segunda-feira, 29 de março de 2021

REVENDO CONCEITOS POLÍTICOS

Saraiva Júnior


Todos nós temos virtudes e defeitos. Ao questioná-los, damos o primeiro passo para nos tornarmos pessoas melhores. Qualquer grupo social -associações, sindicatos ou partidos políticos- precisa se auto avaliar e, fundamentalmente, saber considerar as críticas da sociedade. A esquerda não está isenta dessas críticas e avaliações, mesmo porque precisa qualificar-se para melhor servir a sociedade. A volta de Lula à elegibilidade criou o momento propício para revisão de conceitos e atitudes de uma nova fase.
Há um ditado popular que diz "Quer conhecer a bruxa? Dê-lhe a vassoura." Alguns militantes da esquerda, ao assumirem o poder local, regional ou nacional, esquecem suas raízes e bases. A arrogância e a vaidade sobem à cabeça desses pretensos líderes. Passam a enxergar somente as próximas eleições, tal e qual como os velhos políticos que eles tanto criticaram por não largarem o osso. A inevitável dinâmica da vida parece que pegou a esquerda de surpresa.
O avanço tecnológico, as novas formas de relacionamento, o envolvimento e a subtileza de outros conhecimentos e meios técnicos, tudo aponta para os espaços virtuais e as redes sociais. Youtube, Instagram, Facebook, Twitter e Whatsaap vêm causando grande impacto, inclusivé produzindo cegueira. Além disso, os jogos que simulam realidades paralelas tornam-se febre das crianças, adolescentes e adultos. A esquerda, do alto da sua arrogância, ignorou solenemente tais práticas, que são também  ferramentas políticas.
O momento exige rever conceitos de dentro e de fora das alianças partidárias. Algumas perguntas incomodam. Afinal, o que levou a maioria das igrejas evangélicas a voltar-se para direita? Confiaram demais no apoio das antigas comunidades eclesiais de base da igreja católica? Ou será que essas comunidades eclesiais não tinham mais as bases? Repensar estas questões implica um exercício de humildade. Conheci um prefeito, com fama de esquerdista, de uma cidade do interior do Ceará. Ele costumava deixar o bispo diocesano na sala de espera do seu gabinete durante horas.Houve mesmo uma vez em que saiu pela porta dos fundos, com ar de snob.
Estes e outros sintomas de arrogância precisam vir à baila para serem contidos, sob pena de continuarem a fazer estragos. Mas calma! Críticas e autocríticas não querem dizer necessariamente afastamentos.

(Reproduzido do jornal O POVO, Fortaleza - Ceará - Brasil, em 29Março2021)

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