quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Assédio sexual, tradução aproximada e jornalismo assim-assim

Le Monde, para visualizar clique aqui

SEXUALITÉ - "Le viol est un crime. Mais la drague insistante ou maladroite n'est pas un délit, ni la galanterie une agression machiste", écrit un collectif de 100 femmes dans Le Monde de ce 9 janvier 2018. Dans cette tribune, ces femmes s'inquiètent de la "libération de la parole" qui a suivi l'affaire Weinstein qui "se retourne aujourd'hui en son contraire: on nous intime de parler comme il faut, de taire ce qui fâche, et celles qui refusent de se plier à de telles injonctions sont regardées comme des traîtresses, des complices!"

"Numa altura em que os movimentos de apelo às denúncias de assédio sexual têm estado no centro das atenções mediáticas - há novos casos quase todos os dias, criam-se fundos de apoio e vestem-se passadeiras vermelhas de negro -, começam também a ouvir-se vozes críticas sobre “esta nova vaga de puritanismo”. Numa carta assinada por cerca de 100 mulheres do meio artístico francês, incluindo as atrizes Catherine Deneuve, Catherine Millet e Ingrid Caven, critica-se o que é considerado “uma caça às bruxas”. “A violação é um crime, mas tentar seduzir alguém, mesmo que de forma persistente, não é. Assim como não é machismo um homem ser cavalheiro”, pode ler-se."
Marta Gonçalves

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Catherine Deneuve

É um caso singular, que mostra onde já chega a crise do jornalismo em Portugal. Os leitores deste blogue sabem que já me tenho insurgido contra a informação que por vezes se faz em Tomar. Pois chega agora a vez de constatar com tristeza que até no insuspeito e prestigiado EXPRESSO, as coisas por vezes já não são bem o que já foram.
Para não alargar demasiado a prosa, faça favor de ler ou tentar ler o negrito do primeiro texto e a sua tradução publicada no EXPRESSO. Depois leia esta proposta de tradução do autor destas linhas e tire as suas conclusões:
"A violação é um crime. Mas a sedução insistente ou desajeitada não é um delito, nem o galanteio uma agressão machista."
Resta acrescentar que há outros problemas, para além da tradução. Este, por exemplo, que denota má vontade: No original francês está escrito, na 2ª linha, "um colectivo de 100 mulheres..." Na versão portuguesa do EXPRESSO pode ler-se, na 5ª linha, "numa carta assinada por cerca de 100 mulheres". Afinal são cem em França e só cerca de cem em Portugal? Porquê?

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Pior fiz eu, mas não admira. Quando se patina muito na língua materna, como é o meu caso... Afigurações.
    Num pequeno post na minha página FB sobre o tema traduzi assim:
    ""A violação é um crime, mas o engate insistente e desajeitado não é um crime, nem a galanteria é uma agressão machista".
    Ao ler a tua tradução deu-me quase um chilique: "Engate"? Que mau gosto.
    Lá está, quem sabe sabe, e fui de imediato corrigir. Obrigadinho.

    Faz-me lembra a história do "agarrado". Uma vez ao redigir uma carta comercial a um cliente deu-me na bolha de escrever isto: "conforme documentos agarrados", em vez de anexos. Tratava-se de um pequeno contencioso e a documentação seguiu para a gerência. Um diretor telefonou-me: "Ó sr. Templário, que história é esta de documentos agarrados?!". Fiquei mudo.

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