Já votou ?
Era de esperar. Numa terra cada vez mais pequena, porque com menos população, onde apesar disso há dois clubes desportivos, duas filarmónicas, dois jornais e duas rádios, teria de ocorrer outro par. Foi o que aconteceu. No sábado passado houve um "debate" de três horas com os seis candidatos à câmara. Dois dias mais tarde, ontem terça-feira, saiu a 2ª dose do mesmo prato.
A Rádio Hertz organizou o primeiro. Jornal Cidade de Tomar, Rádio Cidade de Tomar e mediotejo.net fizeram este. Ao que foi possível apurar, esta segunda edição já estava prevista desde o verão, mas a Hertz antecipou-se. Dado que o "debate" de sábado passado não entusiasmou ninguém, longe disso, ontem a assistência rareou. O salão da BM não encheu. (Clique nas fotos, para ampliar):
Conforme mostra a segunda imagem, os organizadores desta repetição optaram por uma cenografia diferente da primeira. Dividiram os candidatos em dois trios. O ramalhete da esquerda e o ramalhete da direita. Tanto em relação aos espectadores como no tabuleiro político. Da extrema esquerda para a extrema direita, Luis Santos, Bruno Graça, Anabela Freitas, José Delgado, Nuno Ribeiro e Américo Costa. Ao meio, virados para a assistência, e não de costas como no sábado, os moderadores. Um do mediotejo.net uma da Rádio Cidade de Tomar.
O resultado prático terá sido tudo menos aceitável:
Muitos espectadores só viram um dos ramalhetes de perfil e o outro demasiado longe. Num evento político, em que as expressões faciais contam bastante, não terá sido a melhor opção. Em todo o caso, eis aqui os rostos dos candidatos no início da função:
Indo agora à substância da coisa, assinale-se que o esquema de intervenções foi praticamente o mesmo de sábado passado. Perguntas sequenciais para cada um dos candidatos, que tinha dois minutos para responder. Com um detalhe saboroso: Sucedeu mais de uma vez, durante os 100 minutos em que Tomar a dianteira esteve presente, que a moderadora e o moderador excederam o tempo alocado ao candidato. O que levou José Delgado a pegar nessa "deixa". Perante tanta conversa, lançou: -"Já respondeu à pergunta que fez."
Tratando-se de uma repetição, os candidatos mostraram-se mais soltos, menos rígidos, com destaque para Anabela Freitas (que a dada altura até repreendeu um espectador), José Delgado e, sobretudo, Américo Costa, que assumiu o papel de provocador de serviço. Perante a evidente condescendência dos seus homólogos, dos moderadores e da assistência, lá foi debitando verdades inconvenientes. Esta foi as melhor: -"Gostei muito de ouvir os candidatos, disseram maravilhas, mas não acredito em nenhum deles." Pode considerar-se demasiado cru, mas decerto que muitos espectadores pensam exactamente o mesmo.
Por falar em espectadores, a assistência também não esteve mal. Usualmente temos nestas coisas os profissionais, os curiosos e os culambistas (isso mesmo, os antigos lambe-botas, que agora se reconverteram, decerto por não ser muito agradável lamber sapatilhas). A estes juntou-se desta vez um grupo de aplaudistas, desconhecidos cá no burgo. Tarefa política atribuida por alguma formação, que despachou o seu piquete respectivo.
Entre várias gargalhadas contidas, destaque para o protesto ruidoso, que visivelmente surpreendeu a candidata socialista. Ao reivindicar os 300 empregos criados pela IBM, na sequência de um investimento camarário que disse já estar pago, muitos espectadores protestaram alto e bom som. Mau sinal para Anabela Freitas? Faltam só dez dias para tirar dúvidas.
Quanto a um projecto bem articulado, susceptível de inverter a marcha acelerada do concelho para a ruína, ficou mais uma vez claro que nenhum candidato o tem. É praticamente só conversa de circunstância, que convence cada vez menos eleitores. Infelizmente.
anfrarebelo@gmail.com
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