Em plena crise política tomarense, José Gaio, o mais arguto jornalista tomarense, apesar de emigrado na Suiça, faz no seu Tomarnarede algumas perguntas muito pertinentes. Destaco esta: "Qual o papel de Bruno Graça (CDU) no meio de toda esta disputa política?" Embora discordando da expressão "disputa política", por considerar que se trata antes de mera disputa familiar entre os filhos políticos de Luís Ferreira e o seu pai ditador e abusador, reconheço ser ainda assim uma interrogação fundamental. Porque a câmara tem sobrevivido e continua em funções exclusivamente graças à evidente abnegação de Bruno Graça. Que não é nenhum ingénuo e muito menos um analfabeto político. Por conseguinte...
Procurando responder à justa interrogação de José Gaio, fui reler o longo comunicado da CDU e dele respigo o seguinte:
1- Em Novembro de 2013, a CDU apresentou uma proposta sobre a situação financeira do município e manifestou-se contra a nomeação de Luís Ferreira como chefe de gabinete. "Nem a proposta nem a opinião foram tidas em conta" informa agora a dita coligação.
2 - "Em Dezembro de 2014, as contradições entre os vereadores do PS e o chefe de gabinete agudizaram-se... ... Face à situação, a senhora presidente assumiu o afastamento do seu chefe de gabinete como uma decisão indispensável ao bom funcionamento e imagem do executivo, primeiro até à Assembleia Municipal de Fevereiro de 2015, depois até à Assembleia Municipal de Abril, depois até à Festa dos Tabuleiros, depois até à semana seguinte às eleições de 4 de Outubro e finalmente até 1 de Novembro de 2015."
3 - Em 2 de Outubro de 2015 a CDU entregou à presidente da câmara uma declaração da qual Tomar a dianteira destaca o seguinte: "A CDU considera que a decisão do sr. Luís Ferreira de concorrer ao procedimento de mobilidade interna na sua carreira, passando de funcionário do Município de Alpiarça para o de Tomar, é uma decisão do seu foro pessoal.
Contudo, a CDU de Tomar manifesta a sua total discordância em relação a este processo e dele se demarca, por considerar que ofende os mais elementares princípios da ética democrática e política."
4 - Supostamente em Novembro ou Dezembro de 2015, Bruno Graça é taxativo: 1. - "As reuniões...continuam a não ocorrer. Há mais de 3 meses que não se realiza nenhuma reunião entre os quatro eleitos"; 2. - "Nada foi avançado sobre o posicionamento do sr. Luís Ferreira na estrutura do município; 3. - A redistribuição de competências continua por realizar. ... ... ..."
Face a este rol de problemas da mais variada espécie, lógico seria que o vereador da CDU já tivesse renunciado aos pelouros que exerce e assim acabado com a coligação apenas nominal (tanto mais que nem precisa do inerente vencimento), precipitando a realização de eleições intercalares. Mantendo-se por assim dizer a meio da ponte, dá a ideia de estar a compor uma imagem de mártir, como forma de vir a conseguir mais votos em futura consulta eleitoral. Todavia, manda a verdade acrescentar que também deixa a porta escancarada à restante oposição: "A CDU tomará posições autónomas nas reuniões de Câmara e da Assembleia Municipal, face a propostas e posições apresentadas pelas diferentes forças políticas presentes nestes órgãos."
O PSD e o os IpT estão à espera de quê para convocar uma reunião conjunta visando um acordo tácito para deixar o executivo sem quorum, forçando assim eleições intercalares? Não lhes convém?
Os IpT ainda nada disseram sobre o o actual momento, o que não pode deixar de surpreender. Quanto ao PSD, publicaram um comunicado mal amanhado, todavia com uma frase excelente sob todos os pontos de vista: "Temos uma câmara espartilhada, limitada, desorganizada, sem rumo e sem projectos para o concelho de Tomar." Eu não diria melhor. E então? Avançam ou saem de cima?
Contacto: anfrarebelo@gmail.com
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