domingo, 4 de setembro de 2016

Estacionamento, moradores, autarcas e assessores

Como é sabido por quem lê regularmente este blogue, apresentei na altura própria uma queixa ao Provedor de justiça, por me sentir discriminado naquele lamentável caso dos 70 estacionamentos gratuitos reservados aos moradores da Alameda. Continuo aguardando serenamente o respectivo desfecho.
Entretanto Tomar na rede resolveu difundir a minha reclamação, o que desencadeou uma dúzia de comentários. Todos anónimos como é hábito nesta linda terra onde nasci. Alguns de uma qualidade que me abstenho de qualificar. Como este, por exemplo:


Na altura calei-me, pois em geral casos como este não têm remédio. Estão remediados por natureza. Mas ficou-me na mente aquela do "muito pequenino se nunca viu medidas destas um pouco por todo o lado." Confesso agora que o atabalhoado e injusto comentador tem razão nesse detalhe, mas só nele. Realmente nunca vi medidas destas. Nem um pouco por todo o lado, nem em mais lado algum. Só mesmo em Tomar. Terra que adoro, mas cujos habitantes...
Se calhar porque nas outras urbes os moradores são realistas e não gosmas ou elitistas; os autarcas não andam a caminhar ao lado dos respectivos sapatos e os assessores jurídicos informam atempadamente os eleitos sobre aquilo que podem validamente deliberar. Não é manifestamente o caso de Tomar e isso nota-se quase todos os dias.
Para que dúvidas não restem no espírito de quem ler esta prosa, aqui vai um exemplo de "medidas destas um pouco por todo o lado", para usar parte da infeliz frase do citado comentador:



Conforme se pode constatar, não escolhi nenhum exemplo alógeno, tipo Paris, Rio de Janeiro, Tóquio ou Nova Iorque. Contentei-me com o Porto, terra de gente trabalhadora e honrada, habituada a dar sempre a cara, carago!
O que consta deste exemplo? Que a autarquia da segunda cidade do país deliberou alargar o estacionamento tarifado a mais uma série de artérias, mas não reservou qualquer bolsa de estacionamento gratuito para os respectivos moradores, o que seria ilegal e portanto nulo. Limitou-se por isso a anunciar uma avença paga para qualquer residente da cidade ou do concelho, a partir de Janeiro próximo. Naturalmente com um abatimento igual para todos, cuja percentagem o jornal todavia não menciona. Ou seja: Fizeram exactamente aquilo que é comum fazer-se por esse mundo fora. Excepto em Tomar. Porque aparentemente só aqui nas idílicas e edílicas margens do Nabão se verificou até agora essa desgraçada convergência de moradores elitistas e gosmas, autarcas lorpas e mal informados, assessores jurídicos sornas e incapazes, que redundou na caricata deliberação instituindo 70 lugares de estacionamento privativo para uso exclusivo e gratuito da auto-proclamada crème de la crème da Alameda. Todos os outros são cidadãos de 2ª. Ou pior ainda...
À falta de melhor, valha-nos nossa senhora da Agrela, que não há santa como ela!

anfrarebelo@gmail.com












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