domingo, 16 de fevereiro de 2025


Criação de empresas e população residente

Tomar no rumo certo? 
Ou rumo a um futuro cada vez mais incerto?


Conforme faz com regularidade, Tomar na rede acaba de publicar mais um painel do INE sobre extinção e criação de empresas na região. É um bom trabalho informativo, que todavia convém ler com cautela. Abrange 12 concelhos, dos quais 5 têm mais de 30 mil eleitores cada um (Abrantes, Ourém, Santarém, Tomar e Torres Novas), e dois têm menos de 3.500 eleitores (Constância e Sardoal). Donde resulta a necessidade de ponderar devidamente cada dado estatístico, para o tornar significativo em termos proporcionais.
Se, por exemplo, Constância conseguiu mais 10 empresas em 2024, isso corresponde grosso modo, respeitando a proporcionalidade, a 100 novas empresas em Abrantes ou Tomar. Da mesma forma, se o Sardoal perdeu 2 empresas em 2024, isso equivale grosso modo a menos 20 empresas em Torres Novas, Abrantes ou Tomar.
Tendo em conta o que antecede, e em termos absolutos, o futuro apresenta-se bastante sombrio para Tomar, quanto à criação de novas empresas. No grupo dos concelhos com mais de 30 mil eleitores, foi o que menos criou, com apenas 79 em 2024, contra 84 em Abrantes, 94 em Torres Novas, 180 em Ourém e 237 em Santarém. Situação deveras preocupante, a pedir inquérito urgente, visando apurar as causas, uma vez que Abrantes (31,047 eleitores) e Torres Novas (30.718 eleitores) têm menos população que Tomar. (33.346 eleitores).
Há até o caso do Entroncamento (16.829 eleitores) que com menos de metade da população tomarense alcançou em 2024 72 novas empresas, quase tantas como em Tomar (79). Em 2023, até nos ultrapassou, como 86 novas empresas contra apenas 84 em Tomar. Porque a população está a aumentar na cidade dos comboios? Nem sequer é o caso. Entre 2021 e 2024 perderam 183 eleitores, contra menos 546 em Tomar durante o mesmo período, a maior queda da região em termos absolutos, contra menos 544 em Abrantes,  e menos 406 em Ourém: Havendo mesmo a grata surpresa de um ligeiro aumento da população em Santarém (+ 128 eleitores), Barquinha (+174 eleitores) e Constância (+41 eleitores).
Nestas assustadoras condições, continuar a insistir que Tomar está "no rumo certo", como fazem os da maioria PS, revela ou um feitio fantasista, ou uma acentuada miopia política. Mas se calhar estou outra vez a ver mal, com óculos de maledicência intencional.

Fontes: INE  e resultados eleitorais 2021 e 2024.

11 comentários:

  1. Para quem goste de pensar um bocadinho sobre a realidade envolvente, a crónica fornece dados demográficos muito significativos. Enquanto o Entroncamento, não há muito tempo um concelho em franco progresso, com aumento da população, regista agora uma perda de 183 eleitores entre 2021 e 2024, Vila Nova da Barquinha, logo ao lado e em tempos condenado por ser um micro-concelho, com menos de 10 mil habitantes, consegue um inesperado aumento de 174 novos eleitores em 3 anos, quase tantos como os desaparecidos do vizinho Entroncamento. Como e porquê? Assim à priori, sem adequado estudo prévio, arriscaria como explicação problemas de insegurança urbana, relacionados com a comunidade calé. Fartos de problemas de difícil solução, alguns cidadãos resolveram mudar-se para a Barquinha, mesmo ao lado e muito mais pacífica.

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  2. Os discursos do presidente da câmara são todos com brilho e delírio. Aqui há uns tempos numa assembleia em Carregueiros disse que entre coimbra e lisboa, não há cidade que se possa comparar a tomar, em bem estar e acolhimento. Fica tudo dito. Empresas? Que maçada

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    1. É desde 2013 o grande problema tomarense. A cidade e o concelho que a maioria socialista vê, não é aquela onde vivem os eleitores todos, mas uma coisa idealizada, sem lacunas ou outras deficiências. Por isso estamos como estamos, e com tendência para piorar.

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  3. Como gostam de dizer ambos os líderes partidários tomarenses, "os números não mentem".
    É verdade mas podem ser facilmente interpretados conforme as conclusões que nos mais nos convêm.
    No último encontro empresarial convocado pela Câmara, mobilizando os empresários de sucesso do concelho, foram apresentado pelo presidente, como prova da dinâmica empresarial, 3 destes indicadores: criação de empresas, volume de exportações e desemprego. Todos muito favoráveis.
    Ora bem, sem um detalhe qualitativo, isto não significa nada: A maior
    parte das empresas são unipessoais, as exportações estão também relacionadas com o turismo e o desemprego é diluído, até pela onda de emigrantes que chegam a Tomar.
    Na realidade, qual é o valor acrescentado que a economia local gera com este panorama de investimento?
    O pior de tudo, é essa convicção de estarem no caminho certo. É a garantia de que não é preciso ambição.

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    1. Há um número que não engana mesmo, até porque obtido indirectamente, via cadernos eleitorais. Em 3 anos apenas (2021/2024) desapareceram do concelho de Tomar 546 eleitores. -Porque somos um concelho de velhos, e morreram, dirão os especialistas costumeiros. Pois seja, mas Ourém também é um concelho de velhos, tem agora mais população que Tomar, e de lá só desapareceram 406 eleitores em 3 anos. Mais um milagre de Fátima?

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    2. Mesmo com a bazuca do Costa e os emigrantes a economia só cresce 2%. Sem os emigrantes estamos lixados porque os Tugas não gostam de trabalhar. A economia cresce mas a divida também, a bazuca representa eurobonds, divida europeia.

      Só um reparo ao comentário do eng.Caldas: o turismo são de facto exportações mas também há empresas em Tomar que exportam, são poucas mas há: Metalomecânica, rações, móveis, frangos, e é capaz de haver mais que me escapa de momento....

      Realmente as empresas são na sua maioria unipessoais e são muito pequenas. Eu não sou socialista, sou um liberal, mas esta câmara foi a que mais tentou dinamizar o concelho com os eventos, sentiu-se a dinâmica, mas já nenhum partido e nenhum político vai conseguir trazer população e emprego a Tomar como foi no passado. A indústria já morreu e a cidade arrisca-se a passar a vila...

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    3. Como você diz, Helder, esta Câmara foi a que mais tentou dinamizar o concelho com os eventos, mas fê-lo de forma errada. Estamos num regime capitalista, no qual todas as realizações, excepto na saúde e na área social, devem dar lucro, criar valor acrescentado, massa crítica. Eventos que custam milhões sem retorno negociável, num concelho cada vez mais pobre, é como tentar apagar um incêndio colocando mais lenha nas chamas.

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  4. Como já tinha referido o problema principal de Tomar é a economia.
    Sem empresas , em especial as industriais, não é gerado valor acrescentado no concelho e não havendo mais valias monetárias, o resto não tem condições para existir.
    O número de empresas criadas ´é importante . mas mais do que o número é a sua relevância , o que fatura e se exporta , por isso criar muitos alojamentos locais, cafés, restaurantes de pouco vale.
    Não são criados postos de trabalho que requeiram conhecimento especializado e por isso produtos diferencias ou competitivos nos mercados.
    A Tema é um bom exemplo do declínio de uma empresa . como outras importantes que já fecharam. No entanto agora surgiu o Ronaldo dos móveis e até as pernas vão tremer à concorrência.
    O Turismo é apenas um acessório agradável num concelho como Tomar. Ou não fosse terem sido criados mais de 200 alojamentos locais nos últimos 10 anos e a população ter diminuído mais de 6 000 pessoas em Tomar.

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    1. Todos sabemos que o problema é a falta de indústria pesada, e a câmara PS queria também ter essa indústria, só que ela é que não aparece. Nós precisávamos de produzir o essencial para a nossa subsistência mas importamos tudo de fora. Se você for ao Lidl, Aldi, etc..., os produtos vêm todos de fora, os alimentares vêm de espanha, França, Alemanha,..., e os não alimentares vêm da Ásia. É raro você ver produtos alimentares que não se podem congelar portugueses, até as sardinhas, o chouriço, o queijo serra da Estrela e o vinho do porto vêm de espanha e são vendidos como produto nacional.

      Montar indústria custa muito dinheiro, formar técnicos e operacionais para lá trabalharem também, não se compara a formar gente para a hotelaria e restauração, que também tem as suas porras, mas não se compara. Por isso é que a indústria paga mais.

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    2. Comentário certeiro este seu, amigo Helder. Mas que havemos de fazer? É afinal toda uma mentalidade que terá de mudar radicalmente, se quisermos ombrear com outros países europeus. Estive ainda há bocado a meditar no caso do bacalhau. Ainda me lembro da nossa grande frota de pesca que ia para Terra nova, com o navio hospital Gil Eanes e tudo. Com a generosa ajuda da Europa, vendemos tudo, já não há em Portugal desses pescadores. Mas não deixamos de comer bacalhau. Agora compramos à Noruega, um país de gente atrasada, como todos bem sabemos.
      Indústria pesada em Tomar? Ninguém arrisca pois as que já houve faliram todas, por culpa dos patrões exploradores e incapazes, segundo o PCP, por causa dos operários bêbados e agricultores a meio tempo pouco assíduos, devido aos baixos salários. digo eu. Somos agora basicamente uma terra de funcionários medíocres, e de pedintes gastadores, enquanto Bruxelas for financiando...

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    3. Não há nada a fazer, a indústria já não volta. Como curiosidade quero deixar aqui uma nota: há uma nova indústria que todos querem mas que poucos lá conseguem chegar que é a indústria dos microchips, dizem que é o novo petróleo. Os telemóveis, os carros, os electrodomésticos, os aviões, comboios, etc..,etc.., tudo precisa de microchips para trabalharem. Não foi á muito tempo que a produção automóvel parou por causa da falta de microchips. É a indústria mais promissora do mundo...

      Enquanto nós andamos a financiar turismo os estados unidos e a Alemanha financiam a instalação de fábricas de microchips!!! Eles até mandam os técnicos a taiwan para terem formação. Obviamente que os ordenados são estrastoféricos!!!

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