quarta-feira, 31 de março de 2021

 



Política local


DUAS NOTÍCIAS QUE SÃO BOAS E NÃO SÃO

António Rebelo

Quem vive há décadas em Tomar, mesmo que tenha nascido alhures, e conheça um bocadinho o país e o mundo, já terá constatado que somos da terra do "é e não é", "disse e não disse", "agrada e não agrada". Por isso escolhi o cabeçalho supra.
Após meses de extrema acalmia na arena política local, de repente surgem dois candidatos de peso, para encabeçar listas partidárias à partida ultraleves. Fernando Caldas Vieira, pelo CDS-PP, e Nuno Godinho, pelo CHEGA, são ambos tomarenses, ostentam invejáveis qualificações para o cargo a que se candidatam, e têm forçosamente outra mentalidade, pois não são funcionários públicos de carreira, pertencentes ao império dos sentados. Além disso, Godinho foi do PSD durante duas décadas e Caldas Vieira tem ampla experiência de gestão, além de apresentarem respeitáveis credenciais académicas. Vieira vem do Técnico e Godinho é engenheiro informático. Ambos portanto muito acima das corriqueiras licenciaturas ditas "literárias".
São portanto boas noticias? São e não são. 
Trata-se de boas notícias para o eleitorado tomarense, ao abrirem perspetivas até agora julgadas quase impossíveis. Mas são também más notícias para o PS, para o PSD, para os próprios candidatos e para o autor destas linhas.
Para o PS, de Anabela Freitas, com poucos e fracos argumentos ante estes novos candidatos pesos-pesados. Sem ideias nem programa, nem sequer vai poder invocar o benefício da dúvida. Dos seus dois mandatos se não pode dizer, respeitando a verdade, que tenham sido brilhantes. Apenas bons para as coletividades, os ciganos e os sempre em festa. Pode ser pouco para vencer.
Para o PSD, cuja cabeça de lista já anunciada é praticamente, em termos de imagem, um duplo de Anabela Freitas. Com uma agravante: A atual oposição PSD tem conseguido ser ainda mais chocha que a maioria PS, o que à partida era difícil.  Entre o original e a cópia, os eleitores devem preferir o original, julgo eu.
Para os próprios candidatos CDS e CHEGA que,  competentes como consta que são, já se terão dado conta de que vão ser marinheiros experientes e de pulso, mas navegando num mar desconhecido e traiçoeiro, em frágeis e minúsculas embarcações. Risco elevado de naufrágio, por conseguinte.
Finalmente, para este vosso humilde conterrâneo, que desde há meses vinha pugnando por uma ampla coligação de centro-direita em Tomar. Com estas novas candidaturas, tendo em conta que nas autárquicas ganha a presidência quem tiver mais um voto que todos os outros adversários, adeus ampla coligação. Poderá haver, quando muito, alguma coligação de circunstância, negociada à pressa, caso quem vença não disponha de maioria absoluta. Já aconteceu e não se pode dizer que tenha dado bom resultado.
A partir daqui, Anabela Freitas enfrenta o mar alto. Mais alto e encapelado do que decerto esperava. Resta-lhe arranjar argumentos. Um programa robusto e um grande projeto para Tomar, por exemplo. Se assim não fizer, no meu entender, é como costuma disparar o gordo do Preço certo: "Já foste!"

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