segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025










Habitação social e debandada demográfica

Sem querer fazer de advogado do diabo...

TOMAR - IHRU tarda em desbloquear construção de habitações a custos acessíveis na Quinta do Contador - Rádio Hertz

Sem querer fazer de advogado do diabo, acabei de ler a notícia da Hertz e fiquei a matutar. Querem ver que os técnicos do IHRU, assustados com a evidente megalomania do projecto, (350 apartamentos, dos quais 60 para alojamento social), numa cidade com a população diminuindo a olhos vistos, resolveram substituir-se à quase inerte população tomarense, bloqueando tanto quanto podem o anunciado empreendimento da Quinta do contador?
Já sabemos que o presidente Cristóvão é um optimista da pior espécie. Daqueles incapazes de reconhecer uma asneira do tamanho de um prédio. Não espanta por isso que, secundado por outros sem autonomia, vá insistindo de erro em erro, até ao erro terminal.
É óbvio que, numa terra que já perdeu mais de 5 mil habitantes em dez anos, e 546 eleitores nos últimos três anos, não se vive bem, nem coisa parecida. Sobretudo desde que realojaram gente de etnia calé nos bairros tradicionais, e nalgumas ruas do centro histórico. Porque em geral,  as pessoas não se vão embora de onde se sentem bem. Nas sociedades actuais, mesmo em Portugal, é ampla a autonomia de cada um. Pode-se morar em Tomar e trabalhar num raio de 100 quilómetros à volta, ou vice versa. Não cola portanto a pretensa justificação de que os cidadãos migram ou emigram por falta de emprego ou de habitação. Vão-se porque não se sentem bem, e quem não se sente, não é filho de boa gente, diz o povo.
Há até um micro-fenómeno recente que interpela. Nos últimos 3 anos, a população diminuiu no Entroncamento, em tempos motor da zona, mas aumentou na Barquinha e em Constância, dois concelhos pequenos e com pouco emprego, situados mesmo ao lado. (Tomar a dianteira -3) Qual a explicação técnica para este movimento demográfico?
Provavelmente conscientes destes factos, e temendo que o empreendimento da Quinta do Contador venha a transformar-se num grande bairro fantasma à ilharga do Politécnico, por falta de locatários idóneos, ou pior ainda, num daqueles bairros étnicos dos subúrbios de Lisboa, Paris ou Bruxelas, os técnicos lisboetas do IHRU procuram travar a coisa até Outubro, com a esperança numa mudança nas próximas autárquicas. Se assim for, é de apoiar e louvar.



5 comentários:

  1. Já agora eu peço ao Professor um comentário ao seguinte: eu vi no idealista um terreno na rua da ponte da vala, com uma vista lindíssima com a vala, a fábrica de Fiação e o Castelo, á venda a 62€ o m2 e vi um no site da Remax ao que julgo ser em frente á Nabância mas não tenho a certeza porque a imagem não esclarece a 268€ o m2!!! Eu vou-lhe mandar os anúncios e gostava que o Professor comentasse se fizer favor....

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  2. Agradeço o seu comentário. mas não me sinto em condições de satisfazer a sua curiosidade, o que sinceramente lamento. O assunto é demasiado complexo e já não tenho o alento de outros tempos.

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  3. Caro António Rebelo,
    Acho que não é fácil manter um blog diário sobre Tomar e o que acontece em Tomar.
    Acho que tem de agradecer aos inestimáveis " políticos" locais o também diariamente só dizerem calinadas e ( felizmente ) fazerem poucas coisas.
    Também o que seria de esperar de inúteis que não têm uma carreira profissional e que só vivem da política e dos dinheiro públicos?
    O problema vai ser o PS ter 3 vereadores e o PSD outros 3 fazendo do vereador do Chega ou o aliado ou a linha vermelha....

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    1. Inteiramente de acordo consigo quanto aos 3 primeiros parágrafos. No que se refere ao 3º os culpados são os eleitores. Quando votaram já sabiam muito bem quem eram os artistas. E que artistas, nalguns casos!
      A sua hipótese de 3PS/3PSD ou vice-versa, e 1CH já teve melhores perspectivas. O tempo vai passando e continua a não se saber quem manda, quem escolhe e quem foi escolhido e porquê, além de um silêncio de cemitério de vivos. É pena.

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    2. Concordando, como já referi, com as suas constatações, julgo útil acrescentar um esclarecimento quanto à primeira frase. Não sendo fácil, para mim também não é muito difícil achar temas todos os dias, porque nunca fui, nem sou jornalista, com agenda implícita ditada por outros, mas um criador ou produtor de textos, que como se sabe podem ser de dois tipos: os que respeitam a verdade factual e os outros. Cabe aos leitores avaliar.

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