sábado, 12 de abril de 2025

 

Um dos acessos ao castelo de Leiria.

Turismo e estruturas de acolhimento

TOMAR/LEIRIA: 
Mais turistas mas menos equipamento

Num saudável, sereno e raro debate escrito sobre turismo e indústria em Tomar, o leitor José Caldas discordou da posição de TAD3, segundo a qual Tomar deve apostar sobretudo no desenvolvimento do turismo. Segundo José Caldas, sem indústria nada feito, Teremos apenas baixos salários e empregos pouco qualificados. E apresentou Leiria, como exemplo de desenvolvimento industrial e turístico.
Procurei esclarecer então que a cidade do Liz é sem dúvida um caso feliz de desenvolvimento industrial, mas nunca foi nem é um grande polo turístico, por evidente falta de recursos/âncora. Intuindo que José Caldas não ficaria assim muito convencido, foi-se à procura de argumentos para mostrar a diferença entre Tomar e Leiria, na área do turismo cultural.
Em Tomar, o principal monumento é o Convento de Cristo, que registou 311 mil visitantes em 2024, a 15 euros cada um (4 milhões 665 mil euros, que vão para Lisboa, porque a Câmara nunca reivindicou a gestão do Convento). Durante o mesmo período, o Castelo de Leiria, principal atracção turística daquela cidade, registou 124.788 visitantes, a dois euros cada entrada (249.576 euros, que entram nas contas camarárias). Há portanto uma nítida diferença entre as duas cidades, tanto em termos quantitativos como qualitativos, tendo em conta o custo da entrada nos monumentos respectivos.
O mais insólito na comparação Leiria-Tomar é que, apesar dos 311 mil visitantes em 2024, a 15 euros por cabeça, em Tomar o acesso ao Castelo-Convento, a partir do centro histórico, só pode fazer-se a pé, via Calçada de S. Tiago ou pela Mata dos 7 montes, ou em transporte motorizado poluente. Já em Leiria, com apenas 125 mil visitantes em 2024, a 2 euros cada um, pode escolher-se a forma de acesso ao Castelo. Além das vias pedestres tradicionais, há também um elevador inclinado, do lado norte, e dois elevadores verticais do lado sul do castelo. (ver imagem supra)
Fiquei com a impressão que em Tomar estamos um bocadinho atrasados na área dos acessos ao Convento, quando comparamos com Leiria, por exemplo, e andamos a procurar disfarçar com a necessidade de reindustrialização, mas é capaz de ser apenas uma opinião demasiado pessimista...



sexta-feira, 11 de abril de 2025


Autárquicas 2025

No vale do Nabão ou num vale de enganos?

Parece-me que começa a ser preocupante o fosso entre o (pouco) que se pensa em Tomar e o que se escreve no resto do país. Estaremos, sem disso nos darmos conta, a viver num vale de enganos? Na crónica programática que publicou aqui no TAD, o candidato Carrão do PSD afirma que a actual maioria socialista apostou no turismo, como matriz de desenvolvimento, mas que isso não é suficiente para o concelho.
Considerei na  altura uma posição tão sem fundamento que me calei, mas o assunto ficou cá dentro às voltas, e ele aí está de novo à superfície. Apostaram no turismo?! Fecharam o parque de campismo. Proibiram os autocarros de turismo de descerem à cidade pela Estrada do Convento, numa birra que dura há mais de 12 anos. Degradaram o Mouchão. e só agora iniciaram a recuperação da Mata. Instalaram um parque para caravanas que não prestigia ninguém. Anunciaram um novo parque de campismo que nunca mais foi feito. Não fizeram nem mandaram projectar os equipamentos  turísticos indispensáveis e urgentes (Estacionamento, ligação rápida cidade-Convento, sanitários suficientes, Centro de congressos, novo campo da feira). É isto a aposta socialista no turismo local? Umas festarolas à borla, para os amigos do costume, os que tocam (e são bem pagos), e os que assistem?
Encostada a essa ideia errada de aposta no turismo, vem a outra da necessidade de reindustrialização. Com que base real? Conhecem algum centro turístico, de dimensão comparável, que tenha apostado em simultâneo no turismo e na indústria? Eu não, e conheço muitos polos turísticos florescentes, de Óbidos a Split e do Algarve a Machu Pichu.
Nem vale a pena vir com os exemplos de Córdoba, Granada ou Sevilha. São outra realidade. Têm outra dimensão, com respectivamente 325 mil habitantes, 230 mil habitantes e 690 mil habitantes Estão no campeonato anual dos 90 milhões de turistas, enquanto Portugal ainda não ultrapassou os 30 milhões. Tomar é agora uma aldeia média, com algum prestígio à escala europeia, devido ao Convento. Fátima é apenas uma freguesia do concelho de Ourém, mas já tem quase um terço dos eleitores do concelho de Tomar.
Uma última achega por agora. Também sensível ao problema da falta de indústria em Tomar, o leitor Helder Silva questiona porque não vêm os imigrantes  para a nossa terra, intuindo um mistério semelhante ao da galinha e do ovo: não vêm porque não há indústria? Ou não há indústria porque não vêm?
Lembro ao amigo Helder que, no estado actual das coisas, os imigrantes não vêm para Tomar, apesar das casas quase à borla que se anunciam, porque não podem ser funcionários do Estado, e os poucos empregos que vai havendo, são quase todos nessa área. Mas são realmente o grande sonho da extrema esquerda local, como já acontece em parte do Ribatejo e no Alentejo. Imigrantes trabalhadores agrícolas, são os novos proletários que votam na extrema-esquerda, que tão precisada está. Só não se sabe até quando, porque como acontece com os gatos, também acabam por abrir os olhos ao fim de certo tempo. Mas enquanto isso não acontece, os realojamentos são uma alegria.

quinta-feira, 10 de abril de 2025



Política urbana e cultural

Afinal o turismo é mesmo muito importante 
no desenvolvimento económico

Por razões que me escapam, que terão talvez a ver com a circunstância de sermos cidadãos de um país de "achistas" e peritos em ideias gerais, em Tomar há muitos especialistas de turismo. O caso mais conhecido é o da ex-presidente da Câmara, que transitou dos serviços de emprego para a Câmara, e daí para a gestão da Entidade regional de Turismo do Centro. Sem qualquer formação suplementar. É obra!
O seu sucessor na autarquia, também já parece estar no bom caminho, quando se põe a dissertar sobre o desenvolvimento, que pretende sem pressas nem "turismo de massas", segundo disse em entrevista recente ao mediotejo.net
Neste contexto, o candidato do PSD foi praticamente forçado a incluir no seu esquema programático uma referência ao turismo no concelho.
Segundo aqui publicou em 19/03/25, "O turismo, aposta única desta governação (cuja estratégia ou falta dela é também questionável) é um vetor importantíssimo na economia tomarense, mas, por si só, insuficiente para alavancar o crescimento sustentado que ambicionamos para a economia concelho."
Partindo deste conceito, que tem o mérito de estar escrito, e tendo em conta a preocupante fuga da população, que não parece perturbar os do socialismo das festarolas à borla, nem os outros, TAD3 foi tentar comparar o concelho de Ourém, que tem Fátima como âncora turística, e Tomar, com o Convento de Cristo como polo de atracção. Para poupar trabalho, não se publicam os apontamentos nem os quadros estatísticos, cuja fonte são os resultados eleitorais oficiais de 2013 (autárquicas) e 2024 (legislativas). (Caso haja algum interessado, pode enviar-se via mail a versão manuscrita.)
Entre 2013 e 2024, Tomar perdeu 3.964 eleitores (10,62%) e a Freguesia urbana 1.324 (7,99%), sendo geral a perda de população em todas as freguesias do concelho. Comparativamente, Ourém ficou com menos 2.867 eleitores (6,61%), mas a principal freguesia urbana (Nª Sª da Piedade), manteve  a sua população, com apenas menos 10 eleitores.
Vem então a grande diferença entre os dois concelhos, cuja população é comparável: Tomar 33.346 eleitores, Ourém 40.464 eleitores. A freguesia de Fátima, concelho de Ourém,  não só manteve como aumentou a sua população durante a década agora em análise, passando de 9.593 para 10.819 eleitores inscritos, o que corresponde a mais 11,33%.
Qual é especialidade de Fátima? O turismo religioso, tendo como âncora o santuário (Capela das aparições). Qual é a especialidade de Tomar? O turismo cultural, tendo como âncora o Convento de Cristo. Porque é que Fátima cresce e Tomar definha? Porque em Fátima há estacionamento com fartura, estruturas de acolhimento que não envergonham, sinalização adequada e constante atitude empresarial. O santuário não pratica os horários da função pública, para a procissão das velas, por exemplo
Após este exemplo, ainda vão manter que o turismo cultural não é suficiente, quando disponha de estruturas e mentalidades à altura das necessidades? É o que falta apurar. Oxalá se consigam comentários fundamentados...

quarta-feira, 9 de abril de 2025

Imagem Município de Tomar - Facebook

Roda do Mouchão

Roda ecológica, mas só a fingir. Para turista ver e tirar selfie com ela em fundo. Os tomarenses amantes da tradição e da terra que se lixem. Que vão pregar para outro concelho!

TOMAR - Roda do Mouchão está a ser reabilitada. Obra deverá estar concluída antes da Páscoa - Rádio Hertz

Informa a Câmara, via Rádio Hertz, que vamos ter roda nova no Mouchão, pronta para a Páscoa, a tempo portanto de encantar os visitantes pançudos do Congresso da Sopa (ou da lavadura, dizia o falecido Gonçalo). Falam de reabilitação, mas segundo a própria notícia, da actual roda apenas vão aproveitar o eixo e pouco mais.
Compreende-se. Os funcionários municipais, neste caso os carpinteiros, têm sempre algum interesse pessoal na compra de materiais para a autarquia, sendo por conseguinte mais vantajoso fazer uma roda nova do que reparar a antiga. Leva mais madeira nova e o trabalho é quase o mesmo.
De qualquer forma, é uma iniciativa louvável e que se aplaude, mas que seria ainda mais louvável se aproveitassem para restabelecer o tradicional processo de rega por regadeira, que abrangia todo o Mouchão, sem mais gastos de energia. 
Respeitava-se a tradição, evitavam-se alguns banhos acidentais forçados, poupava-se água da rede e energia, sendo também importante para mostrar às crianças das escolas. Em boa pedagogia, nada substitui com vantagem os exemplos em pleno funcionamento.  
É pouco provável que o façam, até porque exigiria mais trabalho, empenhamento e um jardineiro em permanência. É pena, porque assim estaremos apenas perante mais uma fantasia para turista ver, um faz de conta, uma vez que a água tirada pela roda retorna logo a seguir ao Nabão, sem qualquer utilidade real, para além da exibição fortuita. Em tempos de necessidade de poupança de água e de sustentabilidade, deve dar que pensar, nas terras onde ainda se perca tempo com isso...

terça-feira, 8 de abril de 2025

Campismo improvisado durante o Festival Bons Sons em Cem Soldos - Tomar

Autárquicas 2025 - Turismo

Presidente Cristóvão 
turista na sua própria terra

Tomar quer aliar aumento de visitantes ao turismo de qualidade (c/áudio) | Médio Tejo

Ou por excesso de consideração pela informação local, que não quer violentar, ou por saber que "ninguém é profeta na sua própria terra", o presidente substituto Cristóvão concedeu uma entrevista ao mediotejo.net, um blogue sediado algures para as bandas de Abrantes, e pouco lido em Tomar. O leitor pode optar: Ou ouve a gravação de 10 minutos, ou lê a transcrição de boa qualidade que a acompanha.
Logo no início, Cristóvão reconhece implicitamente que é um turista na sua própria terra. Afirma que "a grande dificuldade identificada ...há uma década, era que recebia muitos visitantes, mas depois muitas vezes não ficavam na cidade, não passavam sequer às vezes pela cidade." Se não tivesse uma atitude de turista na sua própria terra, o presidente substituto já teria estudado ou mandado estudar o assunto.
Saberia então que um dos problemas do turismo local há dez anos era esse que menciona, mas que após três mandatos PS, longe de estar resolvido, até se agravou. Visitantes continuam a ir ao Convento sem visitarem a cidade, e outros vão-se mesmo embora sem visitar o Convento ou a cidade, por falta de estacionamento e de ligação rápida entre cá em baixo e lá em cima.
Há mesmo um caso concreto de repulsão, bem conhecido entre os profissionais. É o dos cruzeiros. Como bem sabem os interessados por estas coisas, hoje em dia um cruzeiro são duas mil pessoas pelo menos, viajando num mesmo barco devidamente equipado. Em cada escala, organizam excursões para visitar locais turísticos longe do porto onde estão atracados.
No caso de Lisboa, há excursões para Fátima, Batalha, Alcobaça, Nazaré, Óbidos ou até Évora, mas para Tomar não. Os profissionais aumentaram muito os preços dos autocarros para a cidade templária, tendo em conta a falta de estacionamento para 10 autocarros em simultâneo, e o tempo que se perde no acesso ao Convento de Cristo.
Abordando a questão dos eventos, Cristóvão finge mal. Não se duvida que "isso contribui para que o município seja atrativo ao longo de todo o ano." O problema é de custos-benefícios. Compensa gastar milhões para atrair turistas que depois gastam pouco, quando gastam? Não seria melhor contratar grandes figuras internacionais e organizar eventos-âncora com entradas pagas, de forma a conseguir valor acrescentado, em vez de despesa considerável?
Uma última abordagem do presidente substituto merece reparo. Disse Cristóvão que "queremos continuar a crescer com calma, sem procurar o turismo de massas." É uma opção respeitável, que já levou ao encerramento do parque de campismo, erradamente assimilado ao "turismo de mochila às costas". Mas então, como compaginar tal opção com os 90 mil euros de subsídio ao Bons Sons, que cobra entradas a preços de mercado e atrai sobretudo mochileiros que ficam a pernoitar entre as oliveiras? São "mochileiros de qualidade"?


























segunda-feira, 7 de abril de 2025


Alojamentos e habitação social

Também na habitação, Tomar a definhar e os autarcas a fantasiar


O Tomar na rede publica um excelente trabalho sobre habitação, baseado em dados no INE, que todos os autarcas e cidadãos empenhados deviam ler e interpretar, sem clubismos nem outros ismos. (link acima). Antes de mais, para evitar mal entendidos, esclareça-se que não se trata de opiniões ou sondagens. São dados oficiais nus e crus, quer convenham quer não.
Que nos mostram esses dados sobre o mercado do alojamento? Desde logo que Tomar está a ficar para trás também nessa área sensível. Em 2024 registou menos 23 contratos de arrendamento em relação ao ano anterior, quando todos os outros concelhos da região mantiveram ou aumentaram. É uma situação que vem confirmar a lenta mas persistente redução da população. As pessoas desistem de viver em Tomar, apesar das festarolas e outras maravilhas socialistas, porquê?
Porque a habitação é muito cara? Os dados do INE mostram que não. Os novos contratos de arrendamento foram celebrados na base dos 6€/metro quadrado em Tomar, mas alcançaram 6,79€ no Entroncamento, que tem fama de arrendamentos mais baratos na zona. Em que ficamos afinal?
Mostrando estes dados oficiais que não há tensão no mercado do arrendamento em Tomar, uma vez que os preços até sobem menos que nos concelhos vizinhos, qual a justificação para a azáfama camarária na edificação de alojamentos ditos "para a classe média", a qual visivelmente não existe em número significativo? Quem vai de facto ocupar os novos alojamentos em construção ou a construir? Gente da classe média, mesmo baixa? Ou os habituais dependentes dos auxílios governamentais e camarários, tornados possíveis por Bruxelas, mas que comportam elevados riscos sociais, porque os seus beneficiários não se integram na comunidade local tradicional?
Em ano eleitoral, convém ler e conversar serenamente sobre este e outros temas locais, de forma a, chegado o momento,  não comer gato por lebre, nem confundir merda com banha de cheiro. Porque depois do mal feito, só resta procurar remedeio.



Comparando eleições passadas

A abstenção elevada nas autárquicas de 2021 mostra que não se vive bem em Tomar

Continuando o estudo dos resultados eleitorais e das benesses camarárias, chegou a altura de lembrar que, segundo o conhecido adágio popular, os povos felizes não têm história. Se assim é, os tomarenses não só têm uma história, como até são em certos aspectos uma triste história. Infelizmente.
Nas autárquicas 2021, o PS alcançou a 3ª vitória consecutiva e com maioria absoluta, desiludindo muitos tomarenses com as manobras preparatórias operadas por Anabela Freitas, tendo em vista aproveitar da melhor forma possível a extinção dos IpT, que na altura só ela conhecia ainda.
Entretanto, traindo o seu juramento, no qual disse livremente "juro cumprir com lealdade as funções que me são confiadas", a senhora saiu a meio do mandato, para ir ocupar um lugar mais remuneratório, tendo em conta que já não podia recandidatar-se, e mais vale prevenir que remediar. Ficou assim sem se saber até então qual fora a reacção dos eleitores em 2021, supostamente favorável pois o PS venceu com maioria absoluta. Terá sido assim mesmo?
Comparando a participação eleitoral dos tomarenses nas autárquicas 2021, com as legislativas 2024, obtêm-se conclusões menos esperadas, algumas das quais até surpreendentes, se considerarmos que normalmente os eleitores são mais assíduos nas eleições locais, do que nas legislativas presidenciais ou europeias. Neste caso comparativo 2021-2024, os resultados são os seguintes:

FREGUESIAS----------ABSTENÇÃO 2021----------ABSTENÇAO 2024---------DIFERENÇA

AL. RIB/PEDR-----------------39,65%-------------------------34,91%----------------------4,74%

CASAIS/ALV.------------------41,90%-------------------------32,84%----------------------9,06%

OLALHAS----------------------41,94%-------------------------36,18%----------------------5,76%

SERRA/JUNCEIRA-----------45,72%-------------------------29,37%---------------------16,35%

S. PEDRO-----------------------46,66%-------------------------34,82€----------------------11,84%

ASSEICEIRA-------------------46,82%-------------------------33,50%---------------------13,32%

PAIALVO-----------------------42,58%-------------------------34,17%-----------------------8,41%

MADALENA/BES.-----------45,42%-------------------------29,83%-----------------------15,59%

CARREGUEIROS------------37,86%-------------------------29,12%------------------------8.74%

SABACHEIRA---------------41,46%--------------------------40,35%------------------------1,11%

FREGUESIA URBANA----50,59%---------------------------33,69%-----------------------16,90%

Elaboração: TAD3 Fonte: Resultados eleitorais 2021 e 2024 mai.gov.pt

CONCLUSÕES DE TAD3:

1- Sem surpresa, as freguesias com eleitores mais evoluídos, são também aquelas em que a abstenção de protesto foi mais elevada em 2021, todas com mais de 10% em relação às legislativas de 2024, quando já não estava em causa a senhora nem o PS local.
2 - Destaque para a Freguesia urbana, com a maior diferença na taxa de abstenção. Quase 17%.
3 - As freguesias onde a abstenção foi menor em 2021 (Sabacheira, Além da Rib/Ped. Olalhas e Carregueiros), todas da oposição, foram as mais beneficiadas nas transferências camarárias de 2025.(ver crónica anterior). Isto afinal, é como dizia o outro: "Está tudo ligado".




domingo, 6 de abril de 2025

Imagem Tomar na rede, com os agradecimentos de TAD3.

Autárquicas 2025

Dois subsídios extraordinários que mostram bem como é a actual política autárquica em Tomar

TOMAR - Câmara aprovou apoios à ACR de Carvalhos de Figueiredo e da Linhaceira... mas houve acusações de eleitoralismo - Rádio Hertz

A atribuição pela maioria PS de mais dois apoios extraordinários a duas colectividades do concelho, foi a ocasião para mais uma troca de galhardetes com a oposição PSD, pondo a nu a política PS visando a manutenção no poder mediante a oportuna compra de apoios.
De acordo com os dados que foi possível recolher, Tomar é de longe o concelho com mais colectividades por eleitor. É também a autarquia que mais altos subsídios anuais e extraordinários atribui a essas associações.
Conhecedores deste contexto, afinal uma das causas escondidas da crise tomarense, os vereadores do PSD acusaram os socialistas de compra de votos, e foi aqui que houve surpresa. Em vez de se defenderem, procurando justificar a sua política de subsídios com critérios culturais, por exemplo, os socialistas adoptaram a técnica futebolística, segundo a qual a melhor defesa é um bom ataque. 
Vai daí, diz a notícia, desafiaram os social-democratas  a ser coerentes, votando contra a atribuição dos dois subsídios extraordinários, o que a oposição recusou, manifestando-se a favor, apesar de se tratar de óbvia compra de votos. Maneira discreta de reconheceram que  "PS e PSD, afinal andamos todos ao mesmo e a vida custa a todos", uns mais do que outros.
É com atitudes incoerentes destas que o PSD pretende obter uma maioria? Se é tudo  farinha do mesmo saco, e serve para cozerem  todos o mesmo tipo de pão, onde está a alternativa? Qual a mudança possível?

sábado, 5 de abril de 2025


Convento de Cristo, pomar do castelo e água dos Pegões

Não seria melhor proteger o património,
cuidando antes  da água para a rega?

É sem dúvida alguma uma excelente iniciativa, esta "Feira da laranja conventual", que já vai na XI edição, o que é sinal de sucesso, apesar da contradição subjacente. A feira, forçosamente de compras e vendas, é no Claustro da micha, durante séculos local de distribuição gratuita da sopa conventual ou sopa dos pobres, acompanhada pela micha de pão, a "carcaça de 17" do século passado, cozida no forno do convento, do lado direito de quem entra pela porta do norte.
Mas o óbice principal parece-me ser a precipitação. Antes de se lançar na realização da feira da laranja, na minha modesta opinião, a direcção do monumento devia ter mandado proceder à recuperação dos Pegões, cuja água regou o pomar conventual durante mais de três séculos, mas deixou de correr, por desvio ilegal, há cerca de 20 anos.
Uma vez  que o aqueduto -todo o aqueduto- é parte integrante do Convento de Cristo, Património da humanidade,  o que impede a direcção do monumento de fazer valer os seus direitos de propriedade, mandando requalificar e fiscalizar todo o aqueduto?
Como as coisas estão, salvo melhor opinião, a "feira da laranja conventual" é uma fraude. As laranjas já não são biológicas, como foram durante séculos, sendo agora regadas com água da rede urbana, tratada a cloro. Por conseguinte, uma de duas, ou voltam a ser regadas com a água tradicional das 4 nascentes do aqueduto (Boca do cano, Vale do Feto, Cu alagado e Porta de Ferro), ou terão de mudar o nome da feira para "da laranja da Tejo Ambiente", ou "da laranja da EPAL", ou "da laranja clorada".
A não ser assim, a ASAE terá de intervir oportunamente, por estarem a vender de certa forma gato por lebre. A laranja é conventual, mas deixou de ser biológica quando os Pegões secaram, por incúria da direcção do Convento de Cristo, e passou a ser regada com água tratada a cloro. Ou estarei a ver mal  a situação?


sexta-feira, 4 de abril de 2025



Autárquicas 2025

Transferências para a freguesias 
com critérios objectivos?

TOMAR - Câmara auxilia freguesias com cerca de dois milhões e duzentos mil euros: «Não haverá, no país, muitos municípios que transfiram uma verba tão elevada» - Rádio Hertz

A seis meses das próximas autárquicas, a maioria PS resolveu transferir mais verbas para as freguesias, e aí começam a dúvidas. A notícia refere "cerca de dois milhões e duzentos mil euros", mas depois informa que desta vez é  apenas um milhão e duzentos mil euros. O resto foi em anos anteriores.
Quais são os critérios para estas transferências, que garantam uma efectiva equidade e evitem favoritismos? Segundo a mesma fonte (ver link acima), "os montantes são proporcionais à dimensão de cada território, número de habitantes, e ainda "um conjunto de outros critérios". Quais? Na administração pública, tudo deve ser bem explícito, para poder ser escrutinado. Neste caso como?
Para as verbas agora anunciadas, e tendo em conta o único crítério indiscutível -o total de eleitores inscritos em cada freguesia -TAD3 fez as contas e os resultados são algo surpreendentes. Estes dois por exemplo: A freguesia que mais recebe é Além da Ribeira/Pedreira, PSD, com 129,61€ por cada eleitor inscrito, e a que menos recebe é a Freguesia Urbana, PS, com apenas 37,40€/eleitor inscrito. E depois ainda continuará a haver quem seja contra a extinção ou união das pequenas freguesias.
Leia com atenção o quadro infra e saque as suas próprias conclusões, tendo sempre em conta o antes dito. Trata-se apenas das transferências para as freguesias em 2025.

FREGUESIA----------SOMA RECEBIDA------ELEITORES INSCRITOS-------TOTAL POR ELEITOR

1 - A. Ribeira/Ped.- PSD-------137m€-----------------------1.057------------------------------129,61€

2 - Olalhas - PSD---------------137m€-----------------------1.169------------------------------117,19€

3 - Sabacheira - PS------------- 98m€--------------------------850------------------------------115,29€

4 - Serra/Junc. - IND----------186m€------------------------1.655-----------------------------112,38€

5 - Carregueiros . CDU--------81m€---------------------------934-------------------------------86,72€

6 - Madalena/Bes. - PS-------270m€-------------------------3.235------------------------------83,46€

7 - S. Pedro - PSD------------177m€-------------------------2.424-------------------------------81,27€

8 - Paialvo -  PS---------------160m€-------------------------2.022-------------------------------79,12€

9 - Casais/Alv. - PSD---------191m€-------------------------2.424-------------------------------78.79€

10 - Asseiceira - PS-----------167m€--------------------------2.337------------------------------71,45€

11 - Freg. Urbana - PS--------570m€-------------------------15.239-----------------------------37,40€

Fontes: Notícia Rádio Hertz e Resultados legislativas 2024 para os eleitores inscritos.
Elaboração TAD3

CONCLUSÂO TAD3:

Num concelho com 5 freguesias PS, 4 PSD, 1 IND. e 1 CDU, neste caso concreto de distribuição de recursos pelo executivo municipal observa-se que:
1 -As freguesias da oposição foram claramente beneficiadas, pois ocupam os 5 primeiros lugares da tabela, com a notável excepção de S. Pedro - PSD, que está em 7º lugar.
2 -Só uma freguesia PS está na primeira metade da tabela. É a Sabacheira, a freguesia mais pequena do concelho em termos de população, que ocupa o 3º lugar da tabela.
3 -S. Pedro - PSD é a única freguesia da oposição na 2ª metade da tabela, em 7º lugar, apesar de ser  a 2ª maior da área rural em termos populacionais, empatada com Casais/Alviobeira.
Perante estes dados, os que defendem a gestão PS dirão ser evidente a preocupação com a justiça social, por parte da Câmara, ajudando quem mais precisa. A isto, os de tendência oposicionista  responderão que se trata apenas de "compra de votos". E ambos  terão alguma razão.



quinta-feira, 3 de abril de 2025

 


Autárquicas 2025


TRIBUNA DE TIAGO CARRÃO - PSD

TOMAR PRECISA 
DE UM “ABANÃO ECONÓMICO” (PARTE 2)

Na primeira parte deste artigo, partilhei uma análise crua e preocupante dos dados e da realidade económica de Tomar. Hoje, quero falar de futuro — porque há caminho, há soluções. E, acima de tudo, há vontade de fazer diferente.
Tomar, pela sua localização estratégica e acessibilidades, pelo seu património, pessoas e instituições, e identidade, tem tudo para liderar na região do Médio Tejo e no distrito de Santarém. Mas para isso, é preciso visão, capacidade de execução e coragem para liderar com ambição. As próximas eleições autárquicas são o momento de pôr fim ao conformismo, à gestão do dia a dia e à estagnação que se instalou. Chegou o tempo de crescer.
Uma nova liderança tem de colocar o desenvolvimento económico no centro das prioridades do Município e, logo em 2026, refletir no orçamento municipal esse compromisso com verbas mais significativas para apoiar as empresas, atrair investimento e promover emprego qualificado. Porque sem ação concreta, não há transformação.
O crescimento económico começa por quem já cá está. As empresas tomarenses, apesar das dificuldades, resistem, inovam, criam emprego. Precisam de uma autarquia presente e envolvida, com visão e com soluções. Vamos investir na requalificação e expansão das zonas industriais, com infraestruturas modernas, acessibilidades adequadas e serviços de apoio eficientes. Vamos incentivar a digitalização, automação e transição energética, apoiando os processos de candidaturas a fundos comunitários e lançando programas como o ‘Tomar Verde Sustentável’, que irá promover a adoção de práticas empresariais ambientalmente responsáveis.
Mas não chega apoiar quem cá está, é urgente ir mais longe e ser proativo na captação de novos investimentos. Tomar tem de saber atrair investidores, empresas, projetos e pessoas. Vamos disponibilizar incentivos fiscais para projetos estratégicos, criar o ‘Balcão Digital do Investidor’, uma plataforma online que reduza a burocracia e simplifique os processos de licenciamento, e implementar um modelo de ‘Licenciamento Expresso’, com prazos curtos e maior agilidade nos processos administrativos. Investir em Tomar deixará de ser um ato de resistência e passará a ser uma oportunidade clara.
Este caminho só faz sentido com uma articulação próxima com o Instituto Politécnico de Tomar e outros estabelecimentos de ensino, para reter talento jovem, promover o emprego qualificado e ligar os jovens às empresas locais. É fundamental um maior aproveitamento do ensino superior como verdadeiro motor de inovação para o concelho.
Vamos também recuperar uma ambição iniciada em 2013 (com a instalação do Centro de Inovação e Tecnologia da Softinsa/IBM), mas que ficou pelo caminho: fazer de Tomar o polo tecnológico de referência no centro do país. Vamos instalar uma incubadora de empresas, criar um Programa de Aceleração de Startups e de apoio a pequenos negócios, retomar a criação do Centro de Conhecimento e Valorização no IPT, e atrair empresas tecnológicas, empreendedores criativos e projetos inovadores. Tomar pode — e deve — ser um território de inovação, com emprego qualificado e futuro para os mais jovens.
O Turismo é um setor incontornável da nossa economia, mas não podemos estar à mercê da conjuntura nacional e internacional. Temos de crescer para além disso, através de uma estratégia integrada e com uma oferta diferenciada, alicerçada em diferentes eixos, como a sustentabilidade, a cultura, o património, a religião, a natureza, o desporto, o digital, etc. Há ainda muito a fazer, desde logo um melhor aproveitamento da marca “Tomar Cidade Templária”, oportunamente registada pela governação PSD em 2001; a construção de um Centro de Congressos e Negócios, para reforçar o turismo de negócios, receber eventos culturais e outros, e, finalmente, um espaço digno para a Feira de Santa Iria; a criação do verdadeiro Museu da Festa dos Tabuleiros; a musealização adequada do património industrial; a criação da ‘Agenda Tomar365’, para uma calendarização distribuída ao longo de todo o ano da atividade municipal, das forças vivas do concelho, cruzando cultura e turismo.
Sejamos claros: o Turismo é importante, sim. Mas não é suficiente. O modelo económico que propomos para Tomar será diversificado e abrangente. Assentará também na Indústria, Construção Civil, Comércio Local, Serviços, Tecnologia, Inovação, Agricultura, Floresta, Economia Social e Saúde.
No setor da Construção Civil, o impacto é duplo: dinamiza a economia e é um importante parceiro na resolução da crise na habitação, uma das causas da perda de população. Vamos reorganizar os serviços de Urbanismo da Câmara, acelerar licenciamentos e iniciar a revisão do PDM — um plano recente, mas cheio de lacunas e incoerências que têm de ser corrigidas. Os políticos reúnem com os investidores enquanto os técnicos municipais reúnem com os técnicos dos promotores. Cada um no seu papel com o mesmo objetivo, com transparência e eficiência.
No Comércio e nos Serviços, vamos revitalizar a economia local com o programa “Comércio Vivo”, reduzindo taxas e lançando campanhas de apoio e de digitalização do comércio tradicional. Queremos uma cidade vibrante e cheia de energia, gerada por um esforço concertado entre Município, comerciantes e associações, pela requalificação urbana e uma programação cultural que envolve a cidade e o comércio local.
Também a Agricultura e a Floresta serão áreas estratégicas. Com apoio da autarquia, incentivos e ligação aos mercados, estas atividades serão motores de recuperação económica, sobretudo nas freguesias rurais, onde é urgente voltar a criar oportunidades a bem do equilíbrio e coesão territorial.
A Economia Social, por seu lado, será tratada com o respeito e a atenção que merece. Porque, para além do impacto social junto dos setores mais desprotegidos da população, emprega centenas de pessoas e dinamiza a economia local, substituindo o Estado em muitas das suas responsabilidades sociais. A Câmara Municipal será uma parceira ativa, disponível e presente, que valoriza o trabalho das instituições e que lhes fornece as ferramentas e meios para poderem continuar a cuidar dos outros.
No seu conjunto, estas medidas complementadas com outras ainda por anunciar, formarão um ecossistema económico sólido e dinâmico, onde diferentes setores trabalham com a ciência, a tecnologia e a inovação. Esta visão será executada por uma Câmara Municipal com capacidade, conhecimento e proximidade, apostada em estabelecer parcerias e atrair oportunidades.
No Compromisso Eleitoral, que oportunamente apresentaremos aos tomarenses, iremos detalhar o plano para fazer de Tomar um concelho amigo das empresas e capaz de construir o futuro, com seriedade, competência e ambição. Com a convicção de que só através do crescimento económico criaremos as bases para enfrentar os três grandes desafios demográficos do nosso tempo: a baixa natalidade, a perda de população e o envelhecimento.
A escolha, dentro de poucos meses, estará nas mãos dos tomarenses: continuar no caminho da estagnação ou acreditar que é possível um novo rumo para Tomar, virado para o futuro e para o crescimento económico.

Tiago Carrão
Candidato a Presidente da Câmara Municipal de Tomar pelo PSD

quarta-feira, 2 de abril de 2025



Reles propaganda eleitoralista

Parece mistificação

TOMAR - Intervenção social no antigo acampamento do Flecheiro mereceu distinção à escala nacional - Rádio Hertz

"Intervenção social no Flecheiro mereceu distinção à escala nacional", escreve a Hertz, por obrigação (ver link acima). Tudo parece indicar, contudo, que a tal distinção à escala nacional, se não é simples mistificação, tem muitas parecenças. A própria notícia acrescenta que houve 532 candidaturas, das quais só foram avaliadas 160.
Avaliadas por quem? Pela "Associação Nacional de Gerontologia Social", entidade sem fins lucrativos, que todavia dirige em Pombal um Centro de formação na área social, com accões de formação pagas de curta duração, direccionadas para os trabalhadores sociais, designadamente assistentes sociais das autarquias.
Atribui além disso três prémios de mérito: Medalha de mérito social, Bandeira de Mérito Social e Prémio cuidar de quem cuida.
Tendo em conta que a intervenção camarária no Flecheiro não foi na área da gerontologia, mas na do realojamento de ciganos nómadas; e também que a própria vice-presidente se gaba, na notícia citada, de já terem três outras realizações premiadas, além da do Flecheiro; parece legítimo deduzir que, por cada X funcionárias camarárias inscritas nos tais cursos curtos de formação, que são pagos, a Câmara tem direito a uma realização social premiada.
Para já, temos a "Bandeira de Mérito Social", a hastear no Flecheiro logo que deixe de estar inundado, e mais 3 prémios que a srª vice-presidente ainda não explicitou, porque as autárquicas ainda são só em Outubro, e para as legislativas o evidente sucesso do realojamento ciganal, chega e sobra para vencer. Só dali, virão centenas de votos. Continuamos no rumo certo, neste vale de embustes.

terça-feira, 1 de abril de 2025

 


Autárquicas 2025

TRIBUNA DE FERNANDO CÂNDIDO - PSD

VENTOS DE MUDANÇA: 
A VITÓRIA DO PSD NA MADEIRA
E O CAMINHO PARA 18 DE MAIO


Ventos de mudança sopram forte em Portugal, e a vitória esmagadora do PSD nas eleições regionais da Madeira é um prenúncio claro do que está para vir no cenário Nacional e Autárquico.
Os resultados das eleições regionais na Madeira não deixam margem para dúvidas, o PSD é sem sombra de dúvidas a força dominante na região. Tal como tinha acontecido na Região Autónoma dos Açores, os Portugueses deram um belíssimo cartão vermelho a todos aqueles que procuram o caos e a instabilidade.
Este triunfo não é apenas um reflexo da competência da governação regional, mas também um sinal de que os madeirenses anseiam por uma estabilidade de futuro, e talvez por isso, toda a esquerda tenha tido um trambolhão monumental!
Se a Madeira é um “microclima” especial, a verdade é que Portugal virou finalmente e de forma consolidada o seu eixo democrático para o Centro-Direita, com uma tendência clara de crescimento para o PSD.
Quando extrapolamos a crise política da Madeira para o Continente, percebemos que assim como na Região Autónoma, está na hora de terminar com este ciclo de Eleições Antecipadas, dando estabilidade a quem mesmo tendo uma maioria relativa que pouco ou nada permite, muito tem contribuído para pôr fim a anos a fio de estagnação económica.
A vitória na Madeira não foi um caso isolado, mas sim um reflexo de uma tendência nacional de mudança. O eleitorado quer uma nova visão para Portugal, um novo rumo que traga crescimento, estabilidade e progresso, e não tardará muito até que essa ânsia de mudança e progresso chegue também às autarquias, que chegue também a Tomar.
Se os ventos que sopraram na Madeira forem indicativos do que está para vir, então estamos prestes a assistir a uma verdadeira mudança estrutural e de mentalidade em Portugal. Que venha 18 de maio!

Fernando Cândido - PSD de Tomar - Secretário-Geral Adjunto


Autárquicas 2025

Recebeu-se do deputado municipal do CHEGA Américo Costa a seguinte mensagem:

Jantar CONVIVIO de militantes e simpatizantes do CHEGA


Esclarecimento à Comunicação Social Tomarense


Exmos. Senhores,

"Face à recente publicação do Jornal e Rádio Cidade de Tomar sobre alegadas listas de candidatos do CHEGA às eleições autárquicas, cumpre-nos esclarecer que essa informação é precipitada e incorreta.
O evento referido não teve qualquer caráter oficial de apresentação de listas. Tratou-se apenas de um jantar de convívio entre militantes, simpatizantes e possíveis candidatos, sem qualquer decisão formal sobre candidaturas. Aliás, a escolha do candidato à Câmara Municipal, que naturalmente precederia qualquer outra nomeação, não foi sequer anunciada ou decidida.
As listas do CHEGA para o concelho de Tomar ainda não estão concluídas e continuarão a ser trabalhadas, cabendo a sua validação final à Distrital de Santarém. Quando estiverem devidamente definidas, será marcada uma cerimónia oficial de apresentação, à qual os órgãos de comunicação social serão formalmente convidados.
A precipitação na divulgação desta informação por parte do Jornal e Rádio Cidade de Tomar pode induzir o público em erro e gerar confusão. Confiamos no profissionalismo da imprensa local e apelamos à necessária verificação dos factos antes da sua publicação, garantindo que a informação transmitida aos tomarenses seja precisa e rigorosa.
Aproveitamos para reafirmar o compromisso do CHEGA em Tomar com a transparência e a seriedade no processo autárquico, respeitando os trâmites internos e as decisões da estrutura distrital.
Sem mais, apresentamos os nossos cumprimentos,"


Américo Costa
Deputado Municipal do CHEGA em Tomar

NOTA DE TAD3
A nossa crónica de anteontem sobre o jantar do CHEGA teve origem na página Facebook de Nuno Ribeiro, conforme se refere na mesma. Nenhuma relação portanto com uma notícia de  Cidade de Tomar. Houve o cuidado de confirmar antes da publicação todos os factos relatados, junto de quem participou no jantar, conforme igualmente consta do nosso escrito.




Quatro aspectos da calçada  no passeio do lado norte da Estrada da Serra, à ilharga do antigo Colégio. Simples percalço? Tal como antes na Torres Pinheiro, na Nun'Álvares e por aí adiante. A maleita é sempre a mesma. Evidente má-língua. Vontade de dizer mal. Não se está mesmo a ver?!?

Obras camarárias

Mesmo quando bem começadas
geralmente mal acabadas


É geral. Cada maioria autárquica procura mostrar "obra feita", sobretudo em vésperas de eleições autárquicas, para anular o efeito de eventuais críticas desfavoráveis que tenham conseguido passar através da malha apertada da censura disfarçada. No caso documentado no link acima, ainda uma obra não acabou e já se anuncia uma outra "por estes dias". Tal é a pressa.
Infelizmente, todos aqueles que se interessam pelas coisas da urbe, conhecem bem a situação. Notícias promocionais metidas a martelo nos suportes controlados pela autarquia. Simples propaganda eleitoralista. Tentativas para esconder obras anteriores que ou não correram bem ou acabaram mal, ou ambos. Várzea grande, Nun'Álvares, Torres Pinheiro, Flecheiro, Estrada da Serra, os exemplos abundam. Só não vê quem não quer, ou é pago para isso.
Miguel Ferreira e José Tamagnini são duas artérias urbanas modestas, exibidas como exemplo do labor camarário. Logo ali ao lado, como mostram as imagens acima, obras mais importantes e recentes não correram nada bem e ficaram mal acabadas. Além da ciclovia, que acaba contra uma árvore, já documentada  anteriormente, a calçada tem poucos meses e já está como mostram as fotos.
Simples percalços, que acontecem em qualquer Câmara, dirão os apoiantes da actual maioria. Sem dúvida. Só que não se trata de percalços, mas de lacunas de projecto, falta de fiscalização e mau acabamento. Se estivesse previsto usar cama de areia e aguada com areia de esboço e cimento após compactação, e/ou houvesse receio de posterior fiscalização eficaz, acham que agora o passeio fotografado estaria como está?
Os empreiteiros têm larga experiência. Sabem por isso onde e como podem "poupar" sem preocupações de maior. Aqui em Tomar então, é uma maravilha. A própria informação local assinala os focos de poluição no rio, mas buracos e outros dislates em obras, é coisa que não interessa e só desmoraliza. Prova disso, são aqueles cidadãos que usam o Facebook, ou recorrem a Tomar a dianteira 3 à falta de melhor, como nesta situação das 4 imagens supra enviadas por mão amiga, que nem sequer pediu para se publicarem. Porca miséria, diriam os italianos se soubessem da triste situação nabantina.
Com autarcas convencidos de que estão a trabalhar com grande sucesso, sem nunca falharem, pelo que não aceitam críticas forçosamente mal intencionadas. Nem outra coisa seria de esperar da parte de quem, como alunos, nunca foram criticados, antes elogiados por coisas comuns e realidades imaginárias. O mal já vem de longe.


domingo, 30 de março de 2025


Autárquicas 2025

CHEGA  a surpreender

Foi a notícia da semana, e só dei por ela na tarde de Domingo, dois dias depois, no Facebook de Nuno Ribeiro. Uma pedrada no plácido charco político nabantino, embora com uma pedra das pequenas, reconheça-se.
Reunidos num restaurante local, membros da concelhia de Tomar do CHEGA, anunciaram a candidatura de Nuno Ribeiro à AMT, de Samuel Fontes à Junta urbana e de João Fernandes a Paialvo. Quanto à candidatura principal, lê-se na citada fonte que "Nesta altura o candidato à Câmara de Tomar ainda não está definido, mas segundo apurámos Caldas Vieira é um dos nomes em cima da mesa."
Poderá estar realmente "em cima da mesa", mas TAD3 sabe de fonte segura que há tempos atrás a dita candidatura esteve bem mais perto, mas acabou inviabilizada por incompatibilidades pessoais com membros do CHEGA de Santarém. Caldas Vieira estará agora a encarar de novo a hipótese? Ou este texto algo extemporâneo de Nuno Ribeiro, é afinal um meio de pressão para o tentar convencer?
Meio de pressão ou não, poderá parecer deselegante em relação a Américo Costa, o actual deputado municipal de CHEGA, que afinal até participou no jantar, tendo feito uma bela intervenção.
Quanto à hipotética candidatura de Caldas Vieira, bem se poderá dizer, no actual contexto, que é um autêntico presente envenenado. Com efeito, a evidente falta de habilidade política do presidente PS substituto, bem como a manifesta incapacidade da oposição PSD para se diferenciar, fazem com que o CHEGA seja um sério candidato ao executivo tomarense. Na melhor das hipóteses com um 3-2-2. Na pior com 3-3-1. 
Cabe lembrar  que em 2021 o Chega conseguiu apenas 6,15% no concelho, mas as coisas mudaram bastante em 2024, nas legislativas, com 20,27% no concelho, 23,32% no distrito e 3 deputados, tal como o PS (27,85%) e o PSD (27,28%).
Em qualquer dos casos, o candidato CHEGA terá de apresentar atempadamente um programa robusto e adequado, não para os potenciais eleitores lerem, que não estão habituados, mas para poder em tempo oportuno saber o que fazer, como fazer e quando fazer. Não vai ser nada fácil, e não me consta que Caldas Vieira, um excelente candidato a candidato, ande em busca de sarna para se coçar.
Entretanto TAD3 contactou Caldas Vieira, que confirmou a situação. Esteve no jantar, e a candidatura à Câmara está mesmo em cima da mesa, faltando contudo limar ainda mais umas arestas.


sábado, 29 de março de 2025



Turismo e reumatismo ideológico

Em Roma, até para ir à Fonte de Trevi 
se passa a pagar dois euros/pessoa

Pela ponta da Europa, onde a terra se acaba e o mar começa, como escreveu o zarolho há cinco séculos, duas notícias retiveram a atenção deste vosso servidor na área da escrita. A nova brigada do reumático, e os 200 mil visitantes nos monumentos e locais geridos pela autarquia.
No caso da nova brigada do reumático, pensei para comigo que quanto mais o país muda, mais estamos na mesma. Há cerca de 60 anos, atrapalhado perante uma inesperada e insistente contestação dos militares, o então chefe de governo convocou para S. Bento todos os brigadeiros e generais, numa espécie de beija-mão forçado e ultrapassado, que ficou conhecido como o episódio da brigada do reumático, que foi apoiar o governo, mas não evitou o 25 de Abril algum tempo depois.
Inconveniente ou vantagem da idade, depende do ponto de vista, foi com espanto que tomei agora conhecimento do regresso à política activa de três fundadores do Bloco de Esquerda (Louçã (68 anos), Fazenda (67 anos) e Rosas (79 anos), como cabeças de lista em círculos eleitorais importantes. É, na minha opinião, a nova brigada do reumático, agora de extrema esquerda, tentando evitar a todo o custo a derrocada eleitoral. Conseguirão?
Enquanto isto, a Câmara tomarense procurou alardear mais uma vitória na área da promoção do turismo, mandando publicar na informação local que em 2024 200 mil visitantes entraram nos monumentos e locais tutelados pelos serviços municipais, todos com entradas gratuitas.
Só algum tempo depois, O Mirante, com sede em Santarém, veio acrescentar que afinal o Convento de Cristo registou 315 mil entradas em 2024, a 15 euros por pessoa, salvo isenções, o que dá um total superior a meio milhão, em vez dos 200 mil anunciados.
Temos assim registados mais de meio milhão de turistas em Tomar. 315 mil pagantes e 200 mil aproveitantes da compra de votos pelos socialistas. E vem a terreiro mais uma vez, a questão dos eventos a pagar e das entradas idem. Sobretudo quanto à Festa dos tabuleiros.
Andam agora todos muito entretidos com a candidatura a património imaterial da UNESCO, que tem  evoluído a passo de caracol com problemas de locomoção, enquanto vão fingindo que esquecem o essencial. A última edição custou à autarquia um milhão e trezentos mil euros, pelo menos, e foi tudo à borla. Nada de entradas pagas, para não se vir a constatar putativamente que no fim de contas os tabuleiros nem atraem assim tanta gente. E para escamotear outras coisas.
Como bem escreveu o Gedeão, o mundo pula e avança, como bola colorida entre as mãos de uma criança, e felizmente nem todos padecem de reumatismo mental na gestão do turismo. Se calhar porque não precisam de comprar votos encapotadamente para se manterem no poder. 
Segundo o Le Monde, uma das principais bíblias da informação mundial, a Câmara de Roma já decidiu. O acesso à conhecida Fonte de Trevi, em plena cidade da qual é símbolo, (ver imagem) vai passar a custar 2 euros por visitante. Decorrem nesta altura estudos para apurar a melhor maneira de cobrar essa taxa de acesso, com um mínimo de perda de tempo.
O governo italiano é de extrema-direita, e mais não sei quantos? É sim senhor. Mas a Câmara de Roma é de esquerda, tal como o nosso PS diz que é.
Tendo em conta tudo indicar nesta altura que os tabuleiros 2027 vão custar mais de dois milhões de euros à autarquia, quem é que ainda pensa ser possível voltar a fazer a festa nos moldes tradicionais, sem entradas pagas?
Tabuleiros à borla, Janela do capítulo a 15 euros? Justiça e equidade, por onde é que vocês andam, no vale nabantino?



sexta-feira, 28 de março de 2025

Imagem alusiva, acrescentada por TAD3.

SDF e outros sem abrigo

"A população em situação de rua no Centro" 

Assis Cavalcante - Presidente da Associação Comercial de Fortaleza CE (CDL)

"O crescente contingente de "pessoas que não têm uma moradia convencional regular e utilizam os logradouros públicos como espaço domiciliar e de sustento", representa desafio social e económico significativo para a gestão municipal. Uma portaria no Diário Oficial da União [Diário da República brasileiro], de Março/2024, mostra que Fortaleza tem 8.404 moradores em situação de rua, numa população superior a 2 milhões. A maior parte (36%) concentra-se sobremodo na Área Regional 12, bairros do Centro, Moura Brasil e Praia de Iracema.
A capital cearense é uma das 59 cidades brasileiras que estão na lista prioritária divulgada pelo Governo Federal para receber apoio técnico no combate à fome e na promoção de alimentação saudável. Somente um conjunto de ações coordenadas, incluindo os governos estadual e municipal, o Ministério Público e a iniciativa privada, poderá reduzir os impactos dessa realidade.
Entendo que a criação de políticas públicas voltadas para a ressocialização e a qualificação profissional, permitirá a reinserção no mercado do trabalho. Que tal fortalecer os centros de acolhimento com capacitação profissional, através da Faculdade CDL? Que o município amplie o número de abrigos temporários e invista na oferta de cursos técnicos e oficinas, para que os indivíduos adquiram novas faculdades.
Parcerias com o setor privado podem mobilizar programas de estágio e aprendizagem, com oportunidades concretas para que os cidadãos conquistem autonomia financeira. Necessário é também orientar melhor a distribuição diária de alimentos no local. Comerciantes do Centro relatam dificuldades decorrentes da falta  de infraestruturas, e do aumento de moradores vulneráveis com reais impactos económicos.
Que a abordagem a essas pessoas seja humanizada, combinando ações de segurança com assistência social, garantindo acesso aos serviços básicos sem comprometer a segurança de comerciantes e consumidores.
Urgem campanhas de conscientização para a sociedade entender a complexidade do problema e contribuir ativamente com soluções. Ações educativas, associadas a programas de voluntariado, podem fortalecer a rede de apoio e gerar uma transformação verdadeira na vida dessa gente.
Que Fortaleza avance na redução da população em situação de rua, com mais dignidade e qualidade de vida para todos."

(Copiado do jornal O Povo de 28/03/2025, página 16)

ADENDA DE TAD3

O Brasil não faz parte da UE. Só recebe ajudas de Bruxelas para a preservação da Amazónia.
Por isso o texto não fala de realojamento, subsídios, rendimento mínimo ou outros abonos, comuns em Portugal e na Europa.  Só menciona formação profissional, alimentação, abrigo temporário e assim.
Há outra explicação possível. A Prefeitura (Câmara) de Fortaleza é do PT - Partido dos Trabalhadores. Seria por isso algo anómalo que um Partido de trabalhadores distribuisse pensões e outros rendimentos a gente que não trabalha nem paga impostos, em muitos casos porque não querem. Ou não?

quinta-feira, 27 de março de 2025

Mais alojamentos sociais na Choromela. Imagem Rádio Hertz com os agradecimentos de TAD3.

Alojamento social e votos na esquerda

O equívoco da maioria PS nabantina

TOMAR - Câmara perde financiamento para construção de habitações em Palhavã mas projeto «não está em perigo», assegura Hugo Cristóvão... que 'aponta o dedo' ao IHRU - Rádio Hertz

O assunto é complexo, por conseguinte difícil de explicar em termos simples e de leitura agradável. Trata-se do alojamento das camadas mais modestas da população. "Direito à habitação", proclamam os comunistas.
Na sequência do ocorrido por essa Europa fora, após a 2ª guerra mundial, em Portugal e com o natural atraso devido à tardia democratização, os partidos de esquerda e extrema-esquerda concluíram que obtinham os melhores resultados eleitorais, já não nos centros industriais com numeroso proletariado, mas sobretudo nas periferias das grandes cidades, nomeadamente nos bairros de alojamento social.
Daqui resultou entre nós, ao nível do país, o incremento na construção de alojamentos sociais, com o realojamento de camadas da população vivendo até então em acampamentos e outras habitações precárias. Como sabemos, em Tomar foram realojadas cerca de 250 pessoas de etnia cigana, que até então viviam num acampamento ilegal no Flecheiro, sem as indispensáveis precauções neste tipo de casos, e quando já se sabia que no Entroncamento, por exemplo, a apenas 20 kms, os sucessivos incidentes e outros percalços já tinham levado a  oposição de direita a votar contra a edificação de alojamentos sociais, devido aos inconvenientes daí resultantes, para os vizinhos e a população em geral. Está n'O Mirante. Basta consultar.
Em Tomar, alheios a toda esta envolvência, como se o vale nabantino fosse um território autónomo em pleno deserto, a maioria PS apostou num ousado plano de construção de habitação, sem ter em conta as normais condições de mercado. 32 alojamentos na Choromela, 12 alojamentos em Marmelais, 60 alojamentos, podendo chegar a 200 junto ao Politécnico, é demasiada fruta numa árvore tão pequena. E o IHRU não esteve pelos ajustes, por uma questão de prudência e caldos de galinha, que nunca fizeram mal a ninguém.
E vieram os dissabores, como sempre acontece com os empreendimentos mal planeados e pior executados. A Câmara acaba de perder o financiamento a 100% para a empreitada de Palhavã, tendo agora de contentar-se com um empréstimo bancário bem mais gravoso. (accionar link  inicial), mas nem assim modera a sua acção manifestamente mal preparada. Porquê?
Em vez de parar para pensar, a seis meses das próximas autárquicas,  os socialistas locais resolvem insistir numa empreitada de alojamento social para a qual não parecem preparados, designadamente para a hipótese de os alojamentos a construir, depois não encontrarem ocupantes socialmente aceitáveis pela restante população, numa terra em que a dita está a diminuir de ano para ano, há mais de duas décadas.
Uma notícia da Hertz, com origem na Câmara, mostra bem o embaraço que reina nas hostes socialistas, embora o não queiram admitir:
"Por outro lado, em andamento está a obra da Choromela, com a construção de 32 fogos também destinados a arrendamento a custos acessíveis, desde logo a jovens casais, e à chamada classe média. Ou seja, nada a ver com habitação social."
Como bem sabem todos os que se interessam pelos problemas do alojamento urbano, há habitação social logo que o arrendamento ou compra estão sujeitos a condições particulares de rendimento mensal, composição da família, estado de saúde, idade ou nacionalidade, e não só às condições do mercado.
Temos assim que, procurando fugir à polémica sobre o eventual realojamento de famílias problemáticas, que afastaria as outras famílias, a Câmara já começa a tentar enganar os cidadãos eleitores mais pacatos, asseverando que "nada a ver com habitação social", quando pelo contrário devia admitir lealmente que se trata disso mesmo, de alojamentos sociais, para quem não pode aceder a outros, por uma infinidade de razões, a principal das quais é a falta de recursos monetários.
Deste embuste camarário só podem resultar mal entendidos de toda a ordem, que desde já aqui se denunciam. A Câmara está neste caso como o sr. Jourdain, de Molière, que durante mais de 40 anos escreveu prosa, convencido de que era poesia. No caso, mandam construir alojamentos que julgam "para a classe média", mas afinal são sociais, com todos os inconvenientes eventuais daí resultantes. Com o tempo logo veremos. Fica o aviso, para memória futura.


quarta-feira, 26 de março de 2025



S. Gregório ainda com o catavento manuelino, desaparecido no tempo do padre Mário Duarte.

Património histórico edificado - Capela de S. Gregório

Usurpar é fácil. O pior é depois.

Ermida de S. Gregório tem o telhado a cair | Tomar na Rede

A notícia está no Tomar na rede, (accionar o link supra) e o respectivo contexto é de tal forma torpe, que hesitei bastante antes de abordar o tema. O problema começa logo no título: "Ermida de S. Gregório tem o telhado a cair", escreve o jornalista, um pouco equivocado. Na verdade aquilo não é uma ermida, que por definição só pode existir num ermo, o que não é o caso, nem nunca foi. Trata-se antes de uma capela, arrabaldina se quisermos ser mais precisos.
Com origem no século XVI, o pequeno templo tem um duplo interesse -a sua forma exterior, com a galilé ou alpendre, e o portal em manuelino tosco. Nacionalizado em 1834, em conjunto com todos os bens das ordens religiosas, o monumento passou para a alçada da Câmara, que detinha a respectiva chave na Comissão de Turismo, até muito recentemente. 
Veio até a servir de arrecadação para as pedras lavradas da capela de S. Miguel, situada ao fundo do Mercado, e que veio a ser demolida para a construção do lavadouro público e central leiteira, no local onde agora está parte da Ponte do Flecheiro. As referidas pedras foram mais tarde transferidas para o museu lapidar da UAMOC, no Claustro da lavagem do Convento de Cristo, onde ainda estão.
A dada altura, em circunstâncias ainda por esclarecer, a Comissão fabriqueira das paróquias urbanas de Tomar descobriu que, tal como os outros monumentos do Estado, a capela de S. Gregório não tinha registo matricial nas Finanças, situação que se compreende, uma vez que, sendo do Estado, não pagam imposto, e se não pagam imposto, para quê o registo de propriedade, que é do domínio público?
Assim não o entenderam alguns servidores das paróquias nabantinas. Liderados pelo falecido padre Mário Duarte, registaram a capela nas Finanças em nome das Paróquias urbanas (ver imagem na notícia do TNR), após o que substituiram no telhado o catavento manuelino em ferro forjado, do século XVI, por um tosco Cristo crucificado em calcáreo da região. Ignora-se ainda hoje onde estará o catavento primitivo.
Já depois da usurpação ou apropriação indevida, uma das cabeceiras da galilé cedeu, e foi a câmara que teve de providenciar o seu escoramento e posterior consolidação. A situação repete-se agora, com o telhado em mau estado, a necessitar reparação urgente. (ver imagens)
Tão lestos a subtrair património público, os piedosos servidores da Igreja, em vez de mandaram reparar os estragos, usam o velho subterfúgio que consiste em alertar para alarmar, e assim conseguir que sejam os poderes públicos a pagar as obras. Os contribuintes do costume...
Já assim aconteceu em S. João Baptista, em que a câmara assumiu quase dois milhões de euros de restauro,  encargo que afinal cabia ao Estado, que tutela aquele monumento, e a maior parte deles em todo o país. Andam agora a preparar nova intervenção camarária, desta vez sem qualquer justificação válida, na parte norte do ex-Convento de S. Francisco, propriedade de legalidade duvidosa de uma associação privada, a Irmandade de S. Francisco de Tomar.
Tudo parece indicar portanto que, reverenciando S. Voto e Nª Srª da Vitória, a Câmara vai meter mãos à obra e mandar arranjar todo o telhado de S. Geegório, apesar da capela ser agora oficialmente um templo privado por usurpação praticada por funcionário público no exercício das suas funções. E não há ainda assim razão assaz forte para protesto, segundo a Câmara, entidade esbulhada que se cala. E quem cala consente. 
Agora, mesmo limpando e reparando todo o telhado, sempre deve ficar mais barato que o concerto dos Xutos & Pontapés, já contratados para final de Outubro. E até é capaz de vir a render mais votos, que em Tomar o rebanho do senhor, por enquanto, é mais numeroso que os admiradores da citada banda...