Acabo de ler as declarações de voto dos vereadores PSD, na reunião camarária de 27 de Novembro passado. Referem-se às alterações ao plano de pormenor Flecheiro-Mercado e à "reabilitação" da Praceta Raul Lopes. Tanto num caso como no outro, são demolidoras. Assentam exclusivamente em argumentação técnica e de bom senso, excluindo posicionamentos políticos, que no caso seriam descabidos. São ainda mais demolidoras essas declarações, por dois motivos centrais. Primeiro porque denotam que a intenção real é a oposta -edificar em vez de demolir, uma vez que os eleitos laranja até votaram favoravelmente as propostas da maioria PS. Depois porque nelas sobressai o manifesto improviso dos projectos em causa.
De acordo com as observações dos social-democratas, dir-se-ia que os ditos projectos em foram executados e apresentados à discussão apenas para procurar cumprir normas detestadas e, sobretudo, para procurar calar a oposição e a quase inexistente opinião publicada local. Fica até a ideia de que se trata de prática habitual, que visa obter posteriormente determinados resultados, nomeadamente quanto mais trabalhos mais, melhor. Se calhar por causa das escorrências respectivas...
No meio de tanta incompetência técnica (que até pode ser deliberada, tendo em vista as tais escorrências), lá apareceu uma pequena luz de esperança. A maioria socialista, apoiada nesse ponto pela oposição, resolveu recuar quanto ao projecto da Praceta Raul Lopes, aceitando a sua revisão antes de o submeter à discussão pública. Não é pouca coisa, numa terra em que um eleito actualmente em funções já disse na cara de um comentador local "Quanto mais refila, pior é."
Resta ter esperança que a maioria socialista ouse proceder de igual forma, regressando ao início, nos casos da Várzea Grande e da entrada sul. Quanto mais não seja por uma questão de prioridades e de coerência. Será lógico mandar instalar pistas cicláveis ao lado de um acampamento cigano? Não será melhor acabar primeiro com o dito acampamento? Será coerente pretender embelezar a Várzea grande, o que vai acabar com o tradicional campo da feira e reduzir drasticamente o estacionamento, quando mesmo ao lado, em pleno centro histórico, há artérias urbanas sem rede moderna de águas ou de esgotos? Não seria melhor começar pelo básico?
Perguntarão alguns instalados à manjedoura municipal o que é o básico. Em Tomar, como em Tegucigalpa ou em Luang Prabang, o básico é uma santíssima trindade -água, esgotos e luz. O resto é complementar.
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