras de reparação.
Em vez disso, entraram em pânico, mandaram afixar à porta um aviso mal amanhado, cuja versão portuguesa não corresponde à inglesa, sendo que aquela é um atentado à consideração devida a todos os cidadãos lusofalantes. Sobretudo aos que fizeram muitos quilómetros para visitar o Convento de Cristo, após o que encontraram as portas fechadas e sem qualquer indicação da data de reabertura.
Após esta evidente aselhice, em vez de reconhecerem os erros e procurarem remediar na medida do possível, preferiram vir para a blogosfera atacar o autor destas linhas, que segundo aquelas almas não sabe do que está a falar. Pobre gente. Desgraçada terra. Desde há mais de 60 anos que quem isto escreve conhece o Convento como a palma das suas mãos.

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Foto Tomaracidade

No caso da Sinagoga, o padrão comportamental é o mesmo, embora seja da responsabilidade de eleitos e não só de funcionários superiores. Resumindo, há obras naquele templo judaico, que estão previstas desde há muitos meses. Houve portanto tempo para programar as coisas. Pois não senhor. Tal como no Convento, determinaram e mandaram colocar na porta um aviso mal amanhado, porque incompleto, o qual não indica sequer qual o prazo previsto para o encerramento ao público.
Tomar a dianteira é capaz de estar a ver mal, porque é claro que também não conhece a Sinagoga, pelo que não sabe do que está a falar. A música habitual, tocada pelos músicos do costume. Ainda assim, lá do fundo desse alegada ignorância brotam algumas ideias, que talvez não sejam de todo erradas.
Segundo a indicação oficial, as obras vão durar seis meses, o que com os habituais atrasos deverá corresponder a 7/9 meses. É muito tempo. Sabendo-se que as reparações no interior do templo propriamente dito se resumem afinal a alguns rebocos e pinturas, coisa para uma ou duas semanas,  ou nem tanto, porque não reabrir nessa altura às visitas, mesmo com o prosseguimento das obras nos locais anexos, mas com entradas independentes? 
Basta para isso dizer ao empreiteiro adjudicatário que comece pelo interior da Sinagoga e aí se mantenha até à conclusão dos trabalhos naquele sector.
Mas se calhar é pedir demasiado. Os nordestinos cearenses costumam dizer que "Quem nasceu para lagartixa, nunca chega a jacaré." A não ser que mude de águas, como fez o Lula, por exemplo.
Eles lá sabem do que falam, uma vez que descendem maioritariamente de portugueses.

ACTUALIZAÇÃO

De acordo com informação de boa fonte, as obras no interior da Sinagoga (picar as paredes, rebocar e pintar), "são praticamente um trabalho de ourivesaria", e vão durar cerca de três meses, prevendo-se que aquele templo possa reabrir ao público lá para Março de 2018, antes da Páscoa judaica. Resta esperar que esta informação passe a ser difundida, designadamente no aviso afixado à entrada.
Tomar a dianteira 3 pouco percebe de obras. Limitou-se a participar activamente na recuperação de quatro pequenos imóveis no centro histórico. É pouco. Mesmo assim, julga poder adiantar que três meses para picar rebocar e pintar uma centena de metros quadrados, mesmo tratando-se "praticamente de uma trabalho de ourivesaria", é tempo a mais. Conforme qualquer técnico da área, que não seja funcionário público, sabe muito bem.
Faz-se esta ressalva porquanto é do conhecimento geral que os técnicos funcionários públicos têm noções de tempo, espaço e custos, muito diferentes dos trabalhadores do sector privado.

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