quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

 


Autarquia - Arruamentos urbanos

Um passadiço para enfeitar e pouco mais

Há mais de dez anos que foram dotadas de passeios e de saneamento capaz as estradas nacionais de entrada em Tomar, conhecidas genericamente como Estrada de Leiria e  Estrada de Coimbra.  Foi o malvado do Paiva que mandou executar aquelas obras, deixando de fora a Estrada de Torres Novas e a Estrada de Lisboa. Só o próprio e os entendidos locais saberão explicar porquê.
Tantos anos volvidos, uma câmara confortada por duas maiorias absolutas, cai no ridículo de anunciar um passadiço do Padrão (de S. Sebastião) ao Padrão (de D. João I). Uma coisa extraordinária para menos de cem metros de extensão.
A evidente falta de oposição e a tradicional passividade dos tomarenses, incluindo os raros que escrevem, dá nisto: Os eleitos da actual maioria não se enxergam, nem falam com quem lhes diga a triste verdade. O tal passadiço é uma vergonha. Uma anedota. Porque embora por ali haja ruínas de uma ponte romana, sabe-se que não é para turistas, nem só para ciclistas. Apenas um triste e pobre remedeio para o bem conhecido estrangulamento e falta de segurança da estrada.
Mas de que serve afinal o dito passadiço? Após a capela de S. Lourenço, a falta de condições mínimas para peões e ciclistas é praticamente a mesma até Santa Cita. A única diferença é que, em último caso, peões e ciclistas podem saltar para as valetas, que nem sequer existem do lado nascente, onde pretendem fazer o passadiço. O problema é que se trata de uma solução que não resolve nada. Tal como aconteceu em tempos com os semáforos. Durante a maior parte do trajecto, e mesmo ali, nem sequer há passadeiras pedonais para quem queira atravessar a estrada. Na freguesia urbana!
Uma vez que parece não haver dinheiro nem vontade para resolver o problema de uma só vez, não seria melhor fazer agora, em vez do passadiço, uma plataforma de alargamento, assente em pilares de betão armado? É que depois já se poderia aproveitar, nas futuras fases inevitáveis da obra.
Quando finalmente concluirem que o passadiço apenas serve para entreter, para gastar dinheiro, para ornamentar e pouco mais. A tal mania de enfeitar, como se Tomar estivesse sempre em festa.
Para quem não sabe nem vê mais longe, Tomar é realmente uma festa...com o dinheiro de todos nós.
Mas como as próprias vítimas do evidente desmazelo se vão calando, que fazer? Nunca convém ser mais papista que o Papa.

2 comentários:

  1. De facto é confrangedor.. mais ainda sabendo das parangonas que foram feitas a respeito desta "obra" mesmo antes do período de campanha eleitoral..




    É aqui e no resto do país: a febre das ciclovias e passadiços que veio dar novo alento à dinâmica autárquica (foram 20 anos a fazer rotundas por este país fora.. e a inaugurá-las), que mais uma vez demonstra não querer saber dos cidadãos - sem soluções de continuidade de passeios, iluminação pública, passadeiras acabam por agravar ainda mais a falta de segurança para os peões.

    Nesta caso em particular, é como diz - não existe/não é publicitada qual a estratégia (ligar localidades? será para peões e ciclistas? iluminação? custos de manutenção? TRAVESSIAS PEDONAIS do rio, eliminando uma fronteira natural com 5km.. etc)

    O projeto é apenas um passadiço com base em betão armado e estrutura metálica e deck em madeira.. com 2m de largura, sem iluminaçao, sem passadeiras, etc..

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  2. Entendo que mais grave ainda é a atitude arrogante de quem devia prestar contas aos eleitores. Agem como autocratas que não erram nem toleram opiniões diferentes.
    E os cidadãos prejudicados também não protestam. Já estão por tudo, o que se compreende ao fim de tantos anos de governantes incapazes. Devem pensar, tal como eu, que o desastre é sem remédio, mesmo com dinheiros europeus.
    Há inteligência e capacidade no mercado. Mas não se vendem. Só se alugam.

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