Refere a agência Lusa, num despacho datado de Coimbra, 27 de Novembro, que o "Programa rotas de Sefarad encerra, com uma execução de 95% e um investimento superior a 7 milhões de euros. A cerimónia foi presidida pela directora da Direcção Regional de Cultura do Centro, entidade operadora do referido projecto. Acrescenta o longo texto da Lusa que "Rotas de Sefarad, Valorização da Identidade Judaica Portuguesa no Diálogo de Culturas" foi lançado em 2014, "tendo como entidade promotora a Rede de judiarias de Portugal e um financiamento assegurado de 4 milhões de euros sendo quatro milhões do Fundo EEGRANTS, mais 705 mil euros do Estado. A estas verbas "juntaram-se ainda os cerca de 2,5 milhões de euros, assegurados pelos municípios onde foram realizadas intervenções."
O fundo EEGRANTS, segundo a mesma notícia da Lusa, é um mecanismo europeu financiado pela Noruega, Luxemburgo e Lichenstein, que financiou em grande parte 17 intervenções materiais, que a directora da DRCC referiu nominalmente:
1 - Memorial e Centro de documentação Bragança sefardita
2 - Hejal - Centro paroquial de Nª Sª da Vitória - Porto
3 - Sinagoga de Vila Nova de Paiva
4 - Museu Bandarra - Trancoso
5 - Memorial Aristides Sousa Mendes
6 - Sinagoga de Malhada Sorda - Almeida
7 - Casa da História Judaica - Sabugal
8 - Museu judaico - Belmonte
9 - Casa memória sefardita - Penamacor
10 - Casa judaica e dos cristãos novos - Castelo Branco
11 - Centro de diálogo interculturas - Leiria
12 - Sinagoga de Tomar
13 - Sinagoga de Castelo de Vide
14 - Presença judaica na Idade Média - Torres Vedras
15 - Museu Damião de Góis - Alenquer
16 - Casa da história judaica de Elvas
17 - Casa da Inquisição - Reguengos de Monsaraz
Aspecto da sinagoga de Tomar
Perante tudo isto, duas constatações se impõem. Desde logo que o nome do programa está desfasado da realidade. Não bate a bota com a perdigota. Em toda a Península Ibérica, houve e há judeus sefarditas, não sefarads, que é uma designação anglo-saxónica. Portanto, o programa devia ter sido designado "Rotas sefarditas", como de resto resulta claramente da "Casa memória sefardita", em Penamacor, ou do "Centro de documentação Bragança sefardita". A usual ganância perante fundos europeus, aliada à tradicional ignorância de quem ocupa lugares por nomeação política, deram nisto.
Em segundo lugar, este programa evidenciou uma vez mais a triste realidade deste país. Havendo fundos europeus para gastar, são mais que muitas as autarquias e outras instituições a candidatar-se.
Desta vez até o Centro paroquial de Nª Sª da Vitória, no Porto, se candidatou. O que não deixa de ser curioso e sombrio, quando vêm à memória as fogueiras da Santa Inquisição. Triste vitória.
Seria demasiado laborioso ir auditar cada uma das intervenções mencionadas. No que se refere à Sinagoga de Tomar, simples obras de reboco e pintura que teriam sido suficientes, (como bem sabem os que se interessam por estas coisas do património), redundaram numa intervenção orçada em perto de 300 mil euros, cuja utilidade prática global não convence ninguém. É o costume. Havendo fundos europeus disponíveis, há que candidatar-se, para gastar quanto mais melhor. Depois logo se vê.
Entretanto, enquanto a autarquia de Reguengos de Monsaraz promove a Casa da Inquisição (ver 17 supra), em Tomar o primeiro tribunal da Inquisição construído de raiz com essa afectação e a respectiva prisão, ambos da primeira metade do século XVI, continuam inexplicavelmente fechados ao público. Se calhar aguardando que haja fundos europeus para os abrir aos turistas. Uma tristeza.
Você, caro leitor tomarense, com longa vivência nabantina, sabe do que estou a falar? Seria capaz de indicar numa planta da cidade, se um turista lhe pedisse, onde fica o Tribunal da Inquisição e a Prisão da Inquisição?
Pois é...
Em segundo lugar, este programa evidenciou uma vez mais a triste realidade deste país. Havendo fundos europeus para gastar, são mais que muitas as autarquias e outras instituições a candidatar-se.
Desta vez até o Centro paroquial de Nª Sª da Vitória, no Porto, se candidatou. O que não deixa de ser curioso e sombrio, quando vêm à memória as fogueiras da Santa Inquisição. Triste vitória.
Seria demasiado laborioso ir auditar cada uma das intervenções mencionadas. No que se refere à Sinagoga de Tomar, simples obras de reboco e pintura que teriam sido suficientes, (como bem sabem os que se interessam por estas coisas do património), redundaram numa intervenção orçada em perto de 300 mil euros, cuja utilidade prática global não convence ninguém. É o costume. Havendo fundos europeus disponíveis, há que candidatar-se, para gastar quanto mais melhor. Depois logo se vê.
Entretanto, enquanto a autarquia de Reguengos de Monsaraz promove a Casa da Inquisição (ver 17 supra), em Tomar o primeiro tribunal da Inquisição construído de raiz com essa afectação e a respectiva prisão, ambos da primeira metade do século XVI, continuam inexplicavelmente fechados ao público. Se calhar aguardando que haja fundos europeus para os abrir aos turistas. Uma tristeza.
Você, caro leitor tomarense, com longa vivência nabantina, sabe do que estou a falar? Seria capaz de indicar numa planta da cidade, se um turista lhe pedisse, onde fica o Tribunal da Inquisição e a Prisão da Inquisição?
Pois é...
Sinceramente não sei, o que sei é que este trbunal durou apenas 4 anos, e parece-me que todos os livros, excepto um, foram para Lisboa, o outro ficou no Convento, mas depois foi para a torre do tombo. Iria se calhar arriscar o pelourinho, mas não sei amigo.
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