Chamam-lhe indiferentemente monumento ao soldado desconhecido, monumento dos combatentes ou monumento da Grande guerra. É, afinal, o monumento "aos mortos na Grande guerra", conforme reza a inscrição no seu pedestal. Assim, a todos os mortos na Grande guerra. Não só aos tomarenses, ou mesmo aos mortos portugueses.
Erguido nos anos trinta do século passado, a mando do governo de Lisboa, a sua base tem algo de "arte nova", enquanto a estátua daria pano para mangas, tendo em conta a máscara anti-gás ao peito, a marmita às costas, mas também o capote e a arma com baioneta, para o combate corpo a corpo... Coisas de escultores que nunca combateram.
À época da sua inauguração, fazia todo o sentido a sua localização ali, à ilharga da estação de caminho de ferro, numa pequena ilhota destacada da Várzea grande, uma vez que o Regimento de Infantaria 15 era mesmo ao lado, no antigo Convento de S. Francisco, e o Quartel general do lado oposto, onde agora funcionam o Registo civil e o Registo predial. Bons tempos esses, em que Tomar, além de cidade de guarnição, contava também com várias fábricas de papel, uma fábrica de fiação e um hospital militar, no Convento de Cristo.
Agora que as fábricas faliram, e a maior parte das instituições militares se foram, resta o 15 novo, na Estrada de Coimbra. Porém, conquanto mantenha a designação oficial de Regimento de Infantaria 15, quanto a recursos humanos, é agora uma unidade militar de infantaria paraquedista, que já nem um batalhão chega a ser. Austeridade a quanto obrigas.
E cá em baixo, no centro histórico, o monumento aos mortos da grande guerra de 1914/1918, que para o Corpo Expedicionário Português, mal treinado e mal equipado, foi uma autêntica catástrofe, com a perda de quase metade dos efectivos, em regime de "carne para canhão"; cá em baixo, esse monumento, posteriormente relacionado com a guerra no Ultramar, mediante a afixação de uma placa de bronze nesse sentido, constitui agora algo deslocado, que a maioria da população ignora a que se refere. Razão mais do que suficiente para, em nome da decência e do bom senso, o transferir para a entrada no novo 15, voltando depois a ligar a ilhota com a Várzea grande, graças à supressão de uma das duas vias asfaltadas ali existentes.
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