quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Estudar os problemas

Nada indica que seja muito comum aqui pelas margens nabantinas. Apesar disso continuo persuadido que a melhor forma de encontrar soluções para os problemas ainda continua a ser o seu estudo aprofundado. É aquilo que sempre tenho tentado fazer: documentar-me e certificar-me antes de escrever ou falar sobre qualquer assunto.
Na área da política local, há anos que me incomoda sobremaneira constatar que Leiria, Ourém e outras cidades limítrofes progridem a olhos vistos, enquanto que Tomar estagna, regredindo até nalguns detalhes. Vai daí, procuro interrogar os factos conhecidos, buscando respostas claras. Desta vez entretive-me a coligir os resultados das autárquicas, desde as primeiras, em 1976, até agora, em Leiria, Ourém e Tomar:


Bem sei! Leiria, outrora praticamente nossa igual, conseguiu alcançar nestas quatro décadas de democracia um outro patamar. Tem agora mais de 100 mil eleitores e por isso 10 eleitos no executivo municipal, além do presidente, desde as autárquicas de 2009. A vizinha Ourém tem como nós 6 vereadores, porém já nos ultrapassou em número de eleitores. Pelo caminho que as coisas levam, estou convencido que dentro de mais ou menos duas décadas Tomar vai conseguir chegar a um executivo de 5 elementos. O que corresponde a um concelho com menos de 10 mil habitantes. É difícil, concordo. Mas estamos muito bem lançados para o conseguir, lá isso estamos.
Porquê o progresso a galope em Leiria? O progresso a trote em Ourém? O declínio a passo de boi em Tomar?
Por agora só posso afirmar com segurança que em Leiria e sucessivamente o PSD fez dois mandatos consecutivos, entre 1976 e 1982. Seguiu-se o CDS com outros dois, que terminaram em 1989. Nas eleições de 1989, o PSD iniciou uma série de 5 mandatos seguidos, terminada em 2009, com o PS a renovar a vitória também em 2013.
Em Ourém, o CDS venceu as primeiras autárquicas, mas foi derrotado pelo PSD logo em 1979. Regressou ao poder pela última vez em 1982. Algo semelhante sucedeu com o PSD: venceu pela primeira vez em 1979, mas foi sol de pouca dura. Perdeu para o CDS logo na consulta eleitoral seguinte. Conseguiu depois uma longa série de seis vitórias consecutivas, interrompida pelo PS em em 2009. 
Quanto aos socialistas vão agora no segundo mandato seguido, ao que parece muito combalidos.
Nesta abençoada terra que me viu nascer, estas questões eleitorais são algo mais complicadas. Apesar de sermos comparativamente poucos e com tendência para sermos cada vez menos. O inverso do que acontece com os nossos vizinhos. Assim, temos que por aqui o PS venceu as primeiras autárquicas, tendo perdido logo a seguir, em 1979, para a AD (PSD+CDS+PPM), que fez dois mandatos seguidos, uma vez que foi vitoriosa também 1982. Trata-se de um fenómeno peculiar, uma vez que em Leiria ou Ourém nunca houve AD nas autárquicas.
Com o balanço conseguido graças à AD, o PSD tomarense alcançou o poder em 1985, tendo sido derrotado logo a seguir pelos socialistas. Só dois mandatos depois, em 1997, inaugurou uma série de 4 vitórias, que terminou ingloriamente em 2013 com uma derrota frente ao PS por apenas 281 votos. Apesar do longuíssimo rol de aselhices entretanto cometidas.
Vencedores em 1976, como já vimos, os socialistas tomarenses só voltaram ao poder  em 1989, com um candidato independente e antes praticamente virgem em termos políticos. Conseguiu uma segunda vitória, à qual se seguiu o reinado laranja, com nova vitória socialista em 2013, desta vez feminina e militante teleguiada. É onde estamos e como sabemos. Para o ano há mais.
Uma última nota curiosa: Leiria nunca teve nenhum vereador FEPU, APU ou CDU. E Ourém também não. Em contrapartida, os oureanos elegeram por duas vezes um vereador do PDC.
Em Tomar a CDU chegou ao executivo em 1982 e aí se manteve sem interrupção até 1992. Depois regressou em 1997 mas durou um só mandato. Só voltou de novo à cadeira do poder em 2013, governando agora em coligação com os socialistas.
Eis quanto. Agora façam o favor de pôr as cabecinhas a trabalhar. Sobretudo se são eleitos e/ou dirigentes partidários. A net é algo excelente, porém nada pode susbstituir o estudo atento e persistente dos problemas.

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