sábado, 6 de janeiro de 2018

Política municipal à moda nabantina

Segundo a Rádio Hertz aqui "O executivo PS vai apresentar a mesma proposta de Orçamento dos SMAS. E é certo que passa na Câmara ...e na Assembleia". Esta é naturalmente a informação que foi passada à Hertz pela senhora presidente, mas na verdade as coisas podem não ser assim tão simples, sendo que a aprovação na Assembleia nem sequer é ainda trigo limpo. 
Indo por partes. Perante o inesperado e para ela chocante chumbo do orçamento dos SMAS, Anabela Freitas tinha duas vias possíveis -ou negociava, ou insistia no "quero, posso e mando". Optou pela segunda e resolveu transmiti-la aos seus porta-vozes habituais. Fez mal. Reforçou assim a posição da oposição, que naturalmente vai manter-se coesa, até por uma questão de coerência. A vaga alusão à eleita do BE é apenas para enfeitar, sabido como é que a geringonça não funciona em Tomar.
Resta assim à executiva maioria socialista, que na verdade é Anabela Freitas + três, a hipótese de substituir Arlindo Nunes na votação. Sucede que a política não é, ou não devia ser, nem para deslumbrados, nem para convencidos. No caso em apreço, antes de avançar triunfalmente com a hipótese da substituição em causa, convinha ter pensado um bocadinho.
Arlindo Nunes não foi eleito para a Assembleia Municipal. Faz parte dela como deputado, mas por inerência de função. Por ser presidente de uma junta de freguesia. Como melhor saberão os especializados em direito, só poderá portanto ser substituído por outro presidente de junta e não pelo seguinte na lista, como aconteceria com um eleito para a AM. Assim, para o poderem substituir na sessão que vai ser convocada, terá de haver antes uma reunião da Assembleia de Freguesia da Beselga e Madalena para, a requerimento do próprio presidente Arlindo Nunes, constatar a sua indisponibilidade e proceder à sua substituição temporária. Só então o seu substituto, após ter tomado posse na Junta, estará em condições de tomar posse como membro da AM e participar no tal voto tão ambicionado. Que poderá ser favorável ou não... 
Caso a maioria socialista considere que tudo isto é demasiado complicado e opte por agilizar a tramitação legal, pode vir a suceder que a oposição aproveite o ensejo para mostrar que não anda a dormir, alegando irregularidades processuais para impugnar a decisão votada, caso esta lhe não convenha.
Em política, a "força bruta" só resulta em regimes ditatoriais, coisa que já não se usa nas margens nabantinas. Mas às vezes parece.

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