sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Vivemos numa aldeia global


Infelizmente, a crise económica que assola a cidade e vai continuar a agravar-se não é só local. É também regional, nacional e mundial, embora mais ou menos grave consoante as cidades, as regiões e os países. A demonstrar que vivemos afinal numa aldeia global, onde os problemas de uns são também os dos outros. No que concerne à crise nos Centros históricos, eis o que noticia o Le Monde (o grande jornal francês de esquerda, com uma tiragem diária de 300 mil exemplares), na página 6 do seu caderno Economia, datado de 12/01/2016:




Tradução: "Centros históricos à venda - Os centros históricos das cidades médias francesas estão confrontados com o encerramento de estabelecimentos comerciais, uns a seguir aos outros. Em causa a dispersão urbana e o desenvolvimento das grandes metrópoles. As zonas turísticas são as únicas excepções."
"O turismo para salvar o comércio tradicional e lutar contra a desvitalização - O turismo como tábua de salvação ? A hipótese é séria. Entre as cidades que ainda escapam à desvitalização figuram as grandes metrópoles, mas também as cidades turísticas, tais como Nice, Saint Jean de Luz ou Sables d'Olonne"

Em resumo: Em França, os centros históricos também definham a olhos vistos e só o turismo os pode salvar. Sucede que -precisão importante para os tomarenses que gostam muito de se vangloriar com a multidão que vem assistir aos Tabuleiros- não é bem o turismo de forma abstracta que pode salvar a economia de centros históricos condenados. A salvação está nas despesas dos turistas. O que é bem diferente.
A experiência demonstra que Tomar está muito mal posicionada nessa área. E vai continuar a estar, caso os responsáveis pelo seu futuro -que somos afinal todos nós- não tenham a coragem necessária para avançar. Para alterar o que está mal. Para mudar para melhor.
Por outras palavras, pouco ou nada adianta, em termos económicos, atrair milhares de visitantes, se depois não sabemos, não queremos ou não podemos agir de modo a levá-los a abrir os cordões à bolsa. Comendo, bebendo, comprando...
Alcobaça, Batalha, Évora, Óbidos ou Coimbra, por exemplo, já vivem também do turismo e dos turistas, porque os seus pontos de interesse se situam nos respectivos centros históricos. Como bem sabemos, não é de todo o caso de Tomar. Cada vez mais turistas vêm visitar o Convento de Cristo = Património da Humanidade = grande atracção a nível internacional. Mas muitos nem sequer chegam a visitar o Centro Histórico. Por isso pouco gastam cá. Os comerciantes locais que o digam...
Porque assim é, se queremos realmente desenvolver a economia turística tomarense, é mesmo imperativo alterar para melhor a situação actual. Fixar como objectivo a alcançar que todos, ou quase todos os visitantes, venham passear e gastar no Centro Histórico. Exactamente aquilo que proponho no meu anterior texto Uma proposta honesta. Trazer os turistas até ao centro da urbe, antes e depois de visitarem o Convento, cobrando-lhes estacionamento e deslocação ida e volta. Incentivando-os assim a consumir. Não por opção política. Simplesmente porque não há outro modo relativamente rápido de revitalizar o Centro Histórico, incrementando em simultâneol o turismo local.
Aqui deixo o meu apelo aos tomarenses de verdade e aos autarcas: Por favor, acudam à cidade. Avancem ou deixem avançar. Não tornem ainda mais difícil o que já não é fácil. É o nosso futuro como comunidade local viva e dinâmica que está em causa. Saibamos todos ser dignos da nossa história e dos nossos antepassados ilustres!

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