Os turistas devem adorar fotografar o património construído da antiga Praça de D. Manuel I, a pincipal da cidade, com aqueles stands de cor modernaça, automóveis em exposição e afins. Fica lindo, não fica? Pense lá um bocadinho, caro leitor. Quando visita outras terras gosta de encontrar coisas assim? Não bastavam já os pilaretes?
Ontem houve mais um evento na Praça da República. A noite branca. O barulho durou até bem depois da meia-noite. Já não mora ninguém na velha praça e os residentes das ruas circundantes que se lixem. Podem dormir de dia, que é o que fazem geralmente, a julgar pela sua costumeira atitude cívica, pensam se calhar os distintos autarcas que temos.
Como é habitual, funcionários municipais instalaram grades, contentores e até uma torneira com água gratuita. Para o povo poder dar de beber à dor. Que por estes lados não é pouca. Os organizadores, por sua vez, montaram um palco, sistemas de iluminação e de som, e até colocaram um automóvel em exposição. Sem qualquer relação com o evento e, pasme-se! de uma marca alemã que foi multada a nível Europeu por falsificar deliberadamente os testes de poluição dos seus motores diesel. Houve também lugar para três balcões precários de venda de bebidas alcoólicas. Com destaque para os dois da Sagres, no seu vermelho berrante.
Compreendo a lógica dos fabricantes de cerveja. Fazem publicidade à borla ou quase, a qual ainda por cima não exibe a obrigatória advertência "O álcool faz mal à saúde. Beba com moderação". E até podem servir álcool a menores de idade que ninguém repara. Quanto às igualmente obrigatórias facturas, como garantia de boa cobrança do IVA... É festa, é festa!
Não entendo (certamente por incapacidade minha) o que leva os senhores autarcas a autorizarem estas coisas. A câmara cobra os serviços que presta? Não se sabe, pois aquela casa nunca informa. Funcionam em circuito fechado. Como se não dependessem no fim de contas dos eleitores.
Estão abertos actualmente na praça 5 estabelecimentos 5, que vendem bebidas alcoólicas. Três cafés e dois restaurantes. Assim sendo, que razão ou razões levam os ilustres autarcas a autorizar os tais balcões precários de cervejeiras e afins? Temem que os estabelecimentos existentes não cheguem para as encomendas? Não é evidente que esses balcões efémeros, também porque não têm sanitários, fazem concorrência desleal a quem paga as suas obrigações fiscais e arca com avultadas despesas fixas? Não se está mesmo a ver que a generalidade da clientela compra ali as bebidas, mas vai urinar nos limítrofes cafés e restaurantes?
Também não entendo e fico até triste com a atitude dos comerciantes e industriais (a restauração é uma indústria) sistematicamente prejudicados mas que não protestam. Têm receio? Ou é apenas feitio?
Pobre terra! Triste gente!
Sem comentários:
Enviar um comentário