1 - O presidente francês Emmanuel Macron discursa em Atenas, tendo por cenário a colina da Acrópole
Esta foto, tomada durante o discurso do presidente francês, mostra que há iluminação e iluminação. Que não basta colocar muitos projectores e evitar sombras. Que para tudo é preciso competência, bom senso e bom gosto.
Agora imagine-se que uma parte da colina, o Parthenon, por exemplo, ficava na penumbra, como acontece há longos meses com a torre de menagem do Castelo dos Templários -Património Mundial, como a Acrópole. Pior ainda, imagine-se que os gregos ousavam fazer aos atenienses o que a câmara PS e a DGPC fazem aos tomarenses: Iluminar a Acrópole só para turista ver, como aconteceu em Tomar com a Torre de menagem iluminada só durante a Festa templária.
Era um escândalo, não era? Pois era, mas Tomar não é Atenas, apesar dos tomarense se verem gregos para conseguir certas coisas.
2 - Mentiu-se ao povo
No seu discurso propondo a refundação da União Europeia, pronunciado pelo presidente Macron em Atenas, tendo por fundo a Acrópole; discurso de tal monta que o Le Monde o cita numa página inteira, na sua edição datada de 09/09/2017, o presidente francês disse a dado passo:
"Durante os primeiros anos da zona euro, cometemos múltiplos erros, por vezes sustentados por mentiras, há que dizê-lo também aqui, com humildade e determinação. Por vezes mentiu-se e mentiu-se ao povo, dando a entender que, sem nada reformar, era possível viver em Atenas como em Berlim, e isso não era verdade. Mas quem é que foi forçado a pagar? Os responsáveis políticos que mentiram? Não. Quem pagou foi o povo, que acreditou em mentiras.
Foi o povo grego que, após todos esses anos, quando a crise aconteceu, essa crise financeira que se transformou numa crise das dívidas soberanas, foi o povo grego que pagou, durante os longos anos em que se procurou corrigir a situação com políticas que, instigadas pela desconfiança, criaram em simultâneo, há que dizê-lo, injustiças e incompreensões.
Informação livre
Com 86 anos, faleceu Pierre Bergé, que fundou com Yves St Laurent a casa de alta costura com o mesmo nome. Era o principal accionista do jornal Le Monde que, conjuntamente com Xavier Niel e Mathieu Pigasse, salvou da falência em 2010. Eis o elogio fúnebre que dele faz o director do jornal, o qual contém passagens particularmente adaptadas à pequena realidade tomarense:
3 - Accionista e leitor
"Apaixonado pela liberdade, Pierre Bergé defendia a dele tal como sabia respeitar a dos outros. Accionista do Le Monde desde 2010, ano da sua participação maioritária, ao lado de Xavier Niel e Mathieu Pigasse, era desde então o presidente do conselho de supervisão deste jornal. Foi sempre para ele um ponto de honra nunca questionar, fosse de que modo fosse, o princípio que é afinal o maior valor do Le Monde desde há mais de 70 anos -a independência total da redacção.
"De qualquer maneira, vocês fazem como entenderem e é assim que deve ser", era a sua conclusão para qualquer conversa sobre o jornal, que lia de fio a pavio todos os dias, com uma atenção muito especial para as páginas de política e culturais. Leitor ávido, Pierre Bergé tinha opiniões firmes e agrestes sobre muitos temas e crónicas. E tanto respeitava os limites que protegem a redacção, como não se coibia de expressar de forma por vezes crua a sua opinião. Via net ou em declarações públicas, fazia por vezes críticas severas contra tal texto ou tal inquérito. Estas queixas terão por vezes perturbados os nossos leitores, ou alimentado teses golpistas. Nunca levaram a redacção a desviar-se da sua missão de informar sem obstáculos ilegítimos. Os jornalistas sabem muito bem que é infinitamente preferível ter um accionista que exprime publicamente os seus desacordos após a publicação dos artigos, em vez de proprietários de jornais -como alguns que existem- capazes de manter o silêncio, porque mandam censurar antes tudo o que pode desagradar-lhes ou prejudicar os seus interesses.
Com o óbito de Pierre Bergé, Le Monde perde simultaneamente um accionista que o salvou da falência, entregando-lhe uma parte importante da sua fortuna, sem qualquer esperança de retorno, um leitor, um defensor do jornalismo de qualidade e um apaixonado pelo debate público.
É por isso com grande tristeza que todo o pessoal do jornal apresenta as suas condolências aos que o amaram e que ele amou."
Jérôme Fenoglio
Director do Le Monde
(Tradução e adaptação de A. Rebelo, UParisVIII)
Os realces a negrito são de Tomar a dianteira 3
Uma vez que manifestou a sua opinião, aqui vai a restante parte do discurso sobre o tema da crise:
ResponderEliminar"Perdemos então o gosto pela coesão social que nos era tão caro. Perdemo-lo porque nos perdemos numa espécie de guerra civil no seio da Europa, entre potências que não confiavam umas nas outras.
É isto a história do decénio que agora acaba: uma forma de guerra civil interna através da qual quisemos manter as nossas diferenças, as nossas pequenas traições e de alguma maneira esquecemos o mundo no qual estávamos. Um mundo onde preferimos corrigir essas pequenas diferenças e pequenas traições, esquecendo que, frente a nós, havia potências radicalmente diferentes e que a única questão que nos era colocada era esta: Como transformar a zona euro numa potência económica, capaz de enfrentar a China e os Estados Unidos? Como transformar a nossa Europa numa potência diplomática e militar, capaz de defender os nossos valores e os nossos interesses frente a regimes autoritários que vão aparecendo e que podem vir a tentar alterar a nossa maneira de viver. É esse o nosso desafio, e não qualquer outro."
Esta última parte do discurso de Macron revela muita fanfarronice, peculiar às elites francesas, que quando sentem o c... apertado (leia-se: os seus interesses económicos ameaçados) vendem-se ao diabo, traindo até o seu próprio país - Pauvre France! Não sou eu que o digo, isto era o que me dizia M. George, diretor do hotel MacMahon, meu primeiro emprego em Paris, mil francos por mês e alojamento no Blvd Haussmann (nas águas-furtadas), mesmo ali ao lado dos Champs Elysées. Grandes vidas!!... Que saudade... Paris é um espetáculo!
Eliminar("Potência económica", "potência diplomática e militar", "capaz de defender os nossos valores e interesses". Valores e interesses de quem? Que eu saiba não foram esses os desígnios apontados pelos chamados "visionários"da UE. Este comentário é meio a brincar, meio a sério)
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarO meu comentário (por lapso, duplicado) era resposta ao professor Rebelo.
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