sábado, 4 de janeiro de 2025



Turismo e campismo

Campistas e caravanistas 

regressam sempre onde já foram felizes...

TOMAR – Zona de estacionamento para autocaravanas já está interdita… mas ainda há turistas que ‘batem com o nariz na porta’ | Rádio Hertz

Aparentemente, só o presidente Cristóvão é que não sabia que campistas e caravanistas são gente de hábitos. Tendem a voltar sempre onde já foram felizes. Por isso, ao ser surpreendido pela notícia do link supra, relatando que caravanistas "batem com o nariz na porta", apesar da Câmara ter avisado atempadamente que o "encosto" está encerrado durante todo o mês de Janeiro, o presidente em exercício procurou justificar-se.
Fê-lo em conformidade com a usual cartilha socialista: subsídios, ajustes directos, obras de fachada, festarolas e verdades forçadas. Desta vez, veio de novo à baila a questão do parque de campismo, que foi extinto alegadamente devido à existência de um plano de pormenor municipal para aquela zona, que não prevê tal equipamento no local onde sempre funcionou a contento de todos.
Segundo Cristóvão, "Um Plano de pormenor aprovado antes deste executivo (mas não diz exactamente quando, porquê?), não permite a instalação de um parque de campismo, nem tão pouco de um parque de autocaravanas, nem a prestação de serviços." Embora tendo os seus defeitos, como todos, incluindo o autor destas linhas, o presidente em exercício já demonstrou ser uma pessoa inteligente e bem formada. Deve saber portanto que não está a dizer a verdade toda, assim tentando aldrabar os eleitores.
Na realidade, não há agora em Tomar um parque de campismo como já houve, porque essa é a opção política da maioria PS desde 2013. Os tomarenses ainda se lembram certamente das infelizes declarações da presidente anterior, dizendo que se pretendia atrair visitantes de elevado poder de compra e limitar a vinda de turistas de mochila às costas. Por conseguinte, a justificação do tal plano de pormenor é apenas uma treta para convencer os eleitores tomarenses a continuarem a votar na mediocridade.
Não há dúvida que o plano de pormenor existe mesmo, e com as implicações mencionadas. Mas Cristóvão, a oposição,  os técnicos superiores de urbanismo da autarquia, e os juristas da casa, têm obrigação de saber que o dito documento pode ser revogado pela mesma entidade que o aprovou, nos termos do disposto no Artº 165 nº 1 do Código do Processo Administrativo. Aí se estabelece designadamente que "A possibilidade de revogação justifica-se pela prossecução do interesse público."
Nestas condições, a maioria socialista está à espera de quê, para deliberar a revogação do citado plano e posterior submissão à Assembleia municipal, para aprovação final? Não finjam senhores! Se até já fizeram isso mesmo com os planos de pormenor das Avessadas e do Vale do ovos, por exemplo, que vos impede de continuar nessa via, além da vossa política obsoleta e vesga?
E a oposição, porque continua calada nos assuntos fulcrais? É assim que esperam vir a conquistar os eleitores em Outubro próximo? A época em que "o calado foi a Lisboa e veio no comboio e não pagou nada", já passou há muito. Agora, mesmo reclamando e pagando, nem sempre se consegue ir e vir de comboio por causa das greves. Logo que o PS sai do governo, aumentam os conflitos laborais...

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Acampamento de roms nos arrabaldes de Paris (canal de l'Ourcq)

Flecheirenses e companhia

Os próximos tempos 

vão ser difíceis no país e em Tomar

Vêm aí os migrantes roms

Sem argumentos sólidos e eficazes, a maioria socialista, e até mesmo alguma oposição, limitam-se a criticar o mensageiro, em vez de procurarem agir em conformidade com as mensagens. Ao contrário do que dizem, não é por simples embirração pessoal que nestas colunas se aborda com alguma frequência o problema dos ciganos em Tomar e as suas consequências, que vão ser cada vez mais graves.
Pelo contrário, ao escrever assiduamente sobre assuntos que os autarcas que temos consideram reservados, procura-se prevenir eventuais erros graves, como foi o mal preparado realojamento. Infelizmente, vários indícios mostram que há autarcas e outros cidadãos que não sabem, nem estão dispostos a aprender. Problema deles, mas também nosso, enquanto estiverem no poder. Depois é lá com eles.
Pois estejam atentos. Em Tomar pelo menos, os bons velhos tempos de paz social vão acabar. A contar do primeiro de Janeiro, a Bulgária e a Roménia passaram a fazer parte do Espaço Schengen, o que significa que os seus cidadãos podem circular livremente na UE, incluindo em Portugal,  sem qualquer controlo nas fronteiras. São 7 milhões de búlgaros e 19 milhões de romenos, entre os quais, respectivamente, 500 mil ciganos búlgaros e milhão e meio de roms, ou ciganos romenos. É muita gente de hábitos exóticos.
De acordo com a experiência já colhida em França, na Bélgica e na Itália, a especialidade de muitos dos novos migrantes búlgaros e romenos, que não podem ser expulsos por serem cidadãos europeus, é a mendicidade, a exploração de menores, o roubo e a vida em acampamentos precários. Em França e Itália tem havido sérios problemas com eles, para os quais por enquanto ainda não se encontrou solução capaz.


Portugal,  até agora isolado da Europa pela Espanha e o fraco nível de vida, tem sido poupado nesta nova migração. Ainda assim, a PSP de Lisboa já informou que deteve 141 carteiristas, boa parte romenos, até Novembro do ano passado, mais 50% em relação a 2023. E os romenos e búlgaros ainda precisavam então de passaporte para entrar no país...


Doravante sem qualquer controlo nas fronteiras, vai ser um fartar vilanagem. As próximas peregrinações a Fátima vão render milhões aos carteiristas de origem búlgara e romena, e os roubos nos carros estacionados junto ao Convento, entre outros, vão também aumentar exponencialmente, sem que as autoridades locais disso se dêem conta, porque os lesados, geralmente estrangeiros, nunca apresentam queixa, devido à barreira da língua.
Paralelamente, começando a constar entre a comunidade romani que em Tomar dão casas, é muto possível que apareçam cada vez mais sem abrigo à espera da esmola municipal. Oxalá que não, mas é bem sabido que regra geral "quem semeia ventos colhe tempestades".

quinta-feira, 2 de janeiro de 2025



O desastre do Flecheiro

 Mais duas desgraças à beira Nabão

É voz corrente que "uma desgraça nunca vem só". O evidente desastre do Flecheiro parece confirmar esse dito popular. Por um lado, a complexa operação de realojamento dos acampados, sabe-se agora que foi mal preparada e deficientemente executada, conforme provam as nefastas consequências cada vez mais evidentes e numerosas.
Por outro lado, incapaz de controlar a pesada máquina camarária, sobretudo a sua estrutura de quadros superiores, a maioria socialista acabou aprovando o arranjo paisagístico do Flecheiro, cuja utilidade de facto é quase nula, exceptuando a possibilidade de servir para ir dar banho aos cães. Basta ter em conta que o Mouchão, a Várzea pequena e a Mata, são mais centrais, têm sombras, e mesmo assim quase ninguém por lá passeia, a não ser quando há qualquer actividade ocasional.
Quando a cidade carece de estacionamento, sobretudo para autocarros de turismo e outros pesados, bem como de um campo da feira que não envergonhe, a classe dos quadros técnicos superiores da autarquia soube ser astuta, como de resto é usual. Aliou-se previamente a um gabinete de arquitectura amigo de ambas as partes, e depois impingiu a melhor solução para eles. Um arranjo paisagístico supérfluo, mas que permitiu arrecadar bom dinheiro, tanto no concurso público como depois "por baixo da mesa".
Julga-se não ser segredo para ninguém, uma vez que os intervenientes da Câmara e do referido gabinete são vistos com frequência a almoçar à mesma mesa nos restaurantes da cidade. E depois há até outro infeliz exemplo anterior, com outro gabinete de arquitectura. 
O tão propalado museu do "fórum de Sellium", atrás do quartel dos bombeiros municipais, já custou mais de setecentos mil euros e as obras estão paradas há vários meses, aguardando tempos mais propícios, que dificilmente vão aparecer. As coisas são o que são, e ao contrário do que disse em tempos um conhecido nazi, uma mentira repetida muitas vezes nunca se transforma numa verdade nos meios pequenos, onde toda e gente se conhece.
Caso os tomarenses venham a ter a sorte de conseguir eleger uma câmara de adultos credenciados em Outubro próximo, o Flecheiro terá de ser terraplanado e construída uma ponte pedonal, para transformar aquele amplo terreno de ambos os lados do rio no campo da feira em cada Outubro, e em parque de estacionamenro para autocarros de turismo e outros pesados durante todo o ano.
Quanto ao propalado mas nunca provado "fórum de Sellium", resta pavimentar o terreno, eventualmente enterrando um cilindro de latão com o histórico das escavações e dos alegados achados, para depois entregar aquilo aos bombeiros, como garagem e outras dependências. A não ser que prefiram vender o lote em hasta pública, mas com vista para o cemitério quem é que vai querer morar ali. Só se for a tal habitação social, porque aí, que remédio...


quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

Acampamento precário, numa antiga via férrea da periferia parisiense.

Acampamento precário de migrantes em plena Praça da Bastilha - Paris


Realojamento dos  ciganos do Flecheiro

Um êxito caseiro só para consumo interno

Início de ano é altura de fazer o balanço do anterior. Em Tomar, a maioria socialista alardeia satisfação e contentamento. Consideram estar a governar bem e apresentam como grande êxito do mandato o realojamento dos ciganos do Flecheiro. E a oposição não discorda. Será mesmo assim? É sempre importante considerar outras maneiras de ver, de forma a tentar esclarecer os eleitores tomarenses, que na sua maioria têm como horizonte a colina do castelo ao sol posto.
Li no LE MONDE que a população de Paris (2,2 milhões de habitantes intra periférico). tem vindo a diminuir desde os anos 60, o que me levou a pesquisar as causas. Apurei assim que há nesta altura na capital francesa cerca de 15 mil sem abrigo de nacionalidade francesa, os famosos clochards ou clodo, bem como alguns milhares de imigrantes a viver em tendas nas ruas e largos, e  até um caso particular -o dos ciganos franceses, roms ou manouches.
Ou seja, mesmo com a população a diminuir na ordem das 20 mil pessoas/ano, Paris tem três tipos de sem abrigo ou SDF: os tradicionais clochards, os imigrantes clandestinos e os ciganos franceses. Num total de dezenas de milhares, nem a Mairie de Paris, nem as mairies de cada um dos vinte bairros,  ou as da periferia têm feito até agora algum esforço particular para realojar os ciganos, os clochards ou os imigrantes. Porque será? Falta de recursos? Racismo? Simples pragmatismo? Prudência? Política de direita não será certamente, porque a presidente da Câmara de Paris é do PS e o presidente da Câmara de La Courneuve (ver mais adiante), é da esquerda unida - PCF-LFI-Radicais-Ecologistas.
https://www.humanite.fr/societe/camps-de-roms/paris-2024-pourquoi-50-familles-roms-sont-menacees-dexpulsion-avant-le-paramarathon
Para quem saiba e queira ler francês, o link supra faculta a explicação de um caso particularmente significativo: 50 famílias ciganas, cerca de 200 pessoas, (como no Flecheiro), correndo o risco de expulsão de um acampamento precário, no norte de Paris, em La Courneuve, porque o mesmo está ao lado do percurso de uma prova olímpica.
Para a maioria, que só lê português e pouco, eis um excerto da referida notícia:
"Motivo: As 50 famílias (200 pessoas, entre as quais 60 crianças) que se instalaram no acampamento precário, danificam as instalações e impedem as respectivas reparações. Mas sobretudo, o acampamento precário para roms fica mesmo ao lado do percurso da futura maratona paraolímpica."
Não consegui apurar se afinal as ditas 50 famílias ciganas foram ou não expulsas daquele acampamento precário, por ocasião dos Jogos Olímpicos. Mas anotei que a notícia só fala de expulsão e nunca de realojamento. Ou seja, em Paris e na periferia, onde há dezenas de milhares de sem abrigo e alguns acampamentos  precários, mantêm-se os clochards nas ruas, porque são franceses, mas expulsam-se os ciganos e outros migrantes. Não se realojam. Porque será?
Não tenham medo de clicar no link supra. Não é nenhum jornal do Chega, ou coisa parecida. É uma notícia do L'HUMANITÉ, o jornal do Partido Comunista Francês, irmão mais velho do AVANTE. 
Concluindo, tudo indica que a maioria socialista tomarense, cheia de ilusões teóricas e com a melhor da intenções, não estudou devidamente o assunto antes de proceder ao realojamento dos flecheirenses. Agora, os problemas daí resultantes são vários e tendem a agravar-se. Mas havia e há outras soluções mais favoráveis para todos. É tudo uma questão de coragem e de  humildade perante o saber de experiência feito.
É sempre mau, confundir o La Palisse com o Lafontaine, ou este com o Lavoisier...