quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Obrigados a escolher a melhor hipótese

Resulta do exposto anteriormente que há apenas quatro formações políticas actualmente representadas no executivo tomarense. Dois partidos (PS e PSD), um grupo independente (IpT) e uma coligação (CDU).  Sempre assim foi? Não senhor. Entre 1979 e 1985 houve apenas 3: AD, PS e APU  (actual CDU). Em contrapartida, entre 1985 e 1989 foram 5: PSD, PS, CDS, APU (actual CDU) e PRD.
Essas quatro formações que compõem o actual executivo nabantino pertencem a dois grupos diferentes. Temos na mó de cima o PS, coligado com a CDU. Na mó de baixo estão PSD e Pedro Marques, que são oposição. Tendo em conta a evolução percentual das respectivas votações nos actos eleitorais desde o de 2005, persistem os mesmos dois grupos.
Temos assim, na íngreme encosta do poder local, dois alpinistas a subir e dois outros a descer. Entre 2005 e 2013 o PS subiu 9,48% e a CDU 3,04%. Coligados, estão agora no topo do poder, com maioria absoluta. No mesmo espaço de tempo, o PSD deu um trambolhão de 16,39%, deixando o topo do poder,  e Pedro Marques desceu 5,39%, afastando-se ainda mais do topo. Que significam estes dados incontroversos?
No meu paupérrimo entendimento, mostram que nesta altura nada está ainda decidido em termos de tendência, no que concerne às autárquicas de 2017. Isto porque, por um lado, o principal alpinista que subiu está agora visivelmente desgastado pelo péssimo exercício do poder, mas, por outro lado, o alpinista do trabalhão também tem sofrido algum desgaste, fruto da sua má prestação enquanto oposição. Mesmo assim continuam a ser, bem vistas as  coisas de forma realista, os dois únicos candidatos ao poder. Os dois outros, tanto o alpinista que subiu -a CDU- como o que desceu -Pedro Marques- só podem ascender ao topo do poder local se coligados com qualquer um dos dois outros. Dito mais directamente: Ninguém, em seu juízo perfeito, acredita que possam vir a vencer, agora ou na próxima década, apresentando-se sozinhos ao eleitorado.
Assim sendo, vamos considerar para cada um dos dois virtuais vencedores três hipóteses:
Hipótese alta = Vitória garantida, salvo catástrofe imprevista.
Hipótese média = Vitória possível, se programa eleitoral e campanha ajudarem. E o adversário falhar.
Hipótese baixa = Derrota quase certa, sejam quais forem o programa, a campanha e a prestação do adversário.
Neste quadro, excluída naturalmente a possibilidade de um centrão local (PS/PSD) ou um acordo PSD/CDU, por razões óbvias, temos a situação seguinte:
PS: Hipótese alta = coligação prévia com Pedro Marques e a CDU; Hipótese média = coligação prévia com a CDU; Hipótese baixa = não fazer qualquer coligação prévia.
PSD: Hipótese alta = coligação prévia com Pedro Marques; Hipótese média = coligação prévia com o MPT e o CDS; Hipótese baixa = ir sozinho.
Logicamente, qualquer das hipóteses apresentadas poderá ser potenciada ou prejudicada pelo  cabeça de lista, pelo programa melhor ou pior e/ou pela campanha eleitoral mais ou menos conseguida, tanto própria como dos adversários.
É isto, no estado actual das coisas. Depois não venham lastimar-se, dizendo que ninguém alertou em tempo oportuno. E sejam muito realistas, muito prudentes. Tomar não aguenta mais um mandato como o actual, sem graves consequências. Nem quero pensar nisso! Ou antes: Até me arrepio de cada vez que antevejo essa triste hipótese, que é todavia a mais provável se não houver bom senso e audácia.

Adenda
Os laranjas acham absurda a ideia de uma coligação com o CDS? Então será porque a idade não lhes permite recordar que em 1985 e 1989 o agora CDS/PP obteve respectivamente 4.429 votos = 19,45% e 4.739 votos = 19,61%.
É como em tudo: esquece muito a quem nunca soube.

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