quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

 

Aspecto do bairro Nª Sª dos Anjos

Autarquia - Habitação

Mais habitação a  custos controlados em Tomar?

Tem-se notado, desde a campanha das autárquicas, o esforço de Anabela Freitas para promover a construção de alojamentos a custos controlados em Tomar. Não se sabe se na freguesia urbana, se nas outras, se em ambas. Pensou-se pois que era mais um expediente eleitoralista para tentar camuflar a evidente falta de planeamento da actual maioria autárquica. Erro de análise. O dito processo está afinal muito bem fundamento, tendo por base um estudo de 86 páginas, intitulado "Estratégia Local de Habitação de Tomar - ELH Tomar", elaborado por Terrisirga, Territórios & Redes, Lda, cuja sede se ignora onde seja, tal como as razões que levaram à sua contratação.  Ou quanto custou. O costume. Na óptica dos actuais membros do executivo, incluindo os do PSD, os munícipes não têm nada que andar a meter o nariz onde não são chamados. Por isso, quanto menos informação, melhor. Evita problemas, sempre desagradáveis para o pretenso escol dos eleitos. (Adenda - A empresa tem sede em Lisboa, na Av. Duque de Ávila, um capital social de 5 mil euros e foi fundada em 2015, com o NIF 513 436 545. Agora só falta saber quanto custou o relatório citado. Têm a palavra os eleitos do executivo...)
O mal entendido sobre a fundamentação da proposta da srª presidente resultou afinal de mais uma atitude camarária inaceitável, que consiste em não revelar atempadamente a existência de estudos técnicos, pagos com dinheiros do orçamento municipal. Adiante.
Lido com algum detalhe, o citado relatório revelou-se honesto tanto quanto possível. Bem estruturado, bem documentado e bem escrito, nota-se que foi feito a pedido, de forma a levar a determinadas conclusões. Como quando na indústria cinematográfica se encomenda determinado argumento. 
Num estilo algo ditirâmbico, o relatório apresenta "Tomar no contexto nacional e internacional", um manifesto exagero, dado que além-fronteiras, salvo os emigrantes, ninguém sabe sequer onde fica Tomar, ou o que é. Apenas conhecem, ou ouviram falar, de Lisboa, Porto, Fátima e Algarve. Quando perguntam ao autor destas linhas de onde é, responde-se sempre "de Tomar, uma cidade pequena, a 35 quilómetros de Fátima." As coisas são o que são.
Carecem igualmente de cabimento pleno, expressões como "Um território central, Um território cultural, Um território criativo e inovador, Um território cosmopolita, Um território de qualidade de vida".  Alimentam o ego local, mas não correspondem. Criam ilusões. Tanto mais que há até redundância. Jamais ouvi falar de criação sem inovação, por exemplo.
Além do estilo empolado, há também expressões de todo inaceitáveis em documentos técnicos. Exemplos: Perda de população superior a 8,5%  Exactamente quanto? ...."mais de 25% das perdas demográficas" 26%? 29%? 40%? Tudo corrresponde a mais de 25%.
Falando especificamente da população e do alojamento, os autores são bem explícitos: "A UF de Tomar apresentava-se como a única freguesia do concelho com mais de 70% dos alojamentos ocupados como residência principal, (Cá está outro exemplo de imprecisão. "Mais de 70%" corresponde rigorosamente a quanto? 75%? 90%?) revelando ainda um elevado peso dos alojamentos vagos", que um quadro anexo mostra ser de 15%. Perante o que, a pergunta inevitável parece ser esta: Com 15% de alojamentos vagos só na freguesia urbana, onde presuntivamente serão edificados os futuros prédios a custos controlados, será prioritário, prudente ou sequer oportuno, edificar mais alojamentos, mesmo subsidiados? Para quem?
Refere também o relatório que o chamado "Bairro calé", oficialmente "Centro de acolhimento temporário", é apenas uma solução de médio prazo, devendo os seus ocupantes transitar para os novos alojamentos. Mas se nos lembrarmos que a requalificação dos sanitários da Várzea grande, uma coisa pequena e de curto prazo, tardou afinal mais de cinco anos, a tal anunciada mudança a médio prazo será coisa para daqui a 10 -15 anos, na melhor da hipóteses. Se entretanto se mantiver a actual orientação política da autarquia, virão então refugiados ocupar o Centro de acolhimento temporário. De marroquinos, a afgãos, passando por vietnamitas, há milhões aguardando a oportunidade, por essa Europa fora e nos campos de refugiados. É essa a estratégia? Acolher refugiados e outros assistidos, para tentar colmatar o rombo causado pela emigração?  Estaremos preparados?

7 comentários:

  1. O Bairro nossa senhora dos anjos, o bairro Salazar e o bairro da caixa são bairros sociais, são habitação social não são o que a presidente se refere com habitação a custos controlados, que é um conceito estranho, qualquer projeto imobiliário implica controle de custos. Eu penso que ela se estaria a referir a algo mais do tipo da Nabância. Ela, a presidente, veio com este conceito durante os debates, em que ela e o candidato Chega mencionaram que os engenheiros da SOFTINSA residiam nos concelhos vizinhos porque a habitação em Tomar é muito cara!!!!! O que eu acho estranho, trabalhadores altamente especializados que supostamente ganham bem e não conseguem viver em Tomar????!!!! há habitação á venda em Tomar de todo o tipo e preços!!!!! O que dirão os trabalhadores do comércio!!!!!

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    1. Segundo o que me disseram e a ideia com que fiquei após a leitura do documento citado, trata-se de edificar habitação social dando-lhe outra designação menos marcada, para evitar eventuais problemas.
      O ideal seria que a srª explicasse, claramente e sem artifícios de linguagem, qual é mesmo a sua intenção. Mas é mais ou menos o mesmo que esperar que um leão se torne vegetariano.

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    2. A presidente foi muito clara nos debates, ela identificou como causa para o envelhecimento da população do concelho e a não fixação de casais jovens, o preço elevado das casas. Pensei para com os meus botões: "Porra!!!! Então eu ouço os políticos locais a dizerem que o que interessa a Tomar são empregos qualificados, e esses empregados não têm dinheiro para residir em Tomar???!!! Sujeitam-se a viagens diárias entre Tomar e o Entroncamento, e Tomar Ourém, gastam dinheiro com combustível e a manutenção do carro, perdem uma hora por dia em trânsito???!!!! Será que a diferença no preço das casas e nos arrendamentos é assim tão grande???!!!! Valerá a pena???!!!!"

      Hoje ouvi uma muito gira no canal YouTube da rádio Hertz e que penso que lhe escapou a si, António Rebelo, e que foi a vereadora Filipa Fernandes a anunciar uma campanha para atrair os casais jovens a fazerem compras no mercado Municipal porque a clientela habitual é assim mais idosa, e que consistia num concurso em que os seis casais mais jovens que façam compras no mercado recebem um voucher de 30€ para jantarem num restaurante da cidade!!!!! Ao que chegámos!!!! Você sabe que já aqui tenho elogiado muito a Filipa Fernandes mas ela agora borrou a pintura. Eu nem entendo porque é que ela se mete nisso pois o pelouro é do Helder Henriques, mas se a Câmara quisesse dinamizar o mercado porque é que não incentiva os vendedores a se associarem, a criarem e a manterem um sítio na Internet para venderem os seus produtos e a levarem os produtos ao consumidor como fazem agora os hipermercados???!!!! Os familiares que moram longe até poderiam encomendar os produtos e depois os idosos que são indo-excluídos recebiam em casa. Uma campanha de 180 euros numa autarquia com um orçamento de 40 milhões é ridícula!!! E não sei se a oposição fez alguma crítica a esta medida ou não, o vídeo é muito curto!!!!

      Gostava de ver os vereadores da oposição a criticarem a decadência económica do concelho. Eu se fosse vereador da oposição proporia um voto de pesar pela situação económica do concelho, que obviamente seria chumbado, mas ao menos falava-se nisso. O concelho bateu no fundo, seria interessante analisar os indicadores financeiros como o PIB anual do concelho de Tomar, e de onde é que ele vem, se do público ou do privado. Nós temos uma líder da oposição que é licenciada em economia, um vereador PSD engenheiro formado na Universidade de Aveiro e um outro que é professor do politécnico, tinham obrigação de saber fazer melhor. Tinham de ser incómodos, fazer as preguntas pertinentes, enfim fazer oposição. Eu já aqui escrevi e vou voltar a frisar isto para as pessoas perceberem o quanto a economia local bateu no fundo: Não há uma empresa em Tomar capaz de dar 10 ou 15 mil euros para patrocinar o Sporting de Tomar!!!! Isso nunca aconteceu na história de Tomar. Vocês no pavilhão e no estádio não vêm a publicidade como se via antigamente!!!! Antigamente tínhamos mecenas locais e outros que partiram de Tomar com uma mão á frente e outra atrás e fizeram fortuna e que ofereciam coisas ao concelho, como ambulâncias, outros ajudavam na construção das sedes pelas aldeias do concelho onde nasceram, depois até ficava lá uma placa a identificar o benemérito, e tudo isso acabou!!!! Já li algures que houve um empresário que ofereceu um Mercedes á câmara, penso que terá sido antes do 25 de Abril.

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    3. A malta do PSD tem de perder a vergonha, têm de ser um bocadinho inconvenientes e levantarem um bocadinho a voz nas reuniões de câmara, fazerem barulho nem que seja no Facebook para passarem a mensagem e educarem as pessoas. Eu vejo vídeos na net de vereadores de outros concelhos a gritarem com o presidente da Câmara, já não digo para chegarem a vias de facto, mas como a nossa presidente é uma pessoa bastante autoritária se a mensagem não passar a oposição deve de levantar a voz. Se a presidente expulsar alguém então abandonam todos e vêm para as redes sociais explicar o sucedido. Como decorrem agora as reuniões são uma vergonha!!!! Nós vemos a malta do parlamento a atacarem-se: "És um manso", "Manso é a tua tia", já tivemos até um ministro penso ter sido o Catroga a dizer: "Isso são pintelhos", a querer dizer que era uma coisa sem importância. Pobre Tomar!!!!!

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    4. Essa da doação do Mercedes foi bem antes do 25 de Abril. O carro ainda existe e está agora (ou estava) guardado no 2º piso do ParqueT 1, reservado para a autarquia.
      Quanto aos restantes temas, concordo totalmente. A líder da oposição devia seguir o exemplo do Rui Rio: marcar eleições e data para sair. Ou ela ainda pensa voltar a encabeçar a lista em 2025? Bem sei que Tomar parece cada vez mais uma terra de pasmados, mas também nem tanto!

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    5. António, eu não estou a exagerar. Temos de dizer a verdade às pessoas. Tomar morreu e ninguém fala nisto. Quando a Sra presidente disser que Tomar está no Rumo Certo, vem para aí a Air Liquide, temos a Softinsa, a critical software, e mais não sei o quê, alguém tem de lhe dizer estas coisas: não há em Tomar uma empresa com capacidade de patrocinar o Sporting de Tomar em 15 mil euros por ano!!!!! É incrível!!! Ninguém fala nisto. Os opinadores, economistas como o seu amigo José Rogério, ou os engenheiros como o Tiago Carrão, vêm para os média locais escrever e dizer trivialidades, andam ali ás voltas e acabam por não dizer nada!!! Tem se falado muito na inflação ultimamente, você sabe como é que se calcula a inflação??? É através da evolução do preço de uma cesta de bens essenciais. Há quem calcule a paridade do poder de compra entre países através do preço dos hambúrgueres no McDonalds. Eu afirmo que Tomar morreu, que não há actividade económica suficiente, que os jovens abandonam para ganhar o pão, com base no indicador que referi: não há um "carvalho" de uma empresa que consiga patrocinar o Sporting de Tomar!!!! Agora é patrocinado pelo município de Tomar. Antes foi pelo Politécnico!!!!! Haja algum deputado Municipal que leia estas palavras e que vá para a assembleia Municipal falar nisto. Tomar morreu, paz á sua alma. Vão se os jovens e ficam os velhos e os funcionários públicos....

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    6. Não escrevi, nem penso que você exagera. Até porque concordo quase sempre com as suas opiniões. Temos contudo que ter em conta que Tomar de facto ainda não morreu. Que está quase em estado de coma, é um facto. Que parece o Egipto, com tantas múmias, também é um facto. Mas morta e enterrada, ainda não.
      Não sei é se ainda haverá gente interessada, suficiente e capaz de se erguer para salvar Tomar. Têm a palavra os senhores especialistas locais. Por exemplo os que pensam que Tomar a dianteira é demasiado agreste.

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