quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Cripta da Colegiada do Castelo de Ourém, com o túmulo de D. Afonso, 4º conde.

Economia política local

A Feira o comentador a Sinagoga 
Ourém e o Museu dos tabuleiros

Feira de Santa Iria deu quase 125 mil euros de prejuízo | Tomar na Rede

Fiquei algo alarmado e preocupado. Um conhecido comentador anónimo local escreveu sobre o desastre económico da Feira de Santa Iria (ver link supra), certeiro como habitualmente, mas desta vez usando um português que não se recomenda a ninguém. Vocabulário repetido, fraseado algo tosco, estilo pontapé contrariado... Terá sido da hora tardia (foi publicado à uma e meia da madrugada)? De alguma fortuita libação excessiva? Ou trata-se de indício de doença do alemão, o que seria bem mais grave e sinceramente se lamenta, fazendo votos para que tudo não passe afinal de simples aparência.
Seja como for, A.  Samora acertou na "mouche", como é habitual. A Feira não deu prejuízo. Os ajustes directos para contentar camaradas músicos e afins é que custam cada vez mais caro. Já assim foi nos Tabuleiros e nas sucessivas festarolas antes durante e após a pandemia.  Em Tomar os votos estão a um preço que só visto...
Aos ajustes directos convém acrescentar, para melhorar a qualidade do retrato, os concursos para obras com projectistas e empresas vencedoras que são sempre do círculo restrito, bem como outra especialidade da maioria socialista que temos -a ampliação da função pública local.
Após o falhanço evidente do alegado "fórum de Sellium" e do "Complexo museológico da Levada", cujo principal objectivo era em ambos os casos arranjar mais lugares na já demasiado pletórica administração pública local, seguiram-se para os substituir a Fábrica não sei quê, instalada na antiga moagem, e agora a oficina de latoaria e o embrião do ambicionado "museu dos tabuleiros". É uma crença local. A salvação da cidade e do concelho depende da expansão contínua do funcionalismo público municipal.
Para melhor entendimento, segue uma comparação que pode incomodar alguns, mas nem por isso deixa de ser elucidativa. Ourém já foi o concelho mais atrasado do norte do distrito. A tal ponto que na década de 70, antes e logo após o 25A, tinham menos população que Tomar e foi da cidade nabantina que se deslocaram os professores para instalar lá o então ensino preparatório e secundário. Sei do que falo pois fui um deles.
Meio século volvido, Ourém não tem Politécnico, nem grande hospital, nem Regimento, nem divisão policial, mas avança na economia privada e já ultrapassou Tomar em termos populacionais, agora com mais quase 10 mil habitantes que os nabantinos. "É porque têm Fátima", vão repetir os habituais oráculos locais. Mas Fátima já existia há muito, desde 1917, e de acordo com os dados oficiais, a frequência anual do santuário tem vindo a diminuir. Logo, as alavancas do progresso oureense devem ser outras, e os tomaristas estão enganados, como é costume.
Vejamos um caso concreto. Há em Tomar metade de uma velha sinagoga do século XV, que tem uma irmã gémea na cripta da Colegiada do castelo de Ourém. São iguaizinhas, decerto do mesmo arquitecto, mas a de Ourém tem ao meio o túmulo do 4º conde (irmão do Infante D. Henrique) e faltam-lhe as bilhas nos cantos.
Ignoro quantos visitantes anuais terá a cripta funerária do Castelo de Ourém, mas em Tomar a sua irmã gémea já ultrapassou os 20 mil, segundo a autarquia tomarense, proprietária do imóvel. Segue-se que, tanto em Ourém como em Tomar, serão raros os turistas que vêm atraídos pela sinagoga ou pela cripta. Regra geral, os que vieram ao Santuário ou ao Convento de Cristo, aproveitam o ensejo. Já que estamos aqui...
Em Ourém, a Câmara  não gasta um cêntimo com a cripta, que está dentro de uma igreja cuja manutenção e restauro incumbem ao Estado, nos termos da Concordata. Em Tomar, a autarquia já celebrou um ajuste directo com uma empresa privada para assegurar a visitação da Sinagoga. Coisa para 90 mil euros anuais, segundo as informações disponíveis. Mas a entrada na Sinagoga é gratuita, tal como na cripta de Ourém. "A ordem é rica e os frades são poucos" dizia o povo antigamente. Donde a ideia de criar uma espécie de "Museu dos tabuleiros", que acrescentará mais alguns frades à folha de pagamento da Ordem, neste caso da autarquia, que só tem ainda 640 funcionários, 1 para cada 60 habitantes e mais do dobro de Ourém. E os tomarenses vão fazendo de conta que protestam, enquanto alguns vão aproveitando.
Gualdim! Isto não pode continuar assim!



2 comentários:

  1. Como alguém disse " é a economia estúpido ".
    Tomar quando prosperava a indústria foi um polo de atração de capital, que por sua vez atraiu pessoas, provocou uma espiral positiva da economia pela necessidade de alojar essas pessoas que vinham trabalhar, criar riqueza, puxar pelo comércio , pelos serviços e até justificar organismos públicos pela sua importância regional.
    Há décadas era impensável alguém de Tomar ir às compras a Torres Novas ou até Leiria, acontecendo precisamente o contrario.
    As pessoas da região vinham a Tomar trabalhar, comprar tratar de assuntos oficiais etc.
    A Câmara de Tomar com um único engenheiro ( o saudoso Eng. Salgado), um encarregado geral e poucos funcionários executou vários obras de relevo nas áreas que lhe competiam. E só tinham um arquiteto em part-time.
    Com a criação de riqueza , patrocinava-se o desporto ( União de Tomar na 1ª divisão ) a cultura , havia dinheiro para as associações , e tinhamos um cine-teatro e esplanada no Verão, e tudo isso permitiu construir um hotel de 4 estrelas na década de sessenta o Templários , um luxo para a época onde Santarém tinha a residencial Abidis...
    Com a " revolução " a esquerdalha que até existia em Tomar dentro da burguesia pseudo bem pensante, apoderou-se do poder e foi sempre a descer , o grupo Mendes Godinho, as fábricas de papel, a Fiação, até os construtores ( patos bravos ) deixaram de construir em Tomar, pois a debandada das pessoas que quando as fábricas fecharam tiveram de ir procurar emprego fora, fez com que a procura baixasse.
    Hoje não temos uma zona industrial, não há iniciativa privada que crie riqueza no concelho e a população vai continuar a emigrar e diminuir em Tomar, ficando os velhos e os dos tachos da função pública que só aceleram mas é a burocracia, e os custos que afugentam os investidores.

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    1. Zé Caldas, pelo seu comentário é que eu aqui costumo escrever que Tomar está condenada, já nunca recupera. A maior empresa privada da região, a softinsa, ocupa o centro de inovação de Tomar, que é propriedade da câmara e do politécnico. Os políticos desfazem-se em elogios á mesma, costumam a dizer: "vejam lá o que evoluímos que até trouxemos a IBM para Tomar, critiquem lá agora!!!", mas esses empregos qualificados não trazem o desenvolvimento para Tomar, a câmara quer construir casas com rendas a preços acessíveis para essa malta com os fundo europeus que não passam de dívida europeia.

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