sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Ele há coisas...

Um leitor que amavelmente respondeu ao meu convite para colaborar, abordou a questão do PDM, um assunto da sua área profissional. Referiu dois aspectos fulcrais: a revisão do monstro faz que anda mas não anda; a autarquia devia pagar atempadamente mas não paga.
Nunca entendi a utilidade de um PDM, a não ser como bíblia para os senhores técnicos superiores autárquicos, muitos dos quais se consideram soberanos nos seus micro-reinos. Para o comum dos mortais é apenas mais uma daquelas coisas para mobilar. Para os investidores um impecilho que obriga em geral a prestações por debaixo da mesa.
Aqui em Tomar, a engenhoca nunca foi levada muito a sério. O que não surpreende, pois a sua elaboração foi, segundo várias fontes contactadas, muito deficiente. E mesmo algumas personalidades então convidadas a participar, melhor fora que tivessem ido tomar banho na albufeira do Bode. Teriam ficado menos sujas. Mas agora, já está já está, dizem os mais entendidos.
Trata-se do mesmo raciocínio que permitiu a sobrevivência entre nós dessa monstruosidade chamada Santa Inquisição, durante perto de três séculos. Três longos séculos! E há semelhanças entre as duas criações humanas. Desde logo, ambas foram concebidas com a melhor das intenções. A Santa Inquisição para preservar a religião católica. O PDM municipal para preservar a visão oficial e centralista do planeamento.
Ambas surgiram igualmente em momentos de grande convulsão social, associada ao desenvolvimento político e económico. A Inquisição praticamente no auge dos descobrimentos, os PDMs com a adesão à Europa e a vinda dos respectivos biliões de euros. Porque será?
Tal como sucedeu com as repúblicas socialistas e com o seu símbolo maior -o muro de Berlim- também os PDMs, estou convencido, acabarão por colapsar. Terão o mesmo fim dos saurópodes, que, segundo uma das teorias em voga, desapareceram porque a respectiva boca era demasiado pequena para alimentar tão grande corpansil. Tal com sucede agora com os PDMs. As cadelas autárquicas, mal nutridas pelo governo central (que só pode distribuir aquilo que antes consiga cobrar), têm cada vez mais dificuldade para alimentar tanto cão...

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