sábado, 9 de dezembro de 2017

Cegueira política e banda gástrica

Não terá agradado nada o texto anterior. Os invisuais políticos do costume muito provavelmente até já terão acusado o autor de excesso de pessimismo, de não ser tomarense, de só querer o mal dos outros... Argumentação tosca e mentirosa, de quem não consegue elaborar melhor, porque a respectiva cabecita não deixa ir mais longe.
É claro que, como toda gente, também gostaria de ter em Tomar, minha amada terra, um hospital com todas as valências, situação que contudo sei não ser possível. E aqui começa a divergência. Os conterrâneos agem como se a tutela tivesse retirado da cidade a urgência cirúrgica para prejudicar os nabantinos. Não querem admitir o óbvio -que não havia nem há recursos disponíveis para a manter, tendo em conta a diminuta população potencial que servia. Enquanto a urgência de Abrantes serve uma quantidade de concelhos do interior, que de outro modo teriam de percorrer distâncias bem maiores (Gavião, Mação, Sardoal, Vila de Rei, Ponte de Sor...), a de Tomar, caso regressasse, serviria que concelhos? Só Tomar e Ferreira do Zêzere, posto que Ourém prefere Leiria, por razões evidentes, enquanto Torres Novas, Entroncamento, Barquinha e Constância, estão ao lado da A 23...
Para os que ainda assim não estejam convencidos da inutilidade prática de reivindicar o retorno da urgência médico-cirúrgica, abreviando razões, de tudo aquilo que Tomar já perdeu, (Fábricas várias, Quartel General, Hospital militar, Messe de Oficiais, Polícia judiciária, e por aí fora), o que é que já regressou?
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Céu cada vez mais nublado

Procurando entreter a população com festas à borla e uma ou outra reivindicação sem pernas para andar, a maioria autárquica procura escamotear o óbvio -como cidade e como concelho estamos, por culpa nossa, por falta de coragem, de orientação e de saber fazer,  a caminhar a passos cada vez mais largos e rápidos para o abismo da irrelevância. Que também será sem regresso possível.
Prova disso é que o orçamento municipal para 2018, a "debater" na reunião de amanhã, encolheu perto de 10%, em relação ao do ano corrente. Porquê? Necessidade de poupar? Evidente falta de receitas para mais? Em qualquer caso, um péssimo sinal. Porque a autarquia tem excesso de despesas com pessoal, que são fixas e tendem a aumentar, dado que o governo decidiu descongelar as carreiras da função pública. Tendo em conta que em simultâneo as receitas vão encolher cada vez mais, o que aí vem não é nada cómodo para ninguém. Todos vão ter de suportar uma fiscalidade encapotada bem mais gravosa, não sendo possível fazer chouriços sem carne.
Se em vez de se entreter a enfeitar ruas, largos e pracetas, instalar pistas cicláveis e reivindicar mais serviços públicos, a actual maioria autárquica ousasse enfrentar a realidade e criar condições objectivas para o desenvolvimento da iniciativa privada, ainda haveria esperança. Agora assim, nem a "camarocracia" local pode continuar a viver descansada, no meio da sua infernal burocracia. Com o orçamento a encolher quase 10% ao ano, é óbvio que já faltou muito mais para chegar o momento em que simplesmente não haverá dinheiro para honrar os seus vencimentos. E aí, o caldo entorna-se. É inevitável.

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