sábado, 4 de maio de 2024



Casa da água da nascente da Porta de Ferro, nos Brasões, com árvores e arbustos na parte exterior da abóbada, e a partir de onde a água deixa de correr no aqueduto.

Recuperação do Aqueduto dos Pegões

De onde vem o perigo para a democracia? Do Chega! ou dos aprendizes de salazarismo que chegaram ao executivo municipal?


Pode ler-se por aí, em periódicos tão sérios quanto o Público ou o Expresso, que os partidos de extrema-direita, como o Chega! são um perigo para a nossa jovem democracia, e fica-se preocupado. Realmente, se assim é, que soluções para o problema, uma vez que o partido de Ventura conseguiu mais de um milhão de votos, num país de nove milhões de eleitores?
Enquanto isto, em Tomar, conhecida terra de rurais tacanhos do centro do país, o Chega! apresentou no parlamento municipal, em 15 de Abril 2024, uma moção propondo a recuperação integral do Aqueduto dos Pegões, a qual foi aprovada por maioria, incluindo portanto os votos favoráveis do PSD. Eis os seus pontos principais:

"1 - Seja aprovado um plano de restauro estruturado e abrangente para o Aqueduto dos Pegões, visando a sua recuperação integral...
2 - Sejam alocados os recursos financeiros necessários para a realização deste projecto, buscando apoios de entidades governamentais, regionais e internacionais, bem como parcerias público-privadas, se necessário
3 - Seja constituída uma comissão especializada para acompanhar e fiscalizar o processo de restauro, assegurando a transparência e a eficácia das ações desenvolvidas."

Confrontado com esta decisão maioritária do parlamento municipal, que representa oficialmente todo o concelho, o presidente Hugo Cristóvão terá dito, segundo fonte fidedigna, que o executivo camarário não tenciona implementá-la, porque a autarquia não tem verbas disponíveis, e por se tratar de uma decisão não vinculativa da Assembleia Municipal, acrescentando que é apenas uma opinião partilhada maioritariamente sob a forma de recomendação.
Sendo assim, cabe perguntar:
A - Se as decisões votadas por maioria, no parlamento municipal livremente eleito, são apenas recomendações não vinculativas, então a Assembleia Municipal na prática serve para quê? Para os deputados municipais se irem entretendo e embolsando umas magras senhas de presença?
B - Se a maioria socialista na autarquia tomarense só faz aquilo que entende, não se sentido obrigada a cumprir as deliberações maioritárias do parlamento municipal, onde reside em Tomar o tal perigo para a democracia, tão temido por alguma informação de topo? No partido Chega! que consegue ver aprovada uma moção para recuperar um bem patrimonial importante? Ou nos aprendizes salazaristas do executivo municipal, que se estão marimbando para as decisões aprovadas democraticamente pelo parlamento autárquico?
Que se saiba, a ditadura começa quando os executivos deixam de obedecer às normas democráticas, recusando implementar deliberações votadas por maioria em parlamentos eleitos livremente. O resto são tretas para ir ornamentando uma realidade cada vez mais sombria e, bem vistas as coisas, nefasta para todos. Mas não há piores cegos do que aqueles que não querem ver. 
A oposição representada no executivo, não tem nada a dizer sobre esta matéria? Entenderão os vereadores PSD que já nem vale a pena protestar, por terem a sensação pouco confortável de "falar para o boneco"? 
Embora por vezes possa parecer que não, o povo gosta sempre de perceber estas coisas. E "o povo é quem mais ordena", ao fazer a cruzinha no boletim de voto. Convém não esquecer, porque "elas cá se fazem e cá se pagam". Depois não se venham queixar que o Chega! vai crescendo porque o eleitorado vota mal...


5 comentários:

  1. Bom dia Professor. Já agora tenho curiosidade em saber se a fonte secou mesmo ou se a mesma se encontra assoreada, como me disseram. Sabe alguma coisa?

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    1. Como bem sabe, pois tem casa na zona, há 4 nascentes e seria muito estranho que secassem as quatro ao mesmo tempo. O que parece ter secado é a vontade dos responsáveis para recuperar todo o conjunto. Ficavam os agricultores da zona sem água, mas salvava-se a mata e o pomar do castelo, restabelecendo-se a situação que se manteve durante mais de três séculos.
      Quanto ao caso específico a que se refere, da nascente da Porta de ferro, por enquanto ainda não consegui apurar o que se passa. Há a solidariedade natural entre os que beneficiam com o desvio ilegal da água. Quem está bem não se quer pôr mal.

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    2. Mas pense nisto, Professor: os agricultores, se é que lhe podemos chamar assim porque não éa profissão deles, aquilo é um entretém, um part-time, não precisam de regar 24/07. Se as fontes não tivessem secado, e é provável que elas voltem a brotar água devido á chuva intensa, os agricultores nem tinham onde armazenar tanta água, tinham de a deixar verter para algum lado. Mesmo as barragens, que servem para armazenar água, têm um limite de capacidade, depois têm de abrir as comportas. Era impossível os "agricultores" desviarem a água, armazená-la e não deixar rasto, é completamente impossível. Os agricultores só regam no Verão!!! Eu estive lá á pouco mais de um mês e corria lá muita água por causa da chuva, choveu muito.

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    3. Tem razão. Mas a prioridade agora é forçar a DGPC, que é a dona do aqueduto e do Convento, bem como a Câmara, na qualidade de defensora da população, a assumirem a responsabilidade pela requalificação integral do aqueduto, o que vai implicar forçosamente o estudo cuidado da situação, indispensável para depois fazer o projecto. Então se saberá o que houve e qual é realmente a situação, antes de iniciar as obras propriamente ditas. Assim é que não pode continuar, porque perdemos todos, mesmo os que pensam estar a ganhar alguma coisinha.

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  2. Que eu saiba um milhão de burros não consegue fazer um inteligente.

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