ENGANAÇÃO NA POLUIÇÃO DO NABÃO
António Rebelo
Falar da poluição do Nabão em Tomar, é como queixar-se do calor
num país equatorial. Faz parte do quotidiano. É contudo imperioso voltar ao
assunto, devido às recentes declarações do diretor executivo da Tejo Ambiente.
Disse ele, no recente webinar (a nova moda em teleconferência) sobre o Nabão,
que os tomarenses devem ir até ao Agroal e observar a límpida água do rio,
sempre que haja um episódio de poluição em Tomar.
Vindo de quem vem, ou se trata
de uma condenável habilidade, ou da denúncia implícita de uma realidade bem
diferente da que ultimamente nos tem sido vendida. Isto porque, conforme os
leitores estarão lembrados, levou anos de esforços, mas finalmente conseguiu-se
que a presidente da câmara de Tomar admitisse ser a ETAR da Sabacheira a
principal responsável pela poluição do Nabão. Tornou-se até ponto assente o modo
como ocorrem os casos de poluição. Sem separação entre os esgotos domésticos e
os pluviais, sempre que chove, a ETAR da Sabacheira, que serve Ourém, deixa
correr para o rio os efluentes que ultrapassam a sua capacidade de tratamento.
A
antes citada intervenção do responsável da Tejo Ambiente parece pretender
invalidar agora a referida versão, ao sustentar que aquando dos focos de poluição em
Tomar, a água do Nabão corre límpida no Agroal. A ser assim, duas explicações são
possíveis. A primeira está relacionada com a corrente fluvial. Pode bem
acontecer que, quando a poluição chega ao Mouchão e à Ponte velha, já tenha
cessado no Agroal, devido ao natural movimento da água do rio.
A segunda
explicação altera praticamente tudo o que sabem os tomarenses. Significa que
afinal a principal origem da poluição não se situa na ETAR de Seiça, mas nas
suiniculturas do concelho de Tomar, a que já aludiu de forma vaga a presidente
da câmara.
Volta assim à memória o caso das análises à água do rio,
cujos resultados completos nunca foram publicados, ou sequer noticiados. E já
passaram dois longos anos. Porquê? É assim tão difícil determinar se os
coliformes fecais detetados são de origem humana ou não?
É que uma vez conhecida
a resposta, temos a verdadeira origem da poluição, pois não consta que a ETAR de
Seiça também receba efluentes provenientes da suinicultura.
Seja com for, lá para
o próximo Verão poderemos ficar elucidados. Uma vez que não é costume chover
nessa época do ano, se acontecer algum episódio de poluição malcheirosa no
Nabão, não virá de certeza do excesso de carga da ETAR da Sabacheira.
Talvez
então a câmara de Tomar se veja forçada a acabar com a enganação, e a denunciar
nominalmente a ou as suiniculturas tomarenses na origem do problema. Todos têm
direito a ganhar a sua vida, mas desde que o façam no estrito cumprimento da
Lei.
Aflora em paralelo um outro problema, relacionado com a poluição do
Nabão. Agastados com as críticas vindas de todos os quadrantes e setores, tanto
os presidentes de câmara de Ourém e Tomar, como os dirigentes da Tejo Ambiente,
insistiram, e de que maneira, na urgente necessidade de 22 milhões de euros da
Europa, para despoluir QUASE TOTALMENTE a bacia hidrográfica do
Nabão. Infelizmente, há aquele QUASE TOTALMENTE e a lamentável circunstância de
até agora os cidadãos da região abrangida pelo dito plano ignorarem de que se
trata afinal. Que obras estão previstas? Em que concelho ou concelhos? Com que
duração?
Em democracia, nunca é bom pensar que os cidadãos só servem para votar e
para pagar impostos.
Dos 22 M€ 19M€ são para coletores de esgoto no concelho de Ourém, e sómente 3M€ seriam para as 3 ETARS. Já agora o concelho de Ourém pertence à Tejo Ambiente mas a concessão da àgua no concelho não é da Tejo Ambiente , mas de uma empresa privada que tem a concessão, salvo erro até 2027. Será que Ourém aderiu à Tejo Ambiente para todos nós pagarmos os coletores que não fizerem enquanto concelho?
ResponderEliminarUm apontamento o custo com o pessoal na tejo Ambiente é de 3 M€ , o que a dividir por 150 funcionários dá uma média de 20000€ por cabeça !!
ResponderEliminarNão me surpreende. No século XVII, um frade espanhol que visitou o Convento de Cristo, escreveu no seu diário que ali se comia muito bem. Havia 13 pratos diferentes a cada refeição. Daí provém a conhecida frase popular "A ordem é rica e os frades são poucos". Exactamente como na Tejo Ambiente.
EliminarSeria aliás interessante saber o montante das senhas de presença e outros honorários dos seus dirigentes, à cabeça dos quais está a presidente Anabela Freitas, que é pessoa capaz de recusar essas prebendas.
Se assim for, livra-se da sentença "Quem parte e reparte e não fica com boa parte, ou é burro, ou não tem arte".