domingo, 26 de janeiro de 2025

 Protecção do ambiente

Poluição no Nabão, poluição na informação 

e poluição política no vale nabantino

Imagem copiada da Rádio Hertz, com os agradecimentos de TAD3.

Imagem copiada da Rádio hertz, com os agradecimentos de TAD3.

Urge que nos possamos entender, como tomarenses amantes da nossa querida terra-berço. Na capital e nas terras vizinhas, riem-se cada vez mais de nós. Somos vistos como uns pobres labregos com reacções estranhas, perdidos algures no tempo e no espaço.
Tudo isto porque o natural desenvolvimento tecnológico permitiu o informação livre, espontânea, através das redes sociais, tendo como origem cidadãos e instituições que nem sempre estão preparados para saberem do que falam ou aquilo que dizem realmente, do ponto de vista do leitor.
A recorrente poluição do nosso amado Rio Nabão tem sido matéria para um desastre de grandes proporções, tanto na área da ecologia como em termos informativos e políticos. A coisa atingiu tais proporções, neste ano eleitoral, que até o PSD resolveu poluir a situação, naturalmente atacando a maioria PS (já vai sendo tempo...). mas descambando para o cómico ao escrever que andam a "torturar o Nabão". Coitadinho do rio! O entusiasmo juvenil tem destas coisas...
A poluição do Nabão é algo já com mais de meio século. Antes de 74 havia focos periódicos, provocados pelas tintas da Fábrica de Fiação, as lixivias da Fábrica do Prado, ou os detergentes da Fábrica de Porto de Cavaleiros. Mas eram ocorrências relativamente raras, logo condenadas pelo Nini Ferreira, porque punham em causa a fauna piscícola e ele era um apaixonado pela pesca desportiva de rio.
Meio século depois, já não há fábricas poluidoras químicas, nem peixes mortos, mas sucedem-se os episódios de poluição no rio, logo condenados e ampliados nas redes sociais pelos novos aprendizes jornalistas. As duas imagens supra visam moderar os ânimos, procurando esclarecer um pouco  a situação.
Ao contrário do afirmado pelo PSD, não há "tortura do rio". Apenas o normal desenvolvimento económico e a manifesta incapacidade da actual maioria PS para entender o problema e agir em conformidade. São várias as origens da poluição do Nabão, e a cantilena habitual sobre as ETAR de Seiça e do Alto Nabão, que não têm separadores de efluentes nas redes urbanas que as alimentam, é apenas para desviar a atenção do essencial, pois estão em causa alguns eleitores influentes, urgindo portanto sacudir a água do capote.
A própria Câmara municipal é bem capaz de ser um dos poluidores habituais, via fossas rotas da Estalagem de Santa Iria, que lhe pertence. Pelo menos, quando ao abrigo da LADA, lei do direito à informação, lhes foi solicitado que provassem a  obrigatória ligação da Estalagem à rede urbana de saneamento, responderam que a mesma existia e incluía um sistema de bombagem de efluentes, mas que infelizmente não conseguiram encontrar o respectivo projecto. Curioso, no mínimo. Talvez a ASAE possa vir a esclarecer melhor...
Olhando com atenção para as imagens acima, vê-se perfeitamente que se trata de dois tipos distintos de poluição. Um doméstico, outro industrial. A primeira, aquela com muita espuma, mostra o efeito do excesso de fosfatos nos efluentes domésticos limpos. A espuma aumenta na exacta medida em que as famílias usam cada vez mais detergentes, sobretudo para a roupa, mas também para a loiça. Além do mau aspecto, a outra consequência é a rápida proliferação das algas no leito do rio.
Cada vez mais sobrecarregado com o produto dos colectores urbanos via ETAR, pouco ou nada adiantará, instalar os tais separadores. Os eventuais fornecedores é que são bem capazes de insistir nesse sentido, que o Estado é bom pagador e nunca discute preços, desde que previamente se saiba lubrificar as engrenagens nos sítios certos.
A outra imagem mostra claramente efluentes fecais suinos. Em linguagem clara, merda de porco proveniente de suiniculturas, que esgotaram a capacidade das suas bacias de retenção, sendo por isso forçadas a transferir para o rio, via reboque de 10 mil litros, atrelado a um tractor. No meu modesto entendimento, o único óbice é que os proprietários dessas unidades industriais se mostram demasiado sovinas, mandando despejar os ditos reboques a montante da cidade, para poupar tempo e gasóleo. Mas é o que temos, faltando à actual maioria capacidade e coragem para intervir, à oposição paciência para se conter, e aos das redes sociais vergonha e recato para não andarem a difundir asneiras sem querer, assim contribuindo para aumentar a confusão.
Desculpem a franqueza, que a verdade tende sempre a aleijar um bocadinho.

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