sábado, 5 de fevereiro de 2022

 

Estação de tratamento da água captada no Castelo do bode pela EPAL, na Asseiceira

O preço da água em Tomar e em Lisboa

O Hipólito e a EPAL

O Zé Hipólito foi uma figura típica tomarense, nos anos 60 e seguintes do século passado. Comerciante ambulante, mais tarde proprietário de um restaurante, vendia sandes e pacotes de batatas fritas artesanais, aos alunos do Colégio Nun'Álvares. Ao que constava na época, a comida naquela escola não era muito boa nem em quantidade, de forma que os alunos vinham até à vedação em rede das traseiras (onde está agora a Escola Nun'Álvares Pereira) tentar compensar a penúria. Compravam sandes e batatas fritas. Quando não tinham dinheiro, o Hipólito vendia a crédito, mediante penhores. Ficava com relógios, anéis, canetas, estojos para desenho, blusões, casacos, fios de ouro...
A dada altura, para tentar alargar o negócio, o Hipólito resolveu mandar imprimir, numa tipografia local, umas centenas de impressos, tipo programas de cinema, para fazer publicidade. Tendo perguntado quanto custaria, o Nelson, professor de educação física e filho do dono da tipografia, disse-lhe que o mais caro era a gravura. O resto, papel e impressão era insignificante. -Quanto mais programas mandares fazer, mais barato te fica, rematou. -Porreiro pá! retorquiu o Hipólito. -Faz até que fique de borla, e manda pôr lá em minha casa. 
Décadas volvidas, uma grande empresa que comercializa água, a EPAL, para ser mais preciso, parece seguir o exemplo do Nelson tipógrafo: quanto mais vende, mais barato fica. Segundo declarações recentes de Anabela Freitas, que sabe do que fala, uma vez que presidiu aos SMAS Tomar e à Tejo Ambiente, não é possível reduzir o tarifário local e regional da água, porque o fornecedor "em alta", a EPAL, ou uma das suas subsidiárias, vende a água na região onde a capta a preços três vezes superiores aos praticados na região de Lisboa. Em palavras simples, são os labregos do alto Ribatejo que de facto andam a fornecer e a pagar a água aos alfacinhas.:
https://radiohertz.pt/tomar-psd-pede-explicacoes-sobre-o-preco-da-agua-no-concelho-um-dos-mais-elevados-do-pais-anabela-freitas-assegura-que-tarifa-baixou-com-a-entrada-na-tejo-ambiente/
O assunto não é novo. Na década passada, um eleito da CDU, que integrou o conselho de administração dos SMAS, confirmou a quem escreve estas linhas a existência de um acordo de contornos leoninos, da ordem dos 300%, com a EPAL, fornecedora "em alta", o qual contém até uma cláusula que impede a sua denúncia.
Anos mais tarde, o problema mantém-se. Foi aqui escrito a semana passada que na EPAL as tarifas da água diminuem com a distância. Quanto mais longe da captação, mais barato fica. Curiosamente, ou talvez não, o tema saltou para a grande informação nacional. A CNN até colheu declarações de Anabela Freitas, que se mostrou agastada com a falta de informação sobre o nível da água no Castelo do Bode, e a prevista instalação de sistemas de produção de energia solar.
Mas quanto à enorme diferença tarifária da EPAL entre Tomar e Lisboa, nada disse. E os outros intervenientes também não. Já é azar! Se as próprias vítimas se calam, grande deve ser o poder da empresa visada. É que até a Internacional, o hino dos socialistas do mundo inteiro, incita a dado passo: "De pé ó vítimas da fome!" No caso, já não é da fome, felizmente, mas da EPAL Ou estará a dita empresa, e as suas subsidiárias, acima da lei humana?

1 comentário:

  1. A EPAL é um caso estranho, tão como tudo é nesse país que é o nosso Portugal, e digo por isto: é uma sociedade anónima de capitais integralmente públicos!!!!!????? Ela faz parte da Parpública, tal como a TAP, quem quiser saber mais que procure no Google "Parpública Participadas". E digo que é estranho porque se é uma sociedade anónima deveria de ser tudo menos aquilo que é, não deveria de estar atribuída a um nome específico, a Parpublica, mas deveria de ter o capital disperso. Eu não sei se o António sabe mas aí no Brasil as empresas de águas e saneamento são cotadas na bolsa de valores, a companhia de saneamento do estado de São Paulo é cotada na bolsa de Nova Yorque. E existem outras, como a do estado do Paraná, a de Minas Gerais, etc.... O estado é capaz de ter uma percentagem das ações e o resto é disperso. Em Portugal é 100% do estado, o que convém aos políticos para meterem lá os boys e as girls. E repare que apesar de ser uma empresa pública segue critérios comerciais como as empresas privadas, eles vendem á Tejo Ambiente mais caro do que a Lisboa. A malta não sabe estas coisas...

    Eu ontem enganei-o de forma involuntária. O contrato de publicidade do Sp. Tomar não são de 15 mil mas sim de 30 mil euros!!!! Eu estava convencido que era de 15 mas ontem fui ver no Tomar na rede e vi que me enganei. Além da publicidade ainda há aqueles apoios institucionais ás colectividades. Também ontem durante o meu intervalo no trabalho dei uma vista de olhos pelo Facebook de outras equipas de hóquei da primeira divisão e daquelas que vi todas tinham patrocinadores privados, nenhuma era patrocinada na camisola pela autarquia. Óquei de Barcelos, de Turquel, AD Valongo, Sporting Marinhense, etc..., nenhuma delas era patrocinada pela autarquia, todas tinham vários patrocinadores privados. Em Tomar tem de ser a Câmara!!!!! O União de Tomar é patrocinado por uma metalomecânica de Torres Novas!!!! Onde anda a iniciativa privada de Tomar???!!!!

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