Tomar é um terra de gente pouco politizada e entranhadamente conservadora. Sempre foi. Não por acaso, escassas semanas antes do 25 de Abril, aquando do falhado golpe das Caldas, os militares insubmissos foram dominados e presos por outros militares... idos do tomarense Regimento de Infantaria 15. E desde que há eleições livres para a autarquia, sempre o vencedor tem sido um funcionário ou ex-funcionário público conservador, com a notável excepção do infeliz Corvêlo de Sousa, simples vítima das circunstâncias.
Compreende-se esta tendência generalizada para esperar tudo do estado e logo dos seus empregados, dantes servidores, agora na sua maior parte simples aproveitadores prepotentes. Mormente num concelho em que os eleitores/funcionários são largamente maioritários. Só que a crise iniciada em 2008 não há meio de acabar e a dívida pública não pára de aumentar, mesmo com os malabarismos do artista Costa. E os cidadãos eleitores andam positivamente acagaçados. Para usar uma frase de índole religiosa, não sabem a que santo rezar.
Neste ambiente de incerteza, nervosos e por isso inquietos, os mais ousados resolveram empreender uma fuga para a frente. Assim a fingir que são heróis. Pela primeira vez na história local, um autarca em exercício resolveu anunciar a sua recandidatura mais de 20 meses antes do previsto acto eleitoral. Passada a estranheza, Tomar na rede noticiou que Ivo Santos poderia ser o número dois dessa recandidatura. Surpresa e das grandes, um recente comentador destas lides, que assina José da Silva, um evidente nome suposto ou de empréstimo, foi mais longe. No mesmo blogue Tomar na rede tratou primeiro de assassinar politicamente a recandidata Anabela Freitas, traçou depois um perfil com foto do candidato ideal para a substituir como cabeça de lista da mãozinha e finalmente avançou a apoiar com entusiasmo o candidato que serviu de modelo para a foto do perfil.
É uma técnica conhecida, esta dos perfis à medida, que na política quase nunca dá bons resultados. Que o diga José da Silva, desculpem! José Vitorino, que assim foi designado numa primária interna do PS, feita à medida do seu perfil...e depois perdeu estrondosamente. Porque Roma não paga a traidores e nesse caso os eleitores tomarenses nunca se esqueceram que Vitorino fora antes autarca do PSD...
Desta vez o candidato a candidato até tem boas qualidades, o que aqui em Tomar nem sempre é uma vantagem. Trata-se do professor Ivo Santos, também empresário multifacetado, com algum sucesso. Infelizmente para ele, na minha pouco arguta opinião, esta sua proto-candidatura apenas serve para o queimar. Por um lado, porque o seu perfil foi relativamente mal traçado. Ninguém percebe por exemplo porque carga de água deve o futuro candidato ser da "nova geração", seja lá isso o que for. Por outro lado, lá está, porque Roma não paga a traidores. E o bom do Ivo já foi autarca eleito nas listas do PSD e depois cabeça de lista do CDS numa eleição seguinte. De forma que, surgir agora a encabeçar a lista PS só poderá ser um enterro de primeira classe.
De resto, tenho para mim que quem quisesse queimar simultaneamente a recandidatura da Anabela e a candidatura do Ivo, não procederia de outro modo. É só esperar pela confirmação.
anfrarebelo@gmail.com..
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