quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Informação local
 
Falta de rigor informativo

É taxativo. Ensina-se em todas as escolas de jornalismo: o quê? quando? onde? quem? como? porquê?. Sem resposta capaz a cada um destes quesitos, não há notícia que valha. Apenas arremedos. Até eu aprendi isto, sem nunca ter frequentado tais escolas. Mas estudei noutras.
Em Tomar, desde 2013 pelo menos, a informação é controlada pela autarquia, com as notáveis excepções d'O Mirante (com sede em Santarém) e do Tomar na rede. A actual maioria paga para que publiquem unicamente o que lhe convém, e os donos dos títulos aceitam a implícita imposição, porque não podem fazer de outra maneira, sob pena de terem de fechar a loja. Precisam de viver, e têm salários e outros encargos a liquidar todos os meses.
Não se compreende por isso porque ficam tão abespinhados quando alguém descreve preto no branco a situação tal como ela é, e não como parece. São feitios ou, usando o palavrão mais adequado, idiossincrasias nabantinas.
Segue-se que, para além da limitação antes mencionada, infelizmente a informação local nem sempre é muito rigorosa, sem que disso se possa culpar  a maioria política financiadora. Parece ser mais uma atitude de tanto faz,  de deixa andar,  de vai  tudo dar ao mesmo.
Eis um exemplo actual, para que não restem dúvidas. A TemaHome, uma conhecida empresa industrial tomarense, estava em pré-falência e acaba de ser comprada por outra empresa do norte, que vai manter os postos de trabalho. A Rádio Hertz entrevistou um dos gestores da empresa nortenha:
A dado passo, pode ler-se que os novos donos da empresa investiram "Cerca de 10 milhões de euros".
Dois dias depois,  o administrador de Tomar na rede foi acicatado por um conhecido comentador marxista local:  
António Pinadiz:
Obediente, José Gaio publicou logo, tipo caixa de ressonância. Citou uma reportagem da RTP 1: 

Aí se fica a saber, finalmente, que os empresários nortenhos salvadores compraram a TemaHome por um milhão novecentos e vinte mil euros, e assumiram um passivo (dívidas) de 6,5 milhões de euros. O que vem a dar um total de 8,420 milhões de euros, um bocadito afastado dos "cerca de dez milhões", noticiados pela Hertz, naturalmente sem má intenção.
É apenas um detalhe, que desta vez foi possível detectar por comparação, e que permite compreender com que molho são normalmente "comidos" os leitores tomarenses. 
Não! Não vai tudo dar ao mesmo. "Cerca de dez milhões" seriam nove milhões e tal.  A diferença entre os montantes noticiados, é de um milhão quinhentos e oitenta mil euros. Cerca de nove milhões, por conseguinte, seria mais próximo da realidade. Falta de rigor evidente. Mesmo com tantos fundos europeus de milhões à borla, mais de milhão e meio de euros, ainda é muito dinheiro. Ou não?


3 comentários:

  1. Caro António Rebelo, eu acho que para além de serem " his master voice " os meios de comunicação tal como os seus donos são de uma grande ignorância em especial em assuntos económicos.
    Continuamos a ler notícias em que a Câmara apoia, e recupera empresas privadas falidas, mas inexoravelmente estas acabam por encerrar com dívidas e desemprego .
    O estado calamitoso do Concelho de Tomar é disso prova.
    Agora é a Tema.
    Para além dos poucos números avançados não serem os corretos, fica a pergunta, quanto custa à Câmara de Tomar as isenções de taxas ao isentarem a "nova" Tema?
    Caso a empresa acabe por falir dentro de uns anos , o terreno é propriedade de quem? O que vai a Câmara ter de fazer para tentar reaver o terreno ?
    Este assunto é um dos cancros da atual zona industrial , onde as empresas que faliram continuam a ocupar terrenos , à espera de resoluções dos tribunais que levam anos, o que provoca a não existência de lotes para instalar novas empresas.
    Mas para além disso , é estranho que uma empresa que exportava 97% do que vendia ( será que afinal eram vendas para a sede em França ??) só venda 3% em Portugal e seja ao mesmo tempo a empresa do setor com mais vendas por internet...
    Por fim o pagamento do milhão e novecentos mil euros foi a quem? Aos bancos para beneficiar do perdão de dívida ?
    E os restantes milhões vão ser pagos em quantos anos?
    Já agora quem vai injetar fundo de maneio para voltar a comprar matérias primas para permitis a laboração e voltar a poder ter crédito ? São os novos donos?
    Para concluir espero que a empresa se aguente , mas este negócio tem um " cheiro " bastante suspeito!

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    1. Permita-me uma confissão: São comentários como este seu que me vão dando alento para continuar a remar contra a maré. Tentando endireitar a sombra de uma vara torta, como me dizia o saudoso Nini Ferreira.

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    2. Mas a câmara ajuda em quê? Com a isenção do imt e imi???!!! É muito pouco!!!

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