sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Dos passadiços do Paiva em Arouca aos passadios do Paiva em Tomar

Mário Cobra

Confessamos a ilusão momentânea, ao ouvirmos a notícia de que "Os passadiços do Paiva" tinham sido premiados, na edição deste ano dos World Travel Awards, considerados os Óscares do turismo a nível mundial, como o projecto mais inovador da Europa. Ao ouvirmos "Passadiços do Paiva" imaginámos que Tomar tivesse ganho retroactivamente o dito prémio de turismo para distinguir as obras do ex-presidente Paiva. O mais votado até hoje em Tomar e de quem Relvas disse, a seu tempo, que era dos  melhores presidentes de câmara do país. Imaginamos como seriam os outros...
Dessas ditas obras paivinas, lembramos com mal disfarçado orgulho:
1 - Os passadiços do prometido Parque Temático, cujo tema já visto e revisto foi "Com promessas e palradores se enganam os eleitores". Tal como agora com excursões grátis, comezainas, copos e bolos, se enganam os tolos.
2 - Os passadiços do inovador Parque de Campismo do Açude Pedra, agora dedicado a ruminantes e amorosas actividades nocturnas, estas só para quem saiba abrir a cancela ilegal, entretanto instalada e que conta com a complacência camarária.
3 - Os passadiços para o elevador e a cafetaria do P1, ali nas traseiras da câmara, que nunca funcionaram. Se calhar porque aguardam a cerimónia de inauguração...
4 - Os passadiços para os excepcionais sanitários públicos com traça medieval, além de outras traças. O da Cerrada dos câes era público e virou privativo da cafetaria situada por cima. O da Abegoaria municipal, junto à estação da CP, continua frequentável apenas com galochas.
5 - Os passadiços para as praias fluviais da albufeira do Castelo do Bode, com acesso garantido apenas de helicóptero e inquinadas com processos judiciais sobre caminhos públicos e privados.
6 - Os passadiços de acesso ao "Corvelíneo" Museu do brinquedo, onde a criançada é impelida a descobrir a respectiva porta de entrada dessa anunciada oferta turística que nunca abriu, como forma de preparação para os labirintos burocráticos da vida adulta, caso resolvam ficar em Portugal.
7 - Os passadiços de acesso ao virtual parque de estacionamento de autocarros, com os motoristas a serem encorajados em cada visita a descobrir aquilo que não existe.
8 - Os passadiços de acesso aos documentos que permitam saber, com o rigor possível, para que foi construída a barraquinha do Mouchão, que não tem qualquer utilidade prática, mas lá continua.
Mais imaginámos ainda que, nesta era "post-Paiva", mereciam o prémio de projectos mais inovadores a nível do turismo mundial as seguintes façanhas autárquicas tomarenses:
A - A invasão dos pilaretes, que transformaram para já a Praça da República, o Largo do Pelourinho e o espaço junto à Igreja de Santa Iria em fortalezas inexpugnáveis, talvez como forma de enfrentar pilarmente a cada vez mais incomodativa invasão turística.
B - Os aspersores dos jardins e outros espaços verdes, muitos dos quais orientados para a via pública, os quais, nestes dias de intensa canícula, possibilitam que os incautos mas depois felizes transeuntes sejam presenteados com banhos absolutamente gratuitos. Ainda por cima (e por baixo também), com água tratada da rede, não vá o diabo tecê-las. Só faltam mesmo os distribuidores de sabonete líquido e de toalhas de papel.
E até merecemos certamente mais prémios na área do turismo, como por exemplo o de maior acampamento típico cigano da zona centro,  mas a imaginação também tem os seus limites. Já lá dizia o outro: Eles nem sabem nem sonham que o sonho comanda  a vida...

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